esperteza

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ENXERTIA DE MUDA DE TOMATE


MUITO INTERESSANTE ESSA TÉCNICA 
ENXERTO FEITO COM A MUDA DO TOMATE 
EVITA A MUCHA NO TOMATEIRO E OUTRAS DOENÇAS 

quarta-feira, 5 de março de 2014

COMO CULTIVAR TOMATES

   1   Sistema cultivo de tomates em hidropônica

1.      Introdução
2.      Tipos de Sistemas
3.      Principais Vantagens e Desvantagens do Sistema Hidropônico
3.1  Vantagens
3.2  Desvantagens
4.      A Técnica do Filme Nutriente (NFT)
4.1  Sistema Hidráulico
4.1.1 Reservatório
4.1.2 Escolha do Conjunto Moto-bomba
4.1.3 Regulador de Tempo ou Timer
4.2 Estufas
4.3 Bancadas
4.3.1 Canais de cultivo
4.4 Plantas que podem ser cultivadas pelo Sistema NFT
5. Aeroponia
5.1 Aeroponia Horizontal
5.2 Aeroponia Vertical
6. Sistema DFT (Deep Film Technique) ou Floating ou Piscina
7. Nutrição Mineral das Plantas
7.1 Elementos Essenciais
7.3 Solução Nutritiva
7.3.1 Sugestões de Soluções Nutritivas
7.3.2 Preparo da Solução Nutritiva
7.3.3 Manejo da Solução Nutritiva
8. Produção de Mudas para Hidroponia
9. Doenças e Pragas na Hidroponia

10. Referências Bibliográficas

1.      Introdução
A Hidroponia é uma técnica bastante difundida em todo o mundo e seu uso está crescendo em muitos países. Sua importância não é somente pelo fato de ser uma técnica para investigação hortícola e produção de vegetais; também está sendo empregada como uma ferramenta para resolver um amplo leque de problemas, que incluem tratamentos que reduzem a contaminação do solo e da água subterrânea, e manipulação dos níveis de nutrientes no produto.
A hidroponia ou hidropônica, termos derivados de dois radicais gregos (hydor, que significa água e ponos, que significa trabalho), está-se desenvolvendo rapidamente como meio de produção vegetal, sobretudo de hortaliças sob cultivo protegido. A hidroponia é uma técnica alternativa de cultivo protegido, na qual o solo é substituído por uma solução aquosa contendo apenas os elementos minerais indispensáveis aos vegetais. (Graves, 1983; Jensen e Collins, 1985; Resh, 1996, apud Furlani et. al., 1999).
Apesar do cultivo hidropônico ser bastante antigo, foi somente em meados de1930 que se desenvolveu um sistema hidropônico para uso comercial, idealizado por W. F. Gericke da Universidade da Califórnia.
Segundo Donnan (2003), a primeira produção efetiva de grande escala não ocorreu até a Segunda Guerra Mundial. O exército dos EEUU estabeleceu unidades hidropônicas por inundação e drenagem, em várias ilhas áridas dos Oceanos Pacífico e Atlântico, usadas como pontos de aterrissagem. Isto foi seguido por uma unidade de 22 hectares (55 acres) em Chofu, Japão, para alimentar com hortaliças frescas as forças de ocupação. No entanto, o uso desta técnica sobre circunstâncias normais provou não ser comercialmente viável. Uma vez que Chofu fechou, apenas restaram um punhado de pequenas unidades comerciais disseminadas ao redor do mundo, totalizando menos de 10 hectares.
Em 1955 foi fundada a Sociedade Internacional de Cultivo Sem Solo (ISOSC) por um pequeno grupo de dedicados cientistas. Naqueles primeiros anos, freqüentemente estiveram sujeitos ao ridículo por perseguirem uma causa que comercialmente foi considerada inútil e irrelevante.
O primeiro uso comercial significativo não ocorreu até a metade da década de 1960, no Canadá. Existia uma sólida indústria de estufas de vidro em Columbia Britânica, principal produtor de tomates, que chegou a ser devastado por enfermidades do solo. Eventualmente, a única opção para sobreviver foi evitando o solo, pelo uso da hidroponia. A técnica que usaram foi rega por gotejamento em bolsas de serragem. Os recentes avanços técnicos também ajudaram especialmente ao desenvolvimento de plásticos e fertilizantes. No decorrer desta década, houve um aumento de investimento na investigação e desenvolvimento de sistemas hidropônicos. Também houve um pequeno aumento gradual na área comercial que estava sendo utilizada.
O seguinte maior avanço veio como resultado do impacto da crise do petróleo, sobre o custo de calefação da indústria de estufas em rápida expansão na Europa. Devido ao enorme incremento nos custos da calefação, os rendimentos chegaram a ser ainda mais importantes, assim os produtores e investigadores começaram a ver a hidroponia como um meio para melhorar a produção. Na década de 1970, o cultivo em areia e outros sistemas floresceram e logo desapareceram nos Estados Unidos. O  sistema NFT (Nutrient Film Technique) foi desenvolvido, assim como o meio de crescimento denominado lã de rocha. Por volta de 1979, o grande volume de produção em estufas continuou aumentando. A nível mundial a área hidropônica esteve ao redor de apenas 300 hectares (75 acres).
A detecção de níveis significativos de substâncias tóxicas nas águas subterrâneas em regiões da Holanda em 1980, resultou no uso de esterilização do solo em estufas sendo progressivamente proibido. Isto levou a um rápido abandono do solo, através da hidroponia, a técnica mais popular foi lã de rocha alimentada por regas por gotejamento.
Seguindo os evidentes êxitos na Holanda, houve uma rápida expansão na produção hidropônica comercial em muitos países ao redor do mundo. Utilizando sistemas que diferem amplamente de país a país, a área mundial hidropônica aumentou cerca de 6.000 hectares (15.000 acres) no ano de 1989. A hidroponia agora foi alterada de uma “curiosidade irrelevante” a uma significativa técnica hortícola, especialmente em segmentos de flor cortada e hortaliças para saladas.
Através dos anos 1990, a expansão continuou ainda que a taxa de incremento tenha diminuído notavelmente no norte da Europa. Alguns países tais como Espanha, se desenvolveram muito nos últimos anos, e não sabemos se a área hidropônica de algum país tenha diminuído nesta década.
No lado técnico, estão sendo usados uma ampla gama de substratos incluindo alguns novos. Se desenvolveram um número de versões modificadas de técnicas já existentes, mas nenhuma teve maior impacto. Sem dúvida, os equipamentos de rega e equipamentos de controle e as técnicas têm melhorado muito, como ter métodos de desinfecção de soluções nutritivas recirculantes. No entanto, não apareceu uma nova técnica hidropônica significativa nos últimos 20 anos.
O cultivo sem solo proporciona um bom desenvolvimento das plantas, bom estado fitossanitário, além das altas produtividades quando comparado ao sistema tradicional de cultivo no solo. Quando utiliza apenas meio líquido, associado ou não a substratos não orgânicos naturais, pode-se utilizar o termo cultivo ou sistema hidropônico (Castellane e Araujo, 1995).
Segundo Furlani et. al. (1999), no Brasil, tem crescido nos últimos anos o interesse pelo cultivo hidropônico, predominando o sistema NFT (Nutriente film technique). Muitos dos cultivos hidropônicos não obtêm sucesso, principalmente em função do desconhecimento dos aspectos nutricionais desse sistema de produção que requer formulação e manejo adequados das soluções nutritivas. Outros aspectos que interferem igualmente nos resultados relacionam-se com o tipo de sistema de cultivo. Para a instalação de um sistema de cultivo hidropônico, é necessário que se conheça detalhadamente as estruturas básicas que o compõem (Castellane e Araujo, 1994; Cooper, 1996; Faquin et. al., 1996; Martinez e Silva Filho, 1997; Furlani, 1998). Os tipos de sistema hidropônico determinam estruturas com características próprias, entre os mais utilizados estão:
a)    Sistema NFT (Nutrient film technique) ou técnica do fluxo laminar de nutrientes: composto basicamente de um tanque de solução nutritiva, de um sistema de bombeamento, dos canais de cultivo e de um sistema de retorno ao tanque. A solução nutritiva é bombeada aos canais e escoa por gravidade formando uma fina lâmina de solução que irriga as raízes.
b)   Sistema DFT (Desp film technique) ou cultivo na água ou “floating”: a solução nutritiva forma uma lâmina profunda (5 a 20 cm) na qual as raízes ficam submersas. Não existem canais, e sim uma mesa plana em que a solução circula por meio de um sistema de entrada e drenagem característico.
c)    Sistema com substratos: para a sustentação de hortaliças frutíferas, de flores e outras culturas, cujo sistema radicular e cuja parte aérea são mais desenvolvidos, utilizam-se canaletas ou vasos cheios de material inerte, como areia, pedras diversas (seixos, brita), vermiculita, perlita, lã-de-rocha, espuma fenólica ou espuma de poliuretano; a solução nutritiva é percolada através desse material e drenada pela parte inferior dos vasos ou canaletas, retornando ao tanque de solução.
Na hidroponia, cujos sistemas são mais caros e exigentes no manejo, as expectativas de produção em quantidade, qualidade e segurança são maiores do que nas culturas que são produzidas de forma tradicional. Uma vez que na hidroponia, a planta encontra, em ótimas condições, os elementos que necessita (água, nutrientes, oxigênio, etc.), pode haver grandes oscilações de produção, dependendo do controle correto ou incorreto dos fatores de produção fornecidos à planta.
Como o objetivo do presente trabalho é promover a técnica, é importante esclarecer que a hidroponia não é estática, não exibe resultados matemáticos, pois se está trabalhando com vida. O fator biológico é por si só, variável, dinâmico e está sempre em evolução. Portanto, muito mais se aprenderá com a prática do que com a simples leitura deste trabalho.
2.      Tipos de Sistemas
A maioria das plantas têm o solo como o meio natural para o desenvolvimento do sistema radicular, encontrando nele o seu suporte, fonte de água, ar e minerais necessários para a sua alimentação e crescimento. As técnicas de cultivo sem solo substituem este meio natural por outro substrato, natural ou artificial, sólido ou líquido, que possa proporcionar à planta aquilo que, de uma forma natural, ela encontra no solo (Canovas Martinez apud Castellane e Araújo, 1995).
Existem diversos tipos de sistemas de cultivo sem solo variando de acordo com a estrutura, substrato e fornecimento de oxigênio:
a) Sistemas com meios Inorgânicos
     * Lã de Rocha (57%). É um meio manufaturado por fusão de lã de rocha, o qual é transformado em fibras e usualmente prensado em blocos e pranchas. Sua principal característica é que contém muitos espaços vazios, usualmente 97%, isto permite absorver níveis muito altos de água, enquanto que também um bom conteúdo de ar. A lã de rocha também é usada freqüentemente como pequenos blocos iniciadores para ser transplantados em outros substratos ou em sistemas baseados em água. É o principal meio usado donde existe uma fábrica perto. É um material caro quando se compara localmente com meios disponíveis mais baratos.
* Areia. Chegou a ser popular como meio hidropônico no início dos anos 70, especialmente nos EEUU, onde foi desenvolvido camas compridas e profundas de cultivo de areia. Se estabeleceram grandes unidades no Sul dos EEUU mas depois fecharam. Também se estabeleceram unidades em vários países desérticos do Médio Oriente. Esta foi a técnica original usada quando se estabeleceu o Land Pavilion en Epcot Center de Walt Disney na Flórida. Um grande problema experimentado com a técnica foi manter sobre controle enfermidades de raízes, motivo pelo qual agora é raramente usado.
Por anos se usaram bolsas de areia de certo grau em muitos países; no entanto, têm existido uma grande onda recentemente em seu uso, devido que está sendo a base de uma rápida expansão na produção de tomate hidropônico na Espanha.
Areia é um termo geral e deveria ser especificado mais estreitamente quando se destina para uso hidropônico. A areia de quartzo é usada, não a de tipo calcário (pedra caliça e areias de praia), as quais dariam severos problemas de pH. O tamanho da partícula e simetria também são propriedades importantes.
* Perlita. Feita por aquecimento de lã de rocha em água, a qual se expande muito para dar partículas aeradas. Primeiro foi usada na Escócia em torno de 1980, seu uso se difundiu por vários países especialmente onde é fabricado localmente. Seu uso é significativo mas relativamente menor; na Coréia seu uso alcança 112 hectares ou 41% da área hidropônica coreana.
* Escória. É uma rocha ligeiramente aerada, natural conhecida com vários nomes: “tuff” em Israel e “picón” en Ilhas Canárias. Ainda que é um meio efetivo, é pesado (800 kg/m3) e portanto só é usado onde é um recurso local.
* Pumecita. É uma rocha vulcânica natural, leve e aerada, a qual é um bom meio de crescimento. Normalmente é usada onde existe em quantidade disponível, como em Nova Zelândia. Existem grandes depósitos na Islândia e recentemente estão sendo exportados para a Europa.
* Argila Expandida. É relativamente cara e tem sido usada principalmente em hidrocultivo e por estudiosos. Recentemente existe algum uso comercial limitado na Europa para cultivos de crescimento alto, como as rosas.
* Vermiculita. Foi anunciada anos atrás mas agora não se usa comercialmente, só em poucas misturas. (Donnan, 2003).
b) Sistemas com Meios Orgânicos
    
* Serragem. Foi um dos primeiros meios usados comercialmente, ainda é usado no Canadá, onde recentemente, só tem sido ultrapassado em popularidade pela lã de rocha. Também é o principal meio no Sul da África e Nova Zelândia e é usada em certo grau em outros países, incluindo Austrália. A serragem usada é grossa, não descomposta, de origem conhecida e se cultiva só para uma estação.
* Musgo. Foi um dos primeiros meios tratados e não é considerado por alguns como meio hidropônico. É usado em certo grau em muitos países que possuem uma quantidade disponível de qualidade, e é o principal método usado na Finlândia e Irlanda. Seu uso é enorme dentro da indústria.
* Fibra de Coco. Recentemente tem sido adicionado favoravelmente como meio hidropônico. Gozou de alguns primeiros êxito,s mas agora seu uso parece estar estabelecido. Existe uma quantidade significativa usada na Holanda e um pequeno uso em outros países. Um aspecto importante é que a qualidade varia consideravelmente entre provedores, principalmente relacionado a conteúdo de sais.
* Produtos de Espuma. Se tem usado vários tipos e marcas de espuma, freqüentemente com bom resultado e alguns por mais de 20 anos, mas seu uso ainda está limitado. Têm sido vistos pelos produtores como muito caros. Alguns destes meios ainda têm potencial.
* Produtos de Madeira Processada. Tem-se produzido e vendido este produto mas seu uso não dá resultado em extensões significativas.
* Gel. Se tem produzido, provado e promovido um determinado número de polímeros de gel mas a maioria tem desaparecido do mercado sem haver sido aceitado pelos produtores (Donnan, 2003).
c) Sistemas Baseados em Água
    
* NFT (Técnica de Película Nutriente) (5%). Foi desenvolvido na Inglaterra na década de 1970. Este sistema recircula uma fina película de solução nutritiva nos canais de cultivo. Foram provados comercialmente um amplo número de cultivos e, como resultado de uma ampla difusão publicitária, o NFT foi provado em muitos países. Uma vez que se estabeleceu, a técnica provou ser útil para a produção de tomates, e para cultivos de curto crescimento como a alface. Cultivos como o melão tem dado problemas e no mundo só são produzidos por produtores experientes.
* Cultivo em Água (3%). O sistema Gericke usou um tanque de concreto cheia de solução nutritiva. Existem muito poucos destes sistemas hoje em dia, mas alguns derivados deste sistema são significativos em alguns países.
A principal técnica comercial é a Técnica de Fluxo Profundo (DFT, Deep Flow Technique), onde pranchas de poliestireno flutuam sobre uma solução nutritiva aerada por recirculação. Este é o principal sistema no Japão com 270 hectares, de cultivos de folha principalmente. Outros países onde seu uso é significativo, se encontram na Ásia, com seu uso predominante em cultivos de hortaliças de folha.
* Cultivo em Cascalho (1%). Está incluído por sua conexão histórica e é classificado como um sistema baseado em água porque sempre se usou como uma técnica de recirculação, como contínuo ou como inundação e drenagem. Existem poucos dos sistemas de canais originais abandonados no mundo e o uso do cascalho quase todo é em sistema híbridos. O mais comum é a Técnica de Fluxo em cascalho (GFT, Gravel Flow Technique), onde os canais de NFT são cobertos com uma capa de 50 mm (2 polegadas) de cascalho.
* Aeroponïa (0,2%). É uma técnica onde as raízes estão suspendidas em uma neblina de solução nutritiva. Várias formas desta técnica tem sido provadas por mais de 20 anos. Atraiu muita publicidade e existem um número de sistemas para aficcionados que estão sendo vendidos. Sua realidade comercial é tal que só se tem reportado 19 hectares na Coréia. Seu uso está limitado a um punhado de pequenas operações espalhados pelo mundo.
Quadro 01 –      Porcentagem Estimada da Área Total para Diferentes Sistemas Hidropônicos.
Sistemas Hidropônicos
Sistemas
Porcentagem
Lã de rocha
57%
Outros meios inorgânicos
22%
Substratos orgânicos
12%
NFT
5%
Cultivo em água
3%
Técnicas em cascalho
1%
Total
100%
Fonte: Donnan (2003).
3.      Principais Vantagens e Desvantagens do Sistema Hidropônico
3.1  Vantagens
·      Produção de melhor qualidade: pois as plantas crescem em um ambiente controlado, procurando atender as exigências da cultura e com isso o tamanho e a aparência de qualquer produto hidropônico são sempre iguais durante todo o ano.
·      Trabalho mais leve e limpo: já que o cultivo é feito longe do solo e não são necessárias operações como arações, gradagens, coveamento, capinas, etc.
·      Menor quantidade de mão-de-obra: diversas práticas agrícolas não são necessárias e outras, como irrigação e adubação, são automatizadas.
·      Não é necessária rotação de cultura: como a hidroponia se cultiva e meio limpo, pode-se explorar, sempre, a mesma espécie vegetal.
·      Alta produtividade e colheita precoce: como se fornece às plantas boas condições para seu desenvolvimento não ocorre competição por nutrientes e água, e além disso, as raízes nestas condições de cultivo não empregam demasiada energia para crescer antecipando o ponto de colheita e aumentando a produção.
·      Menor uso de agrotóxicos: como não se emprega solo, os insetos e microorganismos de solo, os nematóides e as plantas daninhas não atacam, reduzindo a quantidade de defensivos utilizada.
·      Mínimo desperdício de água e nutrientes: já que o aproveitamento dos insumos em questão é mais racional.
·      Maior higienização e controle da produção: além do cultivo ser feito sem o uso de solo, todo produto hidropônico tende a ser vendido embalado, não entrando em contato direto com mãos, caixas, veículos, etc.
·      Melhor apresentação e identificação do produto para o consumo: na embalagem utilizada para acondicionamento dos produtos hidropônicos pode-se identificar a marca, cidade de origem, nome do produtor ou responsável técnico, características do produto, etc.
·      Melhor possibilidade de colocação do produto no mercado: por ser um produto de melhor qualidade, aparência e maior tamanho, torna-se um produto diferenciado, podendo agregar à ele melhor preço e comercialização mais fácil.
·      Maior tempo de prateleira: os produtos hidropônicos são colhidos com raiz, com isso duram mais na geladeira.
·      Pode ser realizado em qualquer local: uma vez que seu cultivo independe da terra, pode ser implantado mais perto do mercado consumidor.
3.2  Desvantagens
·      Os custos iniciais são elevados, devido a necessidade de terraplenagens, construção de estufas, mesas, bancadas, sistemas hidráulicos e elétricos. Dependência grande de energia elétrica. O negócio para ser lucrativo exige conhecimentos técnicos e de fisiologia vegetal. Em um sistema fechado, com uma população alta de plantas, poucos indivíduos doentes podem contaminar parte da produção. Exige rotinas regulares e periódicas de trabalho (Carmo Jr., 2003).
·      O balanço inadequado da solução nutritiva e a sua posterior utilização podem causar sérios problemas às plantas. O meio de cultivo deve prover suporte às raízes e estruturas aéreas das plantas, reter boa umidade e, ainda, apresentar boa drenagem, ser totalmente inerte e facilmente disponível. Somente materiais inertes podem entrar em contato com as plantas (toxidez de Zn e de Cu poderão ocorrer, caso presentes nos recipientes). É essencial boa drenagem para não haver morte das raízes (Castellane e Araújo, 1995).
·      Emprego de inseticidas e fungicidas: No início do emprego da hidroponia, para fins comerciais, se propagava que não ocorriam pragas e doenças no referido sistema de cultivo. Hoje, sabe-se, que se pode ter esses problemas na instalação hidropônica, embora em muito menor grau em comparação com o sistema convencional. Entretanto, a decisão quanto ao uso de inseticidas e fungicidas sempre é muito difícil. Deve-se, sempre, procurar alternativas menos agressivas à saúde e ao ambiente, evitando, ao máximo, o uso de produtos químicos. Pois, caso contrário, o método perde um dos atrativos de comercialização (Teixeira, 1996).
·      Os equipamentos necessários para trabalhar as culturas hidropônicas devem ser mais precisos e sofisticados que para o solo, portanto, mais caros de aquisição, instalação e manutenção. A falta de inércia dos sistemas hidropônicos torna-os vulneráveis perante qualquer falha ou erro de manejo. Também a fiabilidade das instalações e automatismos atuais é alta, não se devendo esquecer que, para um sistema deste tipo, alguma avaria teria conseqüência muito mais grave que na agricultura tradicional
4.      A Técnica do Filme Nutriente (NFT)
Segundo Bernardes (1997), o sistema NFT é uma técnica de cultivo em água, no qual as plantas crescem tendo o seu sistema radicular dentro de um canal ou canaleta (paredes impermeáveis) através do qual circula uma solução nutritiva (água + nutrientes).
O pioneiro dessa técnica foi Allen Cooper, no Glasshouse Crop Research Institute, em Littlehampton (Inglaterra), em 1965. NFT é originário das palavras NUTRIENT FILM TECHNIQUE, que foi utilizado pelo Instituto inglês para determinar que a espessura do fluxo da solução nutritiva que passa através das raízes das plantas deve ser bastante pequeno (laminar), de tal maneira que as raízes não ficassem totalmente submergidas, faltando-lhes o necessário oxigênio.
Tradicionalmente, o Brasil vem utilizando para a montagem dos canais telhas de cimento amianto ou tubos de PVC, que são materiais tradicionais na construção civil brasileira, fáceis de se encontrar e com preços razoáveis.
No sistema NFT não há necessidade de se colocar materiais dentro dos canais, como pedras, areia, vermiculia, argila expandida, palha de arroz queimada; dentro dos canais somente raízes e solução nutritiva.
O sistema NFT funciona da seguinte maneira: a solução nutritiva é armazenada em um reservatório, de onde é recalcada para a parte superior do leito de cultivo (bancada) passando pelos canais e recolhida, na parte inferior do leito, retornando ao tanque, conforme Figura 01 (Teixeira, 1996).




Figura 01 – Esquema Básico para Instalação de Hidroponia no Sistema NFT
4.1  Sistema Hidráulico
O sistema hidráulico é responsável pelo armazenamento, recalque e drenagem da solução nutritiva, sendo composto de um ou mais reservatórios de solução, do conjunto moto-bomba e dos encanamentos e registros (Furlani et. al., 1999).
4.1.1 Reservatório
Os reservatórios ou tanques de solução podem ser construídos de material diverso, como plástico PVC, fibra de vidro ou de acrílico, fibrocimento e alvenaria. Os tanques de plástico PVC e de fibra têm sido os preferidos em virtude do menor custo, facilidade de manuseio e, por serem inertes, não necessitarem de nenhum tratamento de revestimento interno. Já os tanques construídos em alvenaria bem como as caixas de fibrocimento exigem revestimento interno com impermeabilizantes destinados a esse fim. O mais comumente utilizado e com bons resultados é a tinta betuminosa (Neutrol), mas pode-se optar pela impermeabilização com lençol plástico preto. Sem esses cuidados, a solução nutritiva, por ser corrosiva, poderá ser contaminada por componentes químicos presentes na constituição desses materiais.
O depósito deve, de preferência, ser enterrado em local sombreado para impedir a ação dos raios solares, além de ser vedado para evitar a formação de algas e a entrada de animais de pequeno porte. Sua instalação deve ser preferencialmente abaixo do nível da tubulação de drenagem, facilitando o retorno da solução por gravidade.
O tamanho do reservatório dependerá do número de plantas e das espécies que serão cultivadas. Deve-se obedecer ao limite mínimo de 0,1-0,25 L/planta para mudas, de 0,25-0,5 L/planta para plantas de pequeno porte (rúcula, almeirão), de 0,5-1,0 L/planta para plantas de porte médio (alface, salsa, cebolinha, agrião, manjericão, morango, cravo, crisântemo), de 1,0-5,0 L/planta para plantas de maior porte (tomate, pepino, melão, pimentão, berinjela, couve, salsão, etc.). Quanto maior a relação entre o volume do tanque e o número de plantas nas bancadas, menores serão as variações na concentração e temperatura da solução nutritiva. Entretanto, não se recomenda a instalação de depósitos com capacidade maior que 5.000 L, em vista da maior dificuldade para o manejo químico (correção do pH e da condutividade elétrica – CE) e oxigenação da solução nutritiva.
4.1.2 Escolha do Conjunto Moto-bomba
Segundo Teixeira (1996), a potência da bomba a empregar para o recalque da solução nutritiva é pequena. Para se calcular pode-se empregar a fórmula seguinte (Castellane e Araújo, 1995):
    
                            Vazão x altura manométrica total
HP motor   =        ____________________________
                                            
                                             75 x 0,90
                            HP motor
HP bomba   =       ________
                                            
                                  0,70
A vazão adequada no sistema hidropônico é 1,5 litro/minuto – 2,0 litros/minuto por canaleta de cultivo. Na fórmula, a vazão é expressa em litros/segundo e corresponde ao necessário para suprir todas as canaletas existentes na instalação.
A altura manométrica total é a somatória da altura geométrica de recalque (distância vertical da entrada da bomba até o ponto de distribuição superior na bancada) da altura da sucção (distância vertical da bomba até 20 cm do fundo do reservatório) e das perdas nas tubulações e acessórios (cerca de 30%).
O conjunto moto-bomba estará ligado ao reservatório, localizado em nível geométrico inferior ao ponto que liberará a solução nutritiva para os canais, ou seja, terá a função de recalque da solução nutritiva, conforme mostrado na Figura 02.



Figura 02 – Esquema de um Sistema Hidráulico.
Para calcular o consumo de energia elétrica do conjunto moto-bomba basta multiplicar o valor da potência do motor por 0,746 e obter o valor em Kwh (Kilowatts hora).
Os principais problemas com o conjunto moto-bomba e suas possíveis causas são:
01.    Mesmo com o motor ligado, a bomba não realiza o trabalho de sucção. Causas prováveis:
-         Falta de solução nutritiva no reservatório.
-         Não foi retirado o ar de sucção (escova).
-         Entrada de ar nas conexões e acessórios.
-         Giro do eixo do motor com rotação invertida.
-         Tubulação de sucção e rotor de diâmetro pequeno.
-         Entrada de ar pela carcaça da bomba. Apertar parafusos.
02.    Superaquecimento do motor. Causas prováveis:
-         Elementos girantes excessivamente justos, rotor ou eixo emperrados, atritando com as partes estacionárias.
-         Gaxetas muito apertadas.
-         Ligação elétrica inadequada ou com defeito nos contatos.
-         Baixa tensão na rede.
-         Ocorrência de sobretensão na rede elétrica.
03.    Consumo exagerado de energia elétrica. Causas prováveis:
-         Ocorrência de vazamento de energia devido à presença de carga inferior à possível.
Defeitos mecânicos como eixo e rotor emperrados, elementos girantes excessivamente apertados (gaxetas) (Bernardes, 1997).
  
4.1.3 Regulador de Tempo ou Timer
A circulação da solução nutritiva é comandada por um sistema regulador de tempo, ou temporizador. Esse equipamento permite que o tempo de irrigação e drenagem ocorra de acordo com a programação que se deseja. Existem no mercado temporizadores mecânicos com intervalos de 10 por 10 ou 15 por 15 ou 20 por 20 minutos e temporizadores eletrônicos com intervalos variados de segundos a minutos.
O tempo de irrigação varia muito entre os sistemas, bancadas, regiões, tipos de cobertura, variedade cultivada e época do ano, não havendo regra geral. Em locais quentes, durante o verão, o sistema deverá permanecer ligado ininterruptamente durante as horas mais quentes do dia, ao passo que no mesmo local, no inverno, esse manejo será diferente. Quando se usa a irrigação contínua durante o período mais quente do dia, deve-se tomar cuidado para que haja aeração adequada da solução nutritiva para evitar deficiência de oxigênio no sistema radicular.
Durante o período noturno, o sistema pode permanecer desligado ou com duas a três irrigações de dez a quinze minutos espaçadas de quatro a cinco horas (Furlani et. al., 1999).
Aconselha-se estudar bem o local a ser implantada a hidroponia (região mais quente ou mais fria), pois é isso que vai decidir com exatidão os tempos de circulação e descanso do sistema (Alberoni, 1998).
Uma instalação básica, para o funcionamento de uma banca de crescimento (que facilmente pode se multiplicar) pode ser visualizada abaixo, conforme Figura 03 (Bernardes, 1997).




Figura 03 – Funcionamento do Sistema Hidráulico.
4.2 Estufas
Segundo Alberoni (1998), vários modelos de estufas são utilizados na produção hidropônica, entre eles: capela, arco e serreada, que podem ser conjugados ou não.




O modelo mais utilizado é a capela (duas águas), que fornece amplo espaço interno, com bom escoamento da água das chuvas e boa proteção interna. Dependendo do tamanho da estufa podem ser colocadas várias bancadas no seu interior, conforme Figura 04.




Figura 04 – Modelo de estufa com possibilidade de abrigar quatro bancadas ao mesmo tempo.
Alguns produtores utilizam o modelo de estufa individual. A estufa tem a medida exata da bancada e possibilita um maior arejamento do sistema, mas tem a desvantagem de dificultar os trabalhos em dias de chuva. Uma estrutura bem simples, porém muito prática é a da Estação Experimental de Hidroponia de Charqueada (SP), inspirada no modelo do engenheiro Shigeru Ueda, conforme ilustrado na Figura 05.



Figura 05 – Modelo de Estufa Individual.
Fonte: Bernardes (1997).
Para a cobertura das estufas recomenda-se a utilização de filme plástico aditivado anti-UV e antigotejo, com espessuras de 75 m, 100 m ou 150 m. O filme plástico antigotejo é de extrema importância, pois evita que o acúmulo interno de água caia em forma de gotas sobre as plantas e faz com que a água escorra pelas laterais da estufa. Assim, evitam-se a contaminação e a propagação de diversos patógenos, principalmente os fúngicos (Alberoni, 1998).
No Brasil, a maioria das estufas hidropônicas não é climatizada.
Dentre os fatores ambientais que podem afetar o cultivo hidropônico, destaca-se a temperatura. Segundo Bernardes (1997), nas regiões mais quentes a utilização de estufas com pé-direito acima de 2,5 metros é recomendável, para proporcionar uma maior ventilação natural interna e para diminuir a temperatura do interior da estufa.
Telas de sombreamento também são utilizadas, no alto das casas de vegetação, na tentativa de diminuir a insolação direta e amenizar a temperatura interna.
4.3 Bancadas
As bancadas ou mesas de cultivo é onde são colocadas as mudas, ou seja, onde vai ocorrer o plantio propriamente dito. As plantas permaneceram nas bancadas até a sua colheita.
Segundo Furlani et. al. (1999), as bancadas para a técnica hidropônica são compostas de suportes de madeira ou outro material, os quais formam uma base de sustentação para os canais de cultivo, que podem ser de diversos tipos.
As dimensões das bancadas normalmente obedecem a certos padrões, que podem variar de acordo com a espécie vegetal e com o tipo de canal utilizado. No que se refere à largura, a bancada deve ter: até 1,0 m de altura e 2,0 m de largura para mudas e plantas de ciclo curto (hortaliças de folhas) e até 0,2 m de altura e 1,0 m de largura para plantas de ciclo longo (hortaliças de frutos). Essas dimensões são suficientes para uma pessoa trabalhar de maneira confortável nos dois lados da mesa, facilitando-lhe as operações de transplante, os tratamentos fitossanitários, quando necessários, os tratos culturais, a colheita e a limpeza da mesa.
É necessária uma declividade de 2 a 4% no comprimento dos canais que conduzem a solução nutritiva. Além disso, é recomendável que o comprimento da bancada não ultrapasse 15 metros, quando se utilizar 1,0 litro/minuto de solução nutritiva por canal, devido, principalmente, à possibilidade de escassez de oxigênio dissolvido na solução no final da banca. Quando a solução nutritiva apresenta baixos níveis de 02, pode ocorrer a morte dos meristemas radiculares, pequena ramificação das raízes e baixa absorção dos nutrientes, ocasionando um crescimento mais lento com redução de produção ao longo do tempo (Bernardes, 1997).
4.3.1 Canais de cultivo
O material utilizado na confecção dos canais deve ser impermeável ou impermeabilizado para não reagir com a solução nutritiva. No Brasil, vêm-se utilizando para a montagem dos canais telhas de cimento amianto ou tubos de PVC, que são materiais muito usados na construção civil, fáceis de se encontrar e com preços razoáveis. Também, mais recentemente, têm sido usados tubos de polipropileno de formato semicircular.
a)   Telhas de cimento amianto
Podem ser usadas telhas de amianto com ondas rasas (2,5 cm de altura e espaçadas a 7,5 cm), indicadas para produção de mudas ou para algumas culturas de pequeno porte (rúcula, agrião, etc.) servindo para condução das plantas até a fase de colheita. As telhas com ondas maiores (5 cm de altura e espaçadas a 18 cm) também são utilizadas para o cultivo de plantas de ciclo curto (alface, salsa, morango, etc.). Constrói-se a bancada, colocando-se as telhas de maneira a ficar com as extremidades encostadas umas nas outras ou sobrepostas. Após montada, a bancada é revestida com filme plástico para que a solução nutritiva seja conduzida de forma perfeita e para prevenir vazamentos. Em cima da bancada, para sustentação das plantas, são utilizadas placas de isopor, preferencialmente com espessura de 15 a 20 mm. Essas placas devem ser vazadas com furos de 50 mm de diâmetro (Figura 06) e espaçamento entre os furos de 18 cm x 20 cm.




Figura 06 – Telha de cimento amianto com placas de isopor
Fonte: Bernardes (1997).
b)   Tubos de PVC
Segundo Furlani et. al. (1999), os canos de PVC utilizados para esgoto (tubos brancos ou pretos) ou para irrigação (azuis) são ainda os mais encontrados em sistemas hidropônicos NFT. Serrando-se os canos ao meio, obtêm-se dois canais de cultivo com profundidade igual à metade do diâmetro do tubo (Figura 07). Pode-se unir quantos canais forem necessários, utilizando-se, para tanto, cola para encanamentos, silicone e, se necessário, arrebites.
Os canais de PVC servem para todas as fases de desenvolvimento das hortaliças mais cultivadas. Para mudas utilizam-se os tubos de 40-50 mm; para fase intermediária, os de 75-100 mm, e para a fase definitiva ou produção, os de 100-200 mm, dependendo da espécie cultivada.

Figura 07 –   Bancada de canos de PVC, mostrando também a canaleta de retorno de solução e a fixação do suporte das plantas na bancada. No detalhe, a união dos tubos.
O inconveniente desse sistema é a formação de algas dentro dos canos, em função da luz que penetra por eles (Alberoni, 1998).
Os tubos de PVC podem ser usados inteiros com furos na parte superior dos mesmos. Eles dispensam qualquer tipo de sustentação para as plantas já que são fechados, fornecendo o apoio suficiente para a maioria das plantas.
De acordo com Furlani et. al. (1999), a lâmina usada para confeccionar as embalagens tipo longa vida (TetraPark®) tem sido empregada com sucesso na cobertura de mesas de cultivo e sustentação das plantas. É um produto relativamente barato e de excelente durabilidade. É de fácil limpeza, tem boa capacidade de isolamento térmico e resiste aos raios solares.
c)    Tubos de Polipropileno
Apresentam formato semicircular e são comercializados nos tamanhos definidos pelo diâmetro em: pequeno (50 mm), médio (100 mm) e grande (150 mm), já contendo furos para a colocação das mudas no espaçamento escolhido (Figura 08). Embora de uso muito recente, têm apresentado bons resultados práticos tanto para mudas, como para plantas maiores ou mesmo para culturas de maior porte, tendo comportamento semelhante ao obtido com tubos de PVC, com exceção da limpeza que é mais difícil. Para alface e rúcula, têm sido instalados na posição normal, ou seja, com a parte chata para cima, o que dá maior apoio para as folhas. Para plantas frutíferas, de porte maior, pode-se optar por instalá-los com a parte achada para baixo, o que propicia maior área para o desenvolvimento do sistema radicular. Por serem de polipropileno, dispensam revestimento interno, são mais fáceis de emendar pois já vêm com os encaixes e apresentam todas as vantagens dos tubos de PVC.




Figura 08 – Perfis hidropônicos nas duas posições utilizadas.
Fonte: Furlani et. al. (1999).
4.4 Plantas que podem ser cultivadas pelo Sistema NFT
A Alface é a mais cultivada, mas pode-se encontrar nos sistemas de cultivo sem solo: rúcula, feijão-vagem, repolho, couve, salsa, coentro, melão, agrião, pepino, berinjela, pimentão, tomate, arroz, morango, forrageiras para alimentação animal, mudas de plantas frutíferas e florestais, plantas ornamentais, etc; teoricamente, qualquer planta pode ser cultivada no sistema.
Um experimento recente foi desenvolvido IAC-Frutas (Instituto Agronômico de Campinas), estudando o enraizamento de mini-estacas de maracujá-amarelo por meio de hidroponia em espuma fenólica pelo sistema NFT.
Segundo Meletti et. al., (2003), com o objetivo de melhorar o aproveitamento de plantas matrizes, foi investigada no IAC a possibilidade de se reduzir o tamanho das estacas, economizando, assim, material selecionado, quer seja de matrizes de elite de lotes experimentais e de plantações comerciais, como até de espécies silvestres em fase de extinção.
Usando o método convencional de estaquia em areia não foi possível obter o enraizamento de estacas com uma ou duas gemas, porque elas secavam muito rapidamente, antes mesmo de enraizar. Isso só foi conseguido com a técnica de hidroponia em espuma fenólica.
Os experimentos foram realizados em Monte Alegre do Sul (SP). Foram preparadas estacas mais curtas, com uma ou duas gemas e apenas uma meia-folha, com cerca de 5 a 8 cm de comprimento. As mini-estacas foram colocadas para enraizar no centro dos cubos de espuma fenólica, de aproximadamente 20 mm de arestas, previamente umedecidas com água. Estes, por sua vez, foram transferidos para uma bancada de hidroponia de produção de mudas na horizontal, em estufa.
Foi detectado o início da formação de calos 10 dias depois da colocação das mini-estacas em espuma fenólica, sendo que depois de 18 dias, calos radiculares encontram-se completamente formados e visíveis. O início do enraizamento foi observado aos 24 dias e o enraizamento completo, 37 dias depois da instalação do sistema. Houve, portanto, uma redução de 25 dias no período necessário ao enraizamento das estacas, em relação ao sistema tradicional, podendo-se antecipar em igual período o transplante das estacas para sacos plásticos. Foi observado, também, um índice de 100% de enraizamento em todas as cultivares testadas, mostrando que não há efeito de cultivares no processo.
Concluiu-se que a hidroponia pode ser adotada com vantagens na estaquia de matrizes comerciais, de campos com escassez de plantas superiores, economizando material propagativo, sem perda de qualidade e com bons índices de aproveitamento. Poderá vir a ser, também, uma efetiva contribuição à multiplicação de passifloras nativas, em processo de extinção pelo desmatamento, desde que se repita com elas o comportamento obtido com o maracujazeiro-amarelo. Em programas de melhoramento genético, pode ser uma ferramenta muito útil na multiplicação de plantas estratégicas, resultantes de cruzamentos controlados.
5. Aeroponia
Com o intuito de se conseguir maior produtividade e melhoria na eficiência e qualidade de produção em sistemas hidropônicos, têm se desenvolvido outros métodos alternativos de cultivo.
A aeroponia é uma técnica de cultivo sem solo que consiste em cultivar as plantas suspensas no ar, tendo como sustentação canos de PVC que podem ser dispostos no sentido horizontal ou vertical, permitindo um melhor aproveitamento de áreas e a instalação de um número maior de plantas por metro quadrado de superfície da estufa, obtendo-se, assim, um aumento direto de produtividade.
Nesse sistema não é utilizado nenhum tipo de substrato, sendo que as raízes, protegidas da luminosidade dentro dos canos, recebem a solução nutritiva de forma intermitente ou gota a gota, de acordo com esquema previamente organizado. Há casos de aeroponia, nos quais, a solução nutritiva é nebulizada ou pulverizada sobre as raízes.
5.1 Aeroponia Horizontal
Segundo Teixeira (1996), aeroponia horizontal consiste fundamentalmente em cultivar as plantas em tubos de plásticos (PVC) de 12 a 15 cm de diâmetro, em cujo interior passa a solução nutritiva. Os tubos são colocados com inclinação de 1-3%. A solução entra pela parte mais alta do tubo saindo pela outra extremidade. As mudas são colocadas, nos tubos de PVC, em perfurações de 3-4 cm de diâmetro e no espaçamento indicado à cultura. Os tubos, (Figura 09), são colocados em grupos formando linhas seguidas. Os grupos são colocados um em cima dos outros, a 1 m de distância, como se fossem andaimes. O apoio é feito em estruturas metálicas ou de madeira, de preferência, móveis.




Figura 09 – Instalação Aeropônica Horizontal

O principal inconveniente na utilização deste sistema está na impossibilidade da exploração de culturas que necessitem de sustentação, como é o caso do tomate, pimentão, pepino e outros, isto limita o seu uso no caso de rotação de cultura.
5.2 Aeroponia Vertical
Neste sistema se cultivam plantas em colunas (tubos de PVC de quatro polegadas), de cerca de 2 m de comprimento. Esses tubos recebem perfurações para adaptação das mudas. As colunas são dispostas paralelamente, deixando-se espaços de 1,40 m entre elas, formando grupos. Entre os grupos se deixa o espaçamento de 1,80 m. Maneja-se a formação de grupos de modo que a luminosidade e a temperatura sejam as desejáveis para boa produtividade.
A solução nutritiva entra pelo alto da coluna, passa ao longo da mesma, é recolhida na parte inferior, é filtrada e retorna ao reservatório. O processo inclui, como nos anteriores, bomba para recalque da solução, “timer” programador e reservatório de solução nutritiva. A Figura 10 ilustra o método. (Teixeira, 1996).




Figura 10 – Esquema da Instalação de Hidroponia Vertical

Utilizada na Europa desde a década de 70, a técnica foi adaptada à realidade brasileira pelos agrônomos Flávio Fernandes e Pedro Roberto Furlani, pesquisadores da Estação Experimental de Agronomia de Jundiaí do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Comparando a hidroponia vertical aos sistemas tradicional e de hidroponia em bandejas horizontais, segundo os pesquisadores, os resultados obtidos, tanto em produtividade como sanidade são melhores, o que compensa os custos de implantação e produção mais altos. Ocupando espaços iguais na estufa, a produção na hidroponia vertical foi 100% superior à da horizontal e 120% maior do que a de canteiro. Em um plantio comercial com hidroponia vertical realizado em Jundiaí (SP) os agrônomos do IAC observaram também redução nos gastos de água e energia, enquanto a aplicação de defensivos agrícolas teve queda de até 90%.
Mesmo adotando cuidados sanitários como a proteção dos canteiros com plástico,  o que impede o contato direto dos frutos com o solo, dificilmente os produtores conseguem evitar a contaminação e o desgaste da terra nos cultivos tradicionais de morango. Os frutos próximos ao chão também estão sujeitos ao ataque de pragas e doenças e até o próprio peso do morango pode prejudicar sua sanidade e apresentação. Uma nova técnica, entretanto, pode resolver parte desses problemas. Trata-se do cultivo hidropônico de morango em estruturas verticais. Nos casos em que foi necessário fazer o controle de pragas e doenças, apenas as plantas atacadas receberam pulverização. Outra grande vantagem da nova técnica é que os morangos podem ser colhidos em estágio mais avançado de maturação, o que garante frutos mais saborosos. Além disso, as perdas são menores e o trabalho de colheita muito mais fácil que no sistema tradicional. As mudas formadas junto à planta-matriz, suspensas no ar, também podem ser utilizadas para novos plantios, o que não ocorre nos cultivos convencionais por causa do risco de contaminação do solo.
Na hidroponia vertical as mudas de morango são plantadas em compridas sacolas ou tubos de polietileno cheios com casca de arroz carbonizada e irrigadas com uma solução nutritiva. De acordo com os pesquisadores, a casca de arroz funciona como suporte para as plantas fixarem as raízes e também para reter o alimento líquido. As medidas mais indicadas são altura de 2 metros e diâmetro de 20 centímetros. O espaçamento é de 1 metro entre cada tubo e de 1 metro entre as fileiras. Geralmente são 28 mudas por tubo, sete grupos de quatro mudas planadas diametralmente. Para introduzir as mudas deve-se fazer pequenos orifícios em X no plástico. O substrato precisa estar encharcado (apenas com água) e as plantinhas colocadas num ângulo de 45 graus. A irrigação com a solução hidropônica varia de acordo com o estágio de desenvolvimento da planta, com volume de 3 a 6 litros diários por tubo. Com o tempo, o produtor sabe dimensionar, sem desperdício, a quantidade necessária. Outro cuidado é garantir que todas as mudas recebam raios solares em quantidades iguais. (www.vivaverde.agr.br).
6. Sistema DFT (Deep film technique) ou Floating ou Piscina
O sistema de piscinas é muito usado para a produção de mudas, como por exemplo, de alface. Nessa piscina são colocadas as bandejas de isopor, deixando correr uma lâmina de solução nutritiva (aproximadamente de 4 a 5 cm) suficiente para o desenvolvimento do sistema radicular das mudas, mantendo o substrato úmido e permitindo a absorção dos nutrientes.
Segundo Furlani et. al. (1999), no sistema DFT não existem canais, mas sim uma mesa ou caixa rasa nivelada onde permanece uma lâmina de solução nutritiva. O material utilizado para sua construção pode ser madeira, plástico ou fibras sintéticas (em moldes pré-fabricados).
A altura da lateral da caixa de cultivo deve ser de 10 a 15 cm, dependendo da lâmina desejada, que normalmente varia de 5 a 10 cm. O suporte da mesa também pode ser de madeira ou de outro material, como descrito para as bancadas do sistema NFT. Para a manutenção da lâmina de solução, deve-se instalar um sistema de alimentação e drenagem compatível, ou seja, a drenagem sempre maior ou igual à entrada de solução, para manter constante o nível da lâmina.
No sistema DFT as raízes das plantas permanecem submersas na solução nutritiva por todo o período de cultivo, por isso a oxigenação da solução merece especial atenção, tanto no depósito quanto na caixa de cultivo. A instalação de um “venturi” na tubulação de alimentação (Figura 11) permite eficiente oxigenação na lâmina de solução.
Para as mesas pré-fabricadas em material plástico ou fibras de vidro e com revestimento interno não é necessária a impermeabilização, mas naquelas feitas de madeira deve-se cobrir o fundo e as laterais com dois filmes plásticos, sempre o preto por baixo e o de polietileno tratado contra radiação UV por cima, para conferir resistência aos raios solares.




Figura 11 – Mesa de “floating” mostrando as opções de drenagem e alimentação laterais ou de fundo.
7. Nutrição Mineral das Plantas
Um dos princípios básicos para produção vegetal, tanto no solo como sobre sistemas de cultivo sem solo (hidroponia) é o fornecimento de todos os nutrientes de que a planta necessita.
O solo que sustenta as raízes das plantas também é importante para fornecer oxigênio, água e minerais. Ele é formado por partículas de minerais e material orgânica, e apresenta poros e microporos que ficam cheios de água e ar. Nesta água estão dissolvidos sais formando a solução do solo, que leva os nutrientes para as plantas.
Em um meio sem solo, as plantas também deverão suprir as mesmas necessidades, assim, para entender as relações das plantas em um sistema hidropônico deve-se ter em conta as relações que existem entre seu crescimento e o solo.
Se no meio em que a planta crescer houver um desequilíbrio de nutrientes, sua produção será limitada. Por exemplo, se o pimentão tiver à sua disposição uma quantidade de fósforo muito menor do que ele precisa para produzir bem, não adianta ter níveis adequados dos outros nutrientes ou acrescentar mais destes, enquanto não for corrigida a deficiência de fósforo. O pimentão não produzirá de acordo com o seu potencial, isto vale para qualquer fator essencial ao crescimento das plantas, como a água, por exemplo. Não adianta adubar bem a planta, se não houver água suficiente para o seu crescimento. Daí a necessidade de fornecer todos os elementos de que as plantas necessitam, feita de acordo com as exigências de cada cultura.
7.1 Elementos Essenciais
Diversos elementos químicos são indispensáveis para o crescimento e produção das plantas, num total de dezesseis elementos, sendo eles:
Carbono
C
Magnésio
Mg
Hidrogênio
H
Manganês
Mn
Oxigênio
O
Ferro
Fe
Nitrogênio
N
Zinco
Zn
Fósforo
P
Boro
B
Potássio
K
Cobre
Cu
Enxofre
S
Molibdênio
Mo
Cálcio
Ca
Cloro
Cl
Segundo Alberoni (1998), entre os elementos citados, existe uma divisão, conforme sua origem:
·        Orgânicos: C, H, O
·        Minerais:
-         macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg, S;
-         micronutrientes: Mn, Fe, B, Zn, Cu, Mo, Cl.
Essa divisão, entre macro e micro, leva em consideração a quantidade que a planta exige de cada nutriente para o seu ciclo.
As plantas têm, em sua constituição, em torno de 90 a 95% do seu peso em C, H, O. Mas esses elementos orgânicos, não constituem problemas, pois provêem do ar e da água, abundantes em nosso sistema. Diante disso, deve-se dar grande ênfase para os elementos minerais, que são os que irão compor a solução nutritiva.
Segundo Furlani et. al. (1999), recentemente, o níquel (N) entrou para o rol dos elementos essenciais por fazer parte da estrutura molecular da enzima urease, necessária para a transformação de nitrogênio amídico em mineral. Todavia, a quantidade exigida pelas plantas deve ser inferior à de molibdênio.
Além desses nutrientes, outros elementos químicos têm sido esporadicamente considerados benéficos ao crescimento de plantas, sem contudo atender aos critérios de essencialidade. Como exemplo, pode-se citar o sódio (Na) para plantas halófitas, o silício (Si) para algumas gramíneas e o cobalto (Co) para plantas leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico.
De acordo com a redistribuição no interior das plantas, os nutrientes podem ser classificados em três grupos: móveis (NO3, NH4+, P, K e Mg) intermediários (S, Mn, Fe, Zn, Cu e Mo) e imóveis (Ca e B). Essa classificação é muito útil na identificação de sintomas de deficiência de um determinado nutrientes. Por exemplo, os sintomas de falta de N e de B ocorrem em partes mais velhas (folhas velhas) e mais jovens da planta (pontos de crescimento) respectivamente.
Em cultivos hidropônicos a absorção é geralmente proporcional à concentração de nutrientes na solução próxima às raízes, sendo muito influenciada pelos fatores ambientes, tais como: salinidade, oxigenação, temperatura, pH da solução nutritiva, intensidade de luz, fotoperíodo, temperatura e umidade do ar (Adams, 1992 e 1994 apud Furlani et. al. 1999).
Cada um dos macronutrientes e dos micronutrientes exerce pelo menos uma função dentro do ser vegetal e a sua deficiência ou excesso provoca sintomas de carência, ou de toxidez, característicos. A tabela 01 resume alguns dos papéis desempenhados pelos nutrientes na vida da planta. As tabelas 02 e 03 mostram os sintomas típicos de deficiência e de excesso, respectivamente. (Teixeira, 1996).
Tabela 01 – Funções dos nutrientes de plantas
Nutrientes
Funções
Nitrogênio
Participa das proteínas, ácidos nucleicos e das clorofilas; é ligado à formação de folhas.
Fósforo
Participa dos nucleotídeos, ácidos nucléicos e de membranas vegetais. Interfere no metabolismo das plantas como fonte de energia. É importante para o enraizamento, floração e frutificação.
Potássio
Ativador enzimático, atua na fotossíntese (formação de açúcares). Translocação de açúcares nas plantas, influencia na economia de água e na resistência ao acamamento, a pragas, a doenças, ao frio e à seca.
Cálcio
Constituinte da parede celular, ajuda na divisão celular, atua como ativador enzimático.
Magnésio
Integra a molécula da clorofila, é ativador enzimático e aumenta a absorção de Fósforo.
Enxofre
Constituinte das proteínas e clorofila, de vitaminas e óleos essenciais, importante para fixação de Nitrogênio.
Boro
Participa do processo de síntese do ácido indolacético (hormônio vegetal), dos ácidos pécticos (parede celular), dos ácidos ribonucleicos, das proteínas e do transporte de açúcar nas plantas.
Cloro
Participa do processo fotossintético.
Cobre
É ativador enzimático; influencia na respiração, na fotossíntese e no processo de fixação nitrogenada.
Ferro
Ativador enzimático; importante na síntese da clorofila e dos citocromos, influencia a respiração, fotossíntese e fixação do Nitrogênio.
Manganês
Ativador enzimático e participa da fotossíntese e da respiração (como ativador enzimático).
Níquel
Ativador da encima urease (que faz a hidrólise da uréia nas plantas).
Molibdênio
Influencia no processo da redução de Nitrato no interior das plantas e da fixação do Nitrogênio por leguminosas.
Zinco
Ativador enzimático, síntese do ácido indolacético.
Tabela 02 –  Sintomas visuais gerais de deficiência nutricional em vegetais (adaptado de MALAVOLTA, 1980)
1          – Sintomas iniciais em folhas mais velhas.
1.1    – Com verde clara (esmaecida) na folha, abrangendo nervuras e limbo. Com a evolução da carência passa a clorose seguido de seca e queda das folhas.
........................................................................................................ NITROGÊNIO
1.2    – Inicialmente diminuição do crescimento da planta, desenvolvimento de cor verde escura, seguida de manchas pardas, pardo amareladas, pardo avermelhadas. Porte reduzido, pouco enraizamento .............................................................. FÓSFORO
1.3    – Clorose em margens e pontas das folhas que, com o progresso da deficiência, evolui para queimadura; atingindo toda a folha ................................... POTÁSSIO
1.4    – Clorose interneval mantendo-se as nervuras verdes ..........................   MAGNÉSIO
2          – Sintomas iniciais em folhas mais novas.
2.1 – Morte de pontas de crescimento, internódios curtos, superbrotamento (tufos de folhas), folhas deformadas e pequenas ......................................................... BORO
2.2 -  Folhas flácidas, por vezes gigantes, clorose reticulada................................. COBRE
2.3 – Clorose interneval com reticulado fino, evoluindo para folha toda amarela ..................................................................................................................... FERRO
2.4 –  Clorose interneval com reticulado grosso ......................................... MANGANÊS
2.5 – Folhas pequenas, internódios curtos e superbrotamento e, por vezes, clorose .....................................................................................................................  ZINCO
2.6 – Folhas deformadas, com morte de pontos de crescimento e clorose nas pontas ..................................................................................................................  CÁLCIO
2.7 – Cor verde clara na folha. Clorose generalizada ......................................  ENXOFRE
3 – Sintomas iniciais em folhas recém-maduras ou folhas mais novas.
3.1 – Amarelecimento em manchas ou generalizadas, folhas deformadas por má formação no limbo ..........................................................................................  MOLIBDÊNIO
4– Sintomas iniciais em folha s mais velhas ou mais novas.
4.1 – Murcha, clorose e bronzeamento das folhas ................................................ CLORO
Tabela 03 – Sintomas visuais gerais de excesso de nutrientes em vegetais(adaptado de MALAVOLTA et. al., (1989)
Nutrientes
Funções
Nitrogênio
Em geral, não-identificados. Atraso e redução de floração e frutificação e acamamento.
Fósforo
Indução de deficiência de Cobre, Ferro, Manganês e Zinco.
Potássio
Indução de deficiência de Cálcio e/ou Magnésio provavelmente.
Cálcio
Indução de deficiência de Magnésio e/ou Potássio provavelmente.
Magnésio
Indução de deficiência de Potássio e/ou Cálcio provavelmente.
Enxofre
Clorose interneval em algumas espécies.
Boro
Clorose reticulada e queima das margens das folhas de ápice para a base.
Cloro
Necrose das pontas e margens, amarelecimento e queda das folhas.
Cobre
Manchas aquosas e depois necróticas nas folhas. Amarelecimento das folhas, da base para o ápice, seguindo a nervura central.
Ferro
Manchas necróticas nas folhas, manchas amarelo-parda.
Manganês
Deficiência de Ferro induzida, depois manchas necróticas ao longo do tecido condutor.
Molibdênio
Manchas amarelas globulares do ápice da planta.
Zinco
Indução de carência de Fósforo e ou Zinco.
7.2 A água
Em cultivo sem solo, a qualidade da água é fundamental, pois nela estarão dissolvidos os minerais essenciais, formando a solução nutritiva que será a única forma de alimentação das plantas. Além da água potável e de poço artesiano, pode-se utilizar água de superfície e água recolhida de chuvas. (Lejeune e Balestrazzi, 1992 apud Castellane e Araújo, 1995).
Quanto melhor a qualidade da água menos problemas. A análise química (quantidade de nutrientes e salinidade) e microbiológica (coliformes fecais e patógenos) é fundamental. O recomendável é enviar amostras para empresa que costuma fazer análise para produtores hidropônicos.
Os parâmetros que devem ser considerados são: cabornatos, sulfatos, cloretos, sódio, ferro, cálcio, magnésio e micronutrientes (Cl ativo, Mn, Mo, B, Zn, Cu).
Se a água contém boa quantidade de Ca ou B, por exemplo, este valor deve ser descontado no momento de adicionar os adubos na solução. Tem-se recomendado que este desconto deve acontecer quando o valor de um dado macronutriente ultrapassar a 25% do que seria adicionado a solução (formulação), e 50% para os micronutrientes. (www.labhidro.cca.ufsc.br).
Em hidroponia a condutividade elétrica deve ser inferior a 0,5 mS/cm, com uma concentração total de sais inferior a 350 ppm. (Hanger 1986 apud Castellane e Araújo 1995). Entretanto, Maroto (1990) apud Castellane e Araújo (1995), considera que o ideal é menos que 200 ppm de sais totais, com cloro e sódio livres inferiores a 5 e 10 ppm, respectivamente. Quando for utilizada no sistema NfT, Lejeune e Balestrazzi (1992) apud Castellane e Araújo (1995), consideram ser a água de boa qualidade quando seus teores máximos de Ca, Mg, SO4 e HCO3 estão abaixo de 80, 12, 48 e 224 mg/l, respectivamente. Para ferro, boro, flúor, zinco, cobre e manganês, os teores máximos permitidos são, respectivamente: 1, 12; 0,27; 0,47; 0,32; 0,06 e 0,24 mg/l.
Dependendo da região, a água pode apresentar características que interferem na solução nutritiva, como:
·        Água com teor de cloreto de sódio (NaCl) acima de 50 ppm (50g/1000l) começa a causar problemas de fitotoxidez e pode inviabilizar seu uso;
·        Se a água for dura (elevado teor de íons carbonatos, HCO3), haverá problemas de elevação do pH e indisponibilização de ferro adicionado à solução. Também conterá sulfatos, mas o íon sulfato é macronutriente;
·        Águas subterrâneas originadas de rochas calcáreas e dolomíticas contém bons teores de Ca e Mg. (www.labhidro.cca.ufsc.br).
7.3 Solução Nutritiva
Na hidroponia todos os nutrientes são oferecidos às plantas na forma de solução. Esta solução é preparada com sais fertilizantes. Existem vários sais que fornecem os mesmos nutrientes para as plantas, deve-se optar por aqueles fáceis de dissolver em água, baixo custo e facilmente encontrados no mercado. As tabelas 04 e 05 apresentam alguns dos sais mais usados em hidroponia, sob a forma de macro e micronutrientes.
Tabela 04     –   Composição de alguns adubos empregados em hidroponia (Macronutrientes)

Adubos

%N
%P
%K
%Ca
%Mg
%S
Nitrato de Potássio
14
-
36,5
-
-
-
Nitrato de Sódio e Potássio
-
-
-
-
-
-
(Salitre do Chile Potássio)
13
-
11,6
-
-
-
Nitrato de Amônio
34
-
-
-
-
-
Nitrato de Cálcio
15
-
-
20
-
-
Nitrocálcio
22
-
-
7
-
-
Fosfato Monoamônio (MAP)
10
21,1
-
-
-
-
Fosfato Diamônio (DAP)
18
20,2
-
-
-
-
Uréia
45
-
-
-
-
-
Sulfato de Amônio
20
-
-
-
-
24
Superfosfato Simples
-
8,8
-
20,2
-
12
Superfosfato Triplo
-
19,8
-
13,0
-
-
Fosfato de Potássio
-
24
31
-
-
-
Cloreto de Potássio
-
-
49,8
-
-
-
Sulfato de Potássio
-
-
41,5
-
-
17
Sulfato de Potássio e Magnésio
-
-
16,6
-
11
22
Sulfato de Magnésio
-
-
-
-
9,5
13
Fonte: Malavolta (1989) apud Teixeira (1996).          
Tabela 05     –   Composição de alguns adubos empregados em hidroponia (Micronutrientes)
Adubos
Composição
Bórax
11% de Boro
Ácido Bórico
17% de Boro
Sulfato Cúprico Pentaidratado
25% de Cobre
Sulfato Cúprico Monoidratado
35% de Cobre
Quelados de Cobre
9 – 13% de Cobre
Sulfato Ferroso
19% de Ferro
Quelados de Ferro
5 – 14% de Ferro
Sulfato Manganoso
26 – 8% de Manganês
Quelado de Manganês
12% de Manganês
Molibdato de Sódio
39% de Molibdênio
Molibdato de Amônio
54% de Molibdênio
Sulfato de Zinco
20% de Zinco
Quelado de Zinco
14 – 19% de Zinco
Fonte: Malavolta (1989) apud Teixeira (1996).
Não existe uma solução nutritiva ideal para todas as espécies vegetais e condições de cultivo. Cada espécie vegetal tem um potencial de exigência nutricional. (Teixeira, 1996).
No Quadro 02. Apresentam-se as relações entre os teores foliares considerados adequados de N, P, Ca, Mg e S e os de K para diferentes culturas passíveis de serem cultivadas no sistema hidropônico – NFT. Embora haja diferenças nos teores de nutrientes em folhas em função de cultivares, épocas de amostragem e posição das folhas, os valores apresentados indicam que existem diferenças entre essas relações para as diversas espécies, considerando o desenvolvimento vegetativo adequado. (Furlani et. al. 1999).

Quadro 02  –   Relações entre os teores foliares (g/kg) de N, P, Ca, Mg e S com os teores de K considerados adequados para diferentes culturas. Adaptado de Raij et. al. (1997).

Culturas

K
N
P
Ca
Mg
S

Hortaliças de folhas

Agrião
1,00
0,83
0,17
0,25
0,07
0,05
Alface
1,00
0,62
0,09
0,31
0,08
0,03
Almeirão
1,0
0,65
0,11
0,12
0,03
-
Cebolinha
1,0
0,75
0,08
0,50
0,10
0,16
Chicória
1,00
0,82
0,11
1,36
1,07
-
Couve
1,00
1,20
0,16
0,62
0,14
-
Espinafre
1,00
1,00
0,11
0,78
0,18
0,20
Repolho
1,00
1,00
0,15
0,63
0,15
0,13
Rúcula
1,00
0,78
0,09
0,84
0,07
-
Salsa
1,0
1,14
0,17
0,43
0,11
-
Hortaliças de frutos
Beringela
1,00
1,0
0,16
0,40
0,14
-
Ervilha
1,00
1,67
0,20
0,67
0,17
-
Feijão-vagem
1,00
1,43
1,14
0,71
0,17
0,11
Jiló
1,00
1,57
0,14
0,57
0,11
-
Melão
1,00
1,14
0,14
1,14
0,29
0,08
Morango
1,00
0,67
0,10
0,67
0,27
0,10
Pepino
1,00
1,22
0,18
0,56
0,16
0,13
Pimenta
1,00
1,00
0,13
0,63
0,20
-
Pimentão
1,00
0,90
0,10
0,50
0,16
-
Quiabo
1,00
1,29
0,11
1,14
0,23
0,10
Tomate
1,00
1,25
0,15
0,75
0,15
0,16

Hortaliças de flores

Brócolos
1,00
1,50
0,20
0,67
0,17
0,18
Couve-flor
1,00
1,25
0,15
0,75
0,10
-
Ornamentais
Antúrio
1,00
1,00
0,20
0,80
0,32
0,20
Azaléia
1,00
2,00
0,40
1,00
0,70
0,35
Begônia
1,00
1,11
0,11
0,44
0,11
0,12
Crisântemo
1,0
1,00
0,14
0,30
0,14
0,10
Gloxinia
1,00
1,00
0,10
0,50
0,15
0,13
Gypsophila
1,00
1,25
0,13
0,88
0,18
0,12
Hibiscus
1,00
1,75
0,35
1,00
0,30
0,16
Palmeira
1,00
1,00
0,17
0,67
0,20
0,18
Rosa
1,00
1,60
0,16
0,60
0,16
0,21
Schefflera
1,00
1,00
0,13
0,50
0,17
0,16
Violeta-africana
1,00
0,90
0,10
0,30
0,12
0,11
Tal fato deve ser levado em conta quando se utiliza uma única composição de solução nutritiva para o crescimento de variadas espécies vegetais.
Por exemplo, quando se usa uma única solução nutritiva para o crescimento de diferentes hortaliças de folhas, pode-se antever que as plantas de espinafre e rúcula irão absorver maiores quantidades de cálcio que as plantas de agrião, alface e almeirão, para cada unidade de potássio absorvido. Se isso não foi considerado na reposição de nutrientes, ocorrerá deficiência de Ca para essas culturas com maior capacidade de extração. (Furlani et. al. 1999).
Os produtores desejam freqüentemente obter uma fórmula ótima, que sirva para todas as culturas, mas isto não é possível. Existem muitas variáveis a considerar na nutrição de plantas, como:
·        Espécie de planta – por exemplo a alface precisa mais de nitrogênio que o tomate;
·        Estágio de crescimento – plantas novas gastam menos nutrientes que as mais velhas;
·        Parte da planta que será colhida – se é folha ou fruto;
·        Estação do ano;
·        Temperatura e intensidade de luz.
Para que as plantas tenham um bom desenvolvimento é necessário que haja um constante equilíbrio de nutrientes na água que banha as raízes das plantas, ou seja, ao longo do tempo e da formação das plantas os elementos essenciais (nutrientes) devem estar sempre à disposição, dentro de faixas limitadas, sem escassez nem excesso.
7.3.1 Sugestões de soluções nutritivas
Nos quadros 03 e 04 são apresentadas soluções nutritivas para tomate, pepino e alface (Castellane e Araújo, 1995). A diferença entre a solução A e a solução B está na quantidade de nitrato de cálcio. A solução A é usada na fase de crescimento da planta e a solução B na fase de frutificação. Como a formação de frutas exige mais quantidade de cálcio e nitrogênio é observado que a planta deve ter maior quantidade destes nutrientes à sua disposição nesta fase.
Quadro 03    – Composição de soluções nutritivas 1/ para tomates, pepino e alface em sistemas hidropônicos abertos ou fechados.
                    


Tomate
Pepino
Composto
Nutrientes
______________________
______________________
Químico
Fornecidos
Solução A
Solução B
Solução A 2/
Solução B

Grama/1000 litros

KNO3
N.K
200
200
200
200
MgSO4+7 H2O
Mg, S
500
500
500
500
KH2PO4
K, P
270
270
270
270
K2SO4
K, S
100
100
-
-
Ca(NO3)2
N, Ca
500
680
680
1.357
Fe 330 (quelado)
Fe
25
25
25
25
Micronutrientes
-
150 ml
150 ml
150 ml
150 ml
1 – Ver Quadro 04, para o manejo de micronutrientes.
2 - Para Alface, acrescentar mais 430g de Ca(NO3)2.
Quadro 04    – Preparo de solução estoque de micronutrientes.
Composto Químico
Nutrientes Fornecidos
Grama a utilizar1/
H3BO3
B
7,50
MnCl2-4H2O
Mn
6,75
CuCl2+2H2O
Cu
0,37
M0O3
Mo
0,15
ZnSO34+7H2O
Zn
1,18
Estas quantidades dos sais são para preparar 450 ml de solução estoque. Utilize água quente para dissolver bem os sais. Use 150 ml desta solução por 1000 litros de solução de cultivo.
Outra opção de solução nutritiva para alface é apresentada no quadro 05.
Quadro 05    – Composição de solução nutritiva para alface
Sal/fertilizante
g/1.000 litros
Nitrato de cálcio

Hydro especial
1.000
Nitrato de potássio
600
Cloreto de potássio
150
Monoamônio fosfato
150
Sulfato de magnésio
250
Solução de micronutrientes
500 ml
Solução de Fe-EDTA
500 ml
Cloro
100
Boro
20
Ferro
100
Manganês
50
Zinco
20
Cobre
6
Molibdênio
0,1
Segundo Furlani et. al., (1999), para quelatização do Ferro, procede-se da seguinte maneira:
Para preparar uma solução contendo 10 mg/mL de Fe, dissolver, separadamente em cada 450 ml de água, 50 g de sulfato ferroso e 60 g de EDTA dissódico. Após a dissolução, misturar acrescentando a solução de EDTA à solução de sulfato ferroso. Efetuar o borbulhamento de ar na solução obtida até completa dissolução de qualquer precipitado formado. Guardar em frasco escuro e protegido da luz.
Ainda segundo Furlani et. al., (1999), o Instituto Agronômico tem uma proposta de preparo e manejo de solução nutritiva para cultivo hidropônico, destinada a diversas hortaliças de folhas e já utilizada por muitos produtores em escala comercial. No seu preparo, são usadas as quantidades de sais/fertilizantes, conforme consta do quadro 06.
Quadro 06    – Quantidades de sais para o preparo de 1.000 L de solução nutritiva – proposta do Instituto Agronômico (Furlani, 1998).
Sal ou fertilizante
g/1.000L
1
Nitrato de cálcio Hydros® Especial
750
2
Nitrato de potássio
500
3
Fosfato monoamônio
150
4
Sulfato de magnésio
400
5
Sulfato de cobre
0,15
6
Sulfato de zinco
0,5
7
Sulfato de manganês
1,5
8
Ácido bórico ou
Bórax
1,5
2,3
9
Molibdato de sódio ou
0,15

Molibdato de amônio
0,15
10
Tenso-Fe® (FeEDDHMA-6% Fe) ou
30

Dissolvine® (FeEDTA-13% Fe) ou
13,8

Ferrilene® (FeEDDHa-6% Fe) ou
30

FeEDTANa2 (10mg/mL de Fe)
180 mL
7.3.2 Preparo da Solução Nutritiva
No preparo da solução nutritiva existe uma seqüência correta de adição de sais. Descreveremos passo a passo o preparo de uma solução nutritiva.
·      O composto são pesados individualmente, identificados e ordenados próximo ao reservatório onde será preparada a solução nutritiva. Esta operação deve ser cuidadosa, pois qualquer engano nesta etapa poderá comprometer todo o sistema.
·      Nos sacos estão as misturas de macronutrientes, mas sem a fonte de cálcio. Os sais são misturados a seco, o cálcio não pode entrar, porque forma compostos insolúveis com fosfatos e sulfatos.
·      A mistura é dissolvida em um recipiente com água e depois jogada no reservatório. Ao colocar a mistura no reservatório ele já deverá estar cheio pela metade.
·      O sal de cálcio é dissolvido separadamente e adicionado em seguida, depois vem a mistura de micronutrientes que poderá ser preparado em maior quantidade e armazenada.
·      A mistura de micronutrientes não contêm o ferro, basta medir a quantidade certa e jogar no tanque.
·      Após acrescentar os micronutrientes completa-se o nível da solução no reservatório e mistura-se bem.
·      A seguir faça a medição do pH, ele deverá ficar na faixa de 5,5 a 6,5. Se estiver mais alto que isto adiciona-se ácido sulfúrico ou ácido clorídrico. O ácido deve ser misturado com um pouco de água e depois ser colocado aos poucos no reservatório. Mistura-se bem e mede-se de novo o pH, faça isto até chegar ao valor certo. Se o pH estiver abaixo de 5,5 faz-se a correção com hidróxido de potássio ou hidróxido de sódio.
·      No final acrescenta o ferro, pois ele é pouco solúvel e deve ser colocado na forma complexada com EDTA para ficar dissolvido e disponível para as plantas. Quando é colocado puro ele precipita e as plantas não conseguem absorvê-lo.
7.3.3 Manejo da solução
Segundo Alberoni (1998), após o preparo da solução, existem alguns fatores que devem ser controlados para o completo e perfeito desenvolvimento da planta, aproveitando ao máximo a solução nutritiva:
·        Temperatura – a temperatura da solução não deve ultrapassar os 30ºC, sendo que o ideal para a planta é a faixa de 18ºC a 24º C em períodos quentes (verão) e 10ºC a 16ºC em períodos frios (inverno). Temperaturas muito acima ou abaixo desses limites causam danos à planta, bem como uma diminuição na absorção dos nutrientes e, conseqüentemente, uma menor produção, com produtos de baixa qualidade, que serão vendidos a preços mais baixos.
·        Oxigênio – a oxigenação da solução é muito importante. É preciso utilizar uma boa água e oxigenar a solução constantemente para obter um bom nível de absorção dos nutrientes. A oxigenação pode ser feita durante a circulação da solução no retorno ao reservatório ou com a aplicação de ar comprimido ou oxigênio.
·        Pressão osmótica – quando se dissolvem sais na água, sua pressão osmótica aumenta, ou seja, a tendência que a solução tem de penetrar nas raízes diminui, até o ponto que deixa completamente de penetrar e começa a retirar a água das plantas. Isso ocorre pelo fato de a água se movimentar de um meio hipotônico para um meio hipertônico ou, digamos, de um meio menos concentrado para um meio mais concentrado. Por isso, a solução deve conter os nutrientes nas proporções adequadas, mas suficientemente diluídas para não causar danos. A pressão osmótica ideal está entre 0,5 a 1,0 atmosfera (atm.).
·        Condutividade elétrica – esse controle é de grande importância, pois determina quanto adubo há na solução (quantidade de íons). Quanto mais íons tivermos na solução, maior será a condutividade elétrica, e vice-versa. Há um aparelho que mede a condutividade: o condutivímetro. Na utilização desse aparelho, as medidas ideais da solução ficam na faixa de 1,5 a 3,5 miliSiemens/cm, que corresponde a 1.000 à 1.500 ppm de concentração total de íons na solução. Valores acima dessa faixa são prejudiciais à planta, chegando a sua total destruição.
Valores inferiores indicam a deficiência de algum elemento, embora não se saiba qual e em que quantidade. A resposta só pode ser obtida com a análise química laboratorial da solução nutritiva.
·        pH – o pH da solução nutritiva é tão importante quanto a condutividade elétrica, pois as plantas não conseguem sobreviver com valores abaixo de 3,5. Os seus efeitos podem ser diretos, quando houver efeito de íons H+ sobre as células; ou indiretos, quando afetam a disponibilidade de íons essenciais para o desenvolvimento da planta.
A solução pode ser apresentar ácida, alcalina ou neutra. Valores baixos (acidez < 5,5) provocam uma competição entre o íon H+ e os diversos cátions essenciais (NH+-, Ca2+, Mg2+, K+, Cu2+, Fe2+, Mn2+, Zn2+) e valores elevados acidez > 6,5 e alcalinidade) favorecem a diminuição de ânios (NO3-, H2PO42-, MoO4-). Valores inadequados podem levar à precipitação de elementos.
Apesar de todos os fatores acima mencionados serem importantes no manejo da solução nutritiva, três aspectos devem sofrer controle diário, entre eles:
1º) Complementação do volume gasto sempre com água;
2º) Ajuste do pH da solução;
3º) Monitoramento do consumo de nutrientes através da condutividade elétrica da solução.
A – Nível da Solução Nutritiva
A solução é consumida pela planta e diariamente observa-se uma redução do seu volume no tanque de solução. Esse volume deverá ser reposto todos os dias não com solução nutritiva e sim com água pura. Pois as plantas absorvem muito mais água do que nutrientes e como a solução nutritiva é uma solução salina a reposição diária com solução leva a uma salinização deste meio, chegando a um ponto que a quantidade de sais dissolvida é maior do que as raízes podem suportar. Se isto ocorrer as plantas cessam seu crescimento, devido não a falta de nutrientes, mas a um potencial osmótico muito elevado no sistema radicular.
B – pH da Solução Nutritiva
Durante o processo de absorção de nutrientes as raízes das plantas vão alterando o pH da solução nutritiva. Esse pH significa a acidez ou basicidade da solução nutritiva. As plantas têm o seu desenvolvimento máximo entre pH 5,5 a 6,5 e à medida que elas crescem elas alteram esse pH da solução nutritiva. Por essa razão diariamente após completar o volume da solução com água o pH da solução deve ser medido, Se estiver fora desta faixa de 5,5 a 6,5, ele deverá ser ajustado com ácido se estiver acima de 6,5 e, com base caso esteja abaixo de 5,5: isto é importante para que a planta tenha condições de absorver todos os nutrientes na quantidade que ela necessitar para o seu crescimento.
C – Condutividade Elétrica
À medida que as plantas crescem os nutrientes da solução vão sendo consumidos e esta solução vai se esgotando. Chega a um ponto que a solução não consegue mais fornecer os nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas. Nesse ponto a solução deve ser trocada. Um dos maiores problemas é saber quando esta troca deve ser realizada. É muito comum que se usem intervalos iguais entre trocas, o que não é correto, pois no início do desenvolvimento as plantas consomem muito menos que no final do seu desenvolvimento.
Para contornar esta situação a maneira mais fácil e simples é usar um condutivímetro. Uma solução que contêm sais tem a capacidade de conduzir a corrente elétrica. Essa capacidade de condução da corrente elétrica é tanto maior quanto maior a concentração de sais dissolvidos na solução. Assim através da redução na condutividade elétrica é possível saber quando é necessário fazer a troca da solução nutritiva.
Um exemplo de manejo da solução nutritiva é sugerido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), citado por Furlani et. al. (1999), que utiliza o critério da manutenção da condutividade elétrica, mediante a adição de solução de ajuste com composições químicas que apresentam uma relação entre os nutrientes semelhante à extraída pela planta cultivada. Furlani et. al. (1999) sugere as formulações constantes dos quadros 06 e 07 para o preparo e manejo da solução nutritiva respectivamente.
Após a adição da última solução concentrada, acrescentar água até atingir o volume de 1.000 L. Tomar a medida da condutividade elétrica. O valor da condutividade elétrica (CE) da solução nutritiva do IAC situa-se ao redor de 2,0 mS ou 2.000 mSou 1.280 ppm ou 20 CF (1 mS = 1.000 mS; 640 ppm = 1.000 mS; 1 CF = 100 mS). Pequena variação poderá ser encontrada em função da composição química da água usada para o seu preparo.
No caso de se optar pelo uso de uma solução nutritiva com condutividade de 1,0 ou 1,5 mS ou 1.000 ou 1.500 mS (recomendado para o verão e para locais de clima quente – região Norte e Nordeste), basta multiplicar por 0,50 ou 0,75 os valores das quantidades indicadas dos macronutrientes, mantendo em 100% os micronutrientes.
É conveniente que o volume do depósito seja completado quantas vezes forem necessárias durante o dia para evitar elevação muito grande na concentração salina da solução nutritiva. Para o manejo da solução durante a fase de desenvolvimento das plantas, seguir o seguinte procedimento: (a) diariamente, logo pela manhã, fechar o registro de irrigação, esperar toda a solução voltar ao depósito e completar o volume do reservatório com água e homogeneizar a solução nutritiva; (b) proceder à leitura da condutividade elétrica, retirando uma amostra do reservatório; (c) para cada diferença na condutividade inicial de 0,25 mS ou 250 mS ou 150 ppm, adicionar 1 L da solução A, 1 L da solução B e 50 mL da solução C (Quadro 07). Para os micronutrientes, a reposição também pode ser semanal, em vez de diária, através da solução C, adicionando 25% da quantidade de Fe e 50% dos demais micronutrientes, conforme o quadro 06; (d) após a adição das soluções e homogeneização da solução nutritiva, efetuar nova leitura; caso esteja na faixa adotada, abrir o registro de irrigação das plantas. É conveniente manter o reservatório de solução nutritiva sempre em nível constante, acrescentando água para repor o volume evapotranspirado. Se for favorável, o volume poderá ser completado à tarde e a condutividade elétrica medida e corrigida na manhã do dia seguinte.
Quadro 07    – Composição das soluções de ajuste para as culturas de hortaliças de folhas.
Solução
Sal ou fertilizante
Quantidade


g/10L
A
Nitrato de potássio
1.200

Fosfato monoamônio purificado
200

Sulfato de magnésio
240
B
Nitrato de cálcio Hydros® especial
600
C
Sulfato de cobre
1,0

Sulfato de zinco
2,0

Sulfato de manganês
10,0

Ácido bórico ou
5,0

Bórax
8,0

Molibdato de sódio ou
1,0

Molibdato de amônio
1,0

Tenso-Fe® (Fe EDDHMA-6% Fe) ou
20,0

Dissolvine® (FeEDTA-13% Fe) ou
10,00

Ferrilene® (FeEDDHA-6% Fe) ou
20,0

FeEDTANa2 (10 mg/ml de Fe)
120 ml
Como conseqüência dessas adições ao longo do tempo para repor as perdas por evapotranspiração (o consumo médio de água num cultivo de alface hidropônica situa-se entre 75 a 100 ml/planta/dia), poderá ocorrer desequilíbrio entre os nutrientes na solução nutritiva, com excesso de Ca e Mg em relação a K. Para contornar esse desequilíbrio, deve-se proceder à análise química da solução nutritiva e efetuar as correções nos níveis dos nutrientes, ou então renovar a solução nutritiva quando as quantidades dos nutrientes acrescentados com a água atingirem valores maiores do que os iniciais.
A renovação da solução nutritiva também é recomendada para evitar aumento nas concentrações de material orgânico (restos de planta, exsudados de raízes e crescimento de algas) que pode servir como substrato para o desenvolvimento de microorganismos maléficos. Além disso, quando a água usada para o cultivo hidropônico apresentar CE entre 0,2-0,4 mS, há uma indicação que possui sais dissolvidos (carbonatos, bicarbonatos, Na, Ca, K, Mg, S, etc.) e com o tempo de cultivo e sua constante adição para repor as perdas evapotranspiradas, ocorrerá uma diminuição gradativa da CE efetiva dos nutrientes em função do acúmulo de elementos indesejáveis.
8. Produção de Mudas para Hidroponia do tomate
Os produtores hidropônicos podem produzir suas próprias mudas ou adquirir as mesmas de viveiros idôneos que produzam mudas sadias e com garantia de qualidade.
No caso de se optar por produzir as próprias mudas os produtores devem adquirir sementes de firmas idôneas e escolher as variedades adaptadas à região.
Além de verificar a qualidade fisiológica, sanitária e genética, deve-se adquirir de preferência, sementes peletizadas, que facilitam o trabalho de plantio, pois facilitam a semeadura e dispensam o desbaste. As sementes peletizadas têm alto vigor, poder germinativo superior a 90%, pureza superior a 99% e homogeneidade de germinação.
As sementes peletizadas recebem tratamento denominados “priming”, que reduz o problema da maioria dos cultivares como a fotodormência (luz para poder germinar) e a termodormência (não germina em temperaturas acima de 23ºC). Embora esse tratamento seja muito eficiente para acelerar o processo de germinação, reduz a longevidade das sementes. Portanto, após a abertura de uma lata de sementes, mesmo com armazenamento adequado, deve-se consumí-la rapidamente (Furlani et. al., 1999).
Segundo Alberoni (1998), as mudas devem ser produzidas em estufa-maternidade, coberta por filme plástico aditivado anti-UV e antigotejo, fechada lateralmente por tela sombrite 50%, que evita a entrada de 50% de luz e de insetos transmissores de doenças. A estufa-maternidade deve permanecer sempre limpa e muito bem fechada, evitando-se a entrada de pessoas que possam trazer qualquer tipo de contaminação.
São quatro os principais tipos de substratos usados para produção de mudas para cultivo hidropônico. São eles: substrato organo-mineral, vermiculita, algodão hidrófilo e espuma fenólica. Atualmente, tem-se usado muito a espuma fenólica, por uma série de vantagens que apresenta quando comparada com os outros substratos.
Segundo Furlani et. al. (1999), a espuma fenólica é um substrato estéril, de fácil manuseio e que oferece ótima sustentação para as plântulas, reduzindo sensivelmente os danos durante a operação de transplantio. Dispensa tanto o uso de bandejas de isopor como a construção do “floating”, pois após a emergência as mudas são transplantadas diretamente para os canais de crescimento. É comercializado em placas com 2 cm ou 4 cm de espessura e com células pré-marcadas nas dimensões de 2 cm x 2 cm.
A seguir, é apresentado o procedimento recomendado para produção de mudas em placas de espuma fenólica.
a) Dividir a placa de espuma fenólica ao meio:
b) Lavar muito bem cada placa com água limpa. Uma maneira fácil de efetuar essa operação é enxaguar as placas diversas vezes para eliminar possíveis compostos ácidos remanescentes de sua fabricação. O uso de um tanque com dreno facilita o trabalho. Para evitar que a placa de espuma se quebre, usar um suporte com perfurações que poderá ser, por exemplo, a parte dorsal (base) de uma bandeja de isopor ou uma chapa de madeira, plástico, PVC ou acrílico com perfurações de 0,5-1,0 cm de diâmetro, alocadas de forma aleatória. Essas perfurações auxiliam a drenagem do excesso de água da espuma fenólica;
c) Caso as células não estejam perfuradas para a semeadura, efetuar as perfurações usando qualquer tipo de marcador com diâmetro máximo de 1,0 cm, cuidando para que os orifícios fiquem com no máximo 1 cm de profundidade. O orifício de forma cônica possibilita melhor acomodamento da semente e evita compactação da base, favorecendo a penetração da raiz na espuma fenólica.
d) Efetuar a semeadura conforme determinado para cada espécie de hortaliça. No caso da alface, usar apenas uma semente se for peletizada, ou no máximo três, se se tratar de sementes nuas (nesse caso, há necessidade de efetuar o desbaste após a emergência, deixando apenas uma plântula por célula). Para as outras hortaliças de folhas, como rúcula, agrião d’água, almeirão, salsa e cebolinha, usar quatro a seis sementes por orifício;
e) Após a semeadura, caso haja necessidade, irrigar levemente a placa com água, usando um pulverizador ou regador com crivo fino;
f) Colocar a bandeja com a placa já semeada em local apropriado para a germinação de sementes (temperatura amena e com pouca variação: de 20 a 25ºC). É comum não haver necessidade de irrigação da espuma durante o período de 48 horas após a semeadura. Entretanto, se for preciso, umedecer a placa de espuma fenólica por subirrigação, usando apenas água;
g) No período de quarenta e oito a setenta e duas horas após a semeadura, transferir as placas para a estufa, acomodando-as num local com luminosidade plena. Iniciar a subirrigação com a solução nutritiva diluída a 50%. A espuma deve ser mantida úmida, porém não encharcada. Quando a semente iniciar a emissão da primeira folha verdadeira (cerca de 7 a 10 dias após a semeadura), efetuar o transplante das células contendo as plantas para a mesa de desenvolvimento das mudas, mantendo um espaçamento entre células de 5 cm x 5 cm, caso essa mesa tenha canaletas de PVC de 50 mm, ou 7,5 cm x 5 cm, caso seja feita com telha de fibrocimento de 4 mm. Para facilitar o transplante das células de espuma para a canaleta, usar uma pinça (tira dobrada) de PVC com 1 cm de largura) para auxiliar a colocação de cada muda no fundo da canaleta. O orifício na placa de isopor de cobertura da mesa deve ser de no máximo 3,5 cm de diâmetro.
h) Quando da transferência das mudas para a mesa definitiva ou para a mesa intermediária, tomar cuidado para que o sistema radicular fique bem acomodado na canaleta de crescimento. O cubo de espuma fenólica permanece intacto com a planta até a fase final de colheita.
9. Doenças e Pragas na Hidroponia DO TOMATE
Quando se trabalha com hidroponia, a incidência de pragas e doenças é menor. Quando ocorrem, entretanto, é difícil decidir o que fazer: os produtos que controlam são testados para registro em cultivo tradicional e, por outro lado, um dos pontos fortes para a comercialização do produto hidropônico é poder propagar que não se emprega fungicidas e inseticidas no processo de cultivo. (Teixeira, 1996).
Produzir em hidroponia não significa, necessariamente, produzir sem agrotóxicos. Mesmo em hidroponia, ocorrem doenças e ataques de insetos. Naturalmente que as ocorrências são esporádicas, pois as plantas são mais protegidas das adversidades do clima, dos patógenos e dos insetos, além de serem melhor nutridas durante o ciclo.
Por outro lado, uma estufa mal planejada, ou um manejo inadequado das cortinas, ou ainda uma solução nutritiva com problemas, pode favorecer o ataque de doenças. Um ambiente quente, úmido e mal ventilado é “doença na certa”. Na hidroponia, uma vez estabelecida a doença, seu alastramento é rápido e fulminante. O mesmo acontece quando se permite o ataque de insetos. Uma vez estabelecido uma infestação, tem-se que tomar medidas rápidas de controle, principalmente quando se pretende produzir sem agrotóxicos. (www.labhidro.cca.ufsc.br).
As principais doenças que ocorrem em hidroponia atingem principalmente as raízes (contaminação da fonte de água) e, uma vez introduzidas, são altamente favorecidas pelo sistema, pelas seguintes razões:
·        cultivo adensado – proximidade entre as plantas, facilitando o contato das sadias com as contaminadas;
·        temperatura e umidade ideais ao desenvolvimento do fitopatógeno;
·        uniformidade genética – utiliza-se do plantio de uma ou, no máximo, duas variedades diferentes;
·        facilidade de disseminação em todo o sistema, através da solução recirculante;
·        liberação de exudatos, atrativos para os patógenos.
Existem diversas formas pela qual um patógeno pode ser introduzido no sistema: ar, areia, solo, turfa, substratos, água, insetos, ferramentas e sementes, entre outras.
·        A areia, constituinte do piso das estufas, pode conter propágulos de Pythium sp. Com relação aos patógenos de raiz, poucos são disseminados pelo ar, mas causa preocupação o Fusarium oxysporum, causador da podridão da raiz do tomateiro.
·        A utilização de sementes cujos fabricantes dão garantia de qualidade e sanidade evita a ocorrência de muitas doenças.
·        Os substratos utilizados devem ser inertes, pois no caso do uso de turfas pode haver contaminação por Pythium, Fusarium ou Thelaviopsis.
·        Alguns insetos, que normalmente ocorrem em um sistema hidropônico, não são considerados pragas e, com isso, não recebem a menor atenção. Mas eles podem ser importantes transmissores de patógenos, tanto pela sua introdução no sistema como pela sua disseminação. (Alberoni, 1998).
Quando ocorre a contaminação do sistema hidropônico o controle é difícil, uma vez que os patógenos se disseminam rapidamente, principalmente através da solução nutritiva, não sendo recomendados os métodos utilizados no cultivo convencional.
O que se pode recomendar é, em primeiro lugar, que se mantenha a instalação limpa. Quando não se puder evitar os produtos para controlar a infestação, trabalhar, sempre que possível, com produtos biológicos, caso contrário, então, empregar os produtos químicos menos tóxicos e respeitar os prazos de carência. (Teixeira, 1996).
Muitas vezes é necessária a adoção de mais de um método de controle, sendo eles:
·        Controle da temperatura da solução nutritiva – cada patógeno tem uma temperatura ideal e tolerante para o seu desenvolvimento;
·        Arrancar imediatamente as plantas contaminadas;
·        Identificar qual a doença ou praga e estudar tudo sobre ela;
·        Retirar a solução nutritiva para a desinfecção do reservatório e de toda a tubulação;
·        Trocar a solução e desinfetar as instalações mais rapidamente;
·        Antecipar as colheitas, podendo chegar ao caso de colocar duas ou mais plantas por embalagem de venda;
·        Rever o que pode ser melhorado nas estruturas, no manejo e na solução nutritiva;
·        Anotar a época de ocorrência da contaminação para se prevenir no próximo ano;
·        Tentar modificar as condições que são ótimas para o desenvolvimento do patógeno.
Segundo Alberoni (1998), dadas as dificuldades do controle dos patógenos e a não existência de produtos específicos para a hidroponia, a única solução é a prevenção, ou seja, a profilaxia;
·        utilizar água de boa qualidade;
·        reservatórios protegidos de contaminação;
·        lavar as bancadas, canais e equipamentos com cloro ativo a 0,1%;
·        utilizar variedades resistentes;
·        utilizar substratos inertes;
·        sementes sadias e sementeiras isoladas do sistema de produção;
·        evitar a entrada de insetos, principalmente na área de produção de mudas;
·        proibir a entrada de pessoas estranhas ao sistema;
·        evitar que fumem dentro do sistema: o fumo contém um vírus que pode infectar toda a produção.
Em relação ao cultivo convencional, a ocorrência de patógenos relacionados à hidroponia é relativamente menor. Registrou-se até o momento a ocorrência de apenas quatro viroses:
·        lettuce bib vein virus (vírus da grande nervura da alface);
·        melon necrotic spot virus (vírus da mancha necrótica do melão);
·        tomato mosaic virus (vírus do mosaico do tomateiro);
·        cucumber green mottle mosaic virus (vírus do mosaico mosqueado do pepino verde).
Duas bacterioses:
·        Clavibacter michigenense
·        Xanthomonas salacearum
E 20 fúngicas, sendo que os fungos aqui listados, além de serem os mais freqüentes, são causadores de uma real perda econômica:
·        Colletotrichum
·        Fusarium
·        Thielaviopsis
·        Verticillium
·        Pythium
·        Phytophtora
·        Plasmopara
·        Cercospora
·        Bremia
Os fungos zoospóricos (Phytophtora, Plasmopara) têm uma fase do seu ciclo vital em que produzem esporos móveis, favorecidos por ambientes aquáticos. Uma vez introduzido esse zoósporo no sistema, ele é facilmente disseminado pelas plantas através da solução.
Deve-se considerar que, devido ao microclima formado, a hidroponia pode funcionar na pressão de seleção para a ocorrência de novos patógenos, extremamente adaptáveis a essa condição. Por outro lado, patógenos considerados secundários no solo podem adquirir níveis epidêmicos, ocasionando perdas econômicas, como o caso de Cercospora sp.
O acúmulo de etileno e CO2 na solução pode causar a “podridão das raízes” sem, no entanto, haver causa patológica. São encontrados, no local, microorganismos saprófitos que colonizam os tecidos mortos.
DOENÇAS

Viroses do complexo do vira-cabeça do tomateiro
A doença vira-cabeça do tomateiro é causada por várias espécies de tospovírus na família Bunyaviridae. Dentre elas, seis ocorrem no Brasil, mas somente quatro infectam o tomateiro: Tomato spotted wilt virus (TSWV), Tomato Chlorotic spot virus (TCSV), Groundnut ringspot virus (GRSV) e Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV). As espécies TSWV, TCSV, GRSV e CSNV apresentam um amplo círculo de hospedeiros, abrangendo mais de mil espécies botânicas, principalmente nas famílias Solanaceae e Compositae. No Brasil, as espécies de tripes, Frankliniella occidentalis e F. shultzei são importantes vetores dessas espécies de tospovírus. Uma particularidade da transmissão do vírus pelo tripes é que o vetor somente pode adquirir o vírus na fase de larva, tornando-se posteriormente apto a transmiti-lo por toda a sua vida. Outra particularidade na transmissão é que também o vírus se multiplica no vetor; portanto, a relação de transmissão é do tipo circulativa/propagativa. Em geral, os tospovírus causam grandes prejuízos econômicos às hortaliças e às plantas ornamentais. Surtos epidêmicos são observados com freqüência, principalmente nas culturas de tomate, pimentão e alface.
Os sintomas observados em plantas doentes são: arroxeamento ou bronzeamento das folhas, ponteiro virado para baixo, redução geral do porte da planta e lesões necróticas nas hastes (Figura 1). Quando maduros, os frutos de tomate apresentam lesões anelares concêntricas (Figura 2). Não existem evidências de transmissão por sementes. Atualmente existem no mercado várias cultivares/híbridos de tomate mesa e indústria com resistência aos tospovírus, todas portadoras do gene de resistência Sw-5.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
x
Fig. 1 - Plantas arroxeadas.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
x
Fig. 2 - Frutos com manchas,
às vezes em forma de anéis.
Mosaico-do-fumo e mosaico-do-tomateiro
A virose do mosaico-do-fumo, causada pelo TMV (Tobacco mosaic virus), e a virose mosaico-do-tomateiro, causada pelo ToMV (Tomato mosaic virus), infectam diversas plantas. As perdas dependem da época de infecção, sendo maiores em infecções precoces. No tomateiro, esses vírus causam freqüentemente infecção latente (sem sintomas), mas estirpes severas podem induzir mosaico suave alternado com embolhamento foliar (Figura 3). No campo, a transmissão desses vírus é exclusivamente mecânica, por meio do contato direto entre plantas e mãos de operários. Outra forma de transmissão muito eficiente é por meio de sementes contaminadas.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
x
Fig. 3 - Folhas com manchas de
diferentes tonalidades de verde.
Risca do tomateiro e mosaico (Potyvirus)
Duas espécies de potyvirus infectam o tomateiro: uma estirpe do vírus Y da batata (Potato virus Y – PVY) e o mosaico amarelo do pimentão (Pepper yellow mosaic virus – PepYMV). A transmissão desses vírus se dá por meio de várias espécies de pulgões ou afídeos através de picadas de prova (transmissão não persistente); portanto, a transmissão do vírus ocorre em segundos. As formas aladas são mais importantes, epidemiologicamente, do que as formas ápteras. As infecções após a floração são menos danosas. O sintoma do PVY no tomateiro manifesta-se como mosaico e necrose generalizada das nervuras das folhas, ficando a planta com aparência de pinheiro de Natal. O PepYMV induz mosaico e deformação foliar.
Topo-amarelo e Amarelo-baixeiro
Essas doenças são causadas por vírus de um mesmo grupo (Luteovirus), ao qual também pertence o vírus-do-enrolamento-da-folha da batata. A doença topo-amarelo caracteriza-se pela presença de folíolos pequenos, com bordas amareladas e enroladas para cima, assemelhando-se a pequenas colheres. As plantas com amarelo-baixeiro apresentam as folhas de baixo geralmente amareladas e cloróticas (Figura 4). A transmissão é exclusivamente por pulgão, que, uma vez tendo adquirido o vírus, pode transmiti-lo por toda a vida, de modo persistente. A ocorrência dessas viroses é esporádica, mas surtos epidêmicos podem ocorrer.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
x
Fig. 4 - Amarelecimento e deformação
das folhas mais novas.
Geminiviroses
No Brasil, sem dúvida são os vírus que mais causam danos econômicos à cultura do tomate. Na última década, surtos epidêmicos de geminiviroses passaram a ocorrer em todas as regiões produtoras de tomate do Brasil, associados à introdução, no País, do novo biótipo de mosca branca, Bemisia tabaci biótipo B, também referida como B. argentifolii. Sendo a mosca branca um vetor muito móvel e com amplo círculo de hospedeiros, uma grande diversidade de espécies de geminivírus que estavam restritas às ervas daninhas migraram para o tomateiro. No presente, pelo menos seis novas espécies de geminivírus já estão relatadas no tomateiro, mas sua distinção no campo por meio de sintomatologia é impossível. Em geral, os sintomas manifestam-se como clorose das nervuras (Figura 5), a partir da base da folha, seguido de mosaico amarelo, rugosidade e até mesmo enrolamento das folhas (Figura 6). Quando a infecção é precoce, as perdas são totais e o controle é muito difícil, em razão da alta população de mosca branca presente no campo. A transmissão do vírus pela mosca branca é do tipo persistente ou circulativa, isto é, uma vez adquirido o vírus, a mosca passa a transmiti-lo por toda a sua vida.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 5 - Com amarelecimento
internerval.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 6 - Plantas subdesenvolvidas
e com folhas deformadas.
Controle das viroses
Para o controle de viroses, devem ser tomadas medidas preventivas e em conjunto por todos os produtores da região, pois não existem medidas curativas. Recomenda-se: plantar sementes de boa procedência, ou, caso se faça a produção própria, observar os cuidados constantes no item Produção de sementes; produzir mudas em viveiro ou telado à prova de insetos e em local isolado de campos cultivados com plantas hospedeiras, principalmente solanáceas e compostas; manter sempre limpas as mãos, instrumentos e implementos, lavando-os com sabão ou detergente após cada operação; nunca fumar durante o manuseio das mudas; evitar plantios seqüenciados e, se isso não for possível, não fazer novos plantios ao lado de campos abandonados com alta incidência de viroses; controlar adequadamente as plantas daninhas.
A aplicação de inseticidas não tem qualquer efeito no controle de viroses de transmissão não-persistente, como os potyvirus. Para vírus transmitidos de forma persistente ou circulativa, a utilização de inseticidas pode ter um efeito de reduzir a incidência da doença, desde que as medidas anteriores tenham sido observadas.

2  Sitema :Cultivo de Tomate para Industrialização

Importância econômica
A produção mundial de tomate para processamento industrial no ano 2000 foi de aproximadamente 27 milhões de toneladas. O Brasil, um dos maiores produtores mundiais, produziu em 2002 cerca de 1,28 milhão de toneladas em uma área de 18,25 mil hectares, indicando que, atualmente, nossa produtividade média é de cerca de 70 t por hectare (Tabela 1).
A produção brasileira de tomate para industrialização, ou tomate rasteiro, começou em Pernambuco, no município de Pesqueira, no final do século XVlll. Porém, a cultura experimentou um grande impulso apenas a partir da década de 1950, no Estado de São Paulo, viabilizando a implantação de diversas agroindústrias. Na década de 80, ela expandiu-se na região Nordeste, especialmente em Pernambuco e no Norte da Bahia. Em virtude das condições climáticas favoráveis existentes naquela região, imaginou-se a possibilidade de cultivar o tomateiro durante um maior período do ano, com a expectativa de evitar a formação de estoques de polpa e reduzir o período de ociosidade da indústria na entressafra. A partir de 1991, ocorreu redução da área plantada, provocada pela maior oferta de polpa no mercado internacional e pelo ataque severo da traça-do-tomateiro (Tuta absoluta).
Atualmente, a maior área cultivada com tomate industrial está na região Centro-Oeste, onde o clima seco durante os meses de março a setembro favorece o cultivo do tomateiro. Os solos profundos e bem drenados e a topografia plana facilitam a mecanização e permitem o uso de grandes sistemas de irrigação.

x

O cultivo do tomateiro exige um alto nível tecnológico e intensa utilização de mão-de-obra. Apesar do elevado índice de mecanização nas operações de preparo de solo, adubação, transplantio, irrigação e pulverização; é necessário empregar cerca de 100 homens-dia por hectare na execução das tarefas de capinas e colheitas manuais, o que dá a essa cultura elevada importância econômica e social.
Como todo produto destinado ao processamento em larga escala, os preços dos produtos derivados de tomate são muito influenciados pelo mercado internacional. Por isso, a tecnologia de produção deve buscar competitividade, reduzindo custos de produção e elevando os índices de produtividade e qualidade.

x

Tabela 1. Área cultivada e produção brasileira de tomate industrial, 1990-2002
Ano
Nordeste (PE/BA)
São Paulo
Cerrado (GO/MG)
Brasil
Área
Produção
Área
Produção
Área
Produção
Área
Produção
ha
t
ha
T
ha
t
ha
t
t/ha
1990
12.422
337.000
8.260
297.400
6.410
300.000
27.092
934.400
34,6
1991
6.877
291.000
7.620
301.000
5.050
168.000
19.547
760.000
38,9
1992
4.485
190.000
7.250
287.000
9.980
230.000
16.715
707.700
42,3
1993
5.200
180.000
5.690
237.360
6.314
273.000
17.204
690.300
40,1
1994
5.836
212.000
6.380
275.480
6.184
253.000
18.400
740.000
40,2
1995
6.000
235.500
5.560
267.300
6.000
258.500
17.560
761.300
43,2
1996
6.350
259.080
4.560
226.080
5.950
264.775
16.860
749.938
44,4
1997
8.600
160.000
4.407
322.538
9.300
613.000
22.307
1.095.538
49,0
1998
6.500
130.000
4.900
250.000
9.100
637.000
20.500
1.017.000
49,6
1999
2.850
106.000
4.300
238.000
13.400
951.000
20.550
1.295.000
63,0
2000
1.370
65.000
2.040
141.000
11.450
787.500
14.860
1.059500
66,9
2001
1.350
54.000
1.680
122.200
12.100
962.000
15.130
1.138.000
75,2
2002*
1.200
60.000
2.750
142.000
14.300
1.082.000
18.250
1.284.000
70,4
* Estimativa das indústrias
Fonte: Informações prestadas pelas Agroindústrias


Composição nutricional
O fruto do tomateiro possui em sua composição de 93% a 95% de água. Nos 5% a 7% restantes, encontram-se compostos inorgânicos, ácidos orgânicos, açúcares, sólidos insolúveis em álcool e outros compostos (Tabela 1).
Embora as vitaminas estejam presentes em uma pequena proporção do total da matéria seca, essas substâncias são importantes do ponto de vista nutricional (Tabela 2).
A composição dos frutos de tomate para indústria vem sendo alterada por meio de melhoramento genético com o objetivo de selecionar cultivares com características desejáveis para o processamento. A composição dos frutos é uma característica da cultivar, mas também pode ser influenciada pelas condições climáticas da região produtora.
Durante o processo de maturação dos frutos, ocorrem grandes transformações em suas características. Conseqüentemente, para uma comparação mais precisa das características químicas e bioquímicas entre as distintas cultivares, é necessária uma amostragem bastante cuidadosa visando comparar os frutos no mesmo estádio de maturação fisiológica. O processamento industrial também altera a composição da matéria-prima.

Tabela 1. Composição dos frutos maduros de tomate (% na matéria seca).
Açúcares (sólidos solúveis)

Glucose
22
Frutose
25
Sucrose
1
Sólidos insolúveis em álcool

Proteínas
8
Substâncias pécticas
7
Hemicelulose
4
Celulose
6
Ácidos orgânicos

Ácido cítrico
9
Ácido málico
4
Minerais

Principalmente K, Ca, Mg e P
8
Outros

Lipídios
2
Aminoácidos dicarboxílicos
2
Pigmentos
0,4
Ácido ascórbico
0,5
Voláteis
0,1
Outros aminoácidos, vitaminas e polifenóis
1,0

Tabela 2. Teores de vitaminas nos frutos maduros de tomate (valores médios por 100 g de fruto fresco).

Vitamina A (b-caroteno)
900 – 1271 i.u.*

Vitamina B1 (tiamina)
50 – 60 m g

Vitamina B2 (riboflavina)
20 – 50 m g

Vitamina B3 (ácido pantotênico)
50 – 750 m g

Vitamina do complexo B6
80 – 110 m g

Ácido nicotínico (niacina)
500 – 700 m g

Ácido fólico
6,4 – 20 m g

Biotina
1,2 – 4,0 m g

Vitamina C
15000 – 23000 m g

Vitamina E (a-tocoferol)
40 – 1200 m g

* 1 i.u. (unidade internacional) = 0,6 m g de b-caroteno.



Clima
O tomateiro é originário da costa oeste da América do Sul, onde as temperaturas são moderadas (médias de 15 ºC a 19 ºC) e as precipitações pluviométricas não são muito intensas. Entretanto, floresce e frutifica em condições climáticas bastante variáveis. A planta pode desenvolver-se em climas do tipo tropical de altitude, subtropical e temperado, permitindo seu cultivo em diversas regiões do mundo.
Fatores climáticos que afetam o desenvolvimento do tomateiro
Temperatura
A maioria dos trabalhos indica que a faixa de temperatura mínima para germinação da semente de tomateiro é de 8 a 11 ºC, sendo que a faixa de temperatura ótima para germinação situa-se entre 16 e 29 ºC (Tabela 1).
A temperatura média no período de cultivo deve ser de 21 ºC, mas a planta pode tolerar uma amplitude de 10 a 34 ºC. Quando submetida a temperaturas inferiores a 12 ºC, a planta de tomateiro tem seu crescimento reduzido, sendo sensível a geadas. A antese da primeira flor do primeiro cacho de plantas submetidas a uma temperatura média do ar de 20 ºC ocorre, normalmente, 12 dias mais cedo do que a de plantas que se desenvolvem com temperatura média de 16 ºC.
Em temperaturas médias superiores a 28 ºC, formam-se frutos com coloração amarelada (Figura 1) em razão da redução da síntese de licopeno (responsável pela coloração vermelha típica dos frutos) e aumenta a concentração de caroteno (pigmento que confere coloração amarelada à polpa). Temperaturas noturnas próximas a 32 ºC causam abortamento de flores, mau desenvolvimento dos frutos e formação de frutos ocos. A produção de pólen é afetada tanto por temperaturas altas (> 40 ºC) quanto por temperaturas baixas (< 10 ºC).
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
s
Fig. 1 - Frutos descoloridos resultantes
da ocorrência de altas temperaturas.
Temperaturas superiores a 26 ºC causam redução no ciclo da cultura. Esse fator deve ser considerado pelas firmas processadoras na fase de programação de colheita para evitar acúmulo de maturação de frutos em um mesmo período. A utilização de cultivares com diferentes ciclos de maturação, juntamente com uma boa programação de plantio, pode auxiliar no escalonamento da colheita.
Precipitação pluvial
Embora o tomateiro seja uma planta muito exigente em água, o excesso de chuvas pode limitar seu cultivo. Altos índices pluviométricos e alta umidade relativa favorecem a ocorrência de doenças, exigindo constantes pulverizações de agrotóxicos. O excesso de chuva ou de aplicação de água por irrigação prejudica também a qualidade dos frutos, por causa da redução do teor de sólidos solúveis (º Brix) e do aumento de fungos na polpa. Em solos mal drenados, pode ocorrer acúmulo de umidade, com limitação de crescimento radicular, tornando as plantas menos eficientes na absorção de nutrientes e mais suscetíveis às variações da umidade do solo.
Fotoperíodo
O tomateiro não responde significativamente ao fotoperíodo, desenvolvendo-se bem tanto em condições de dias curtos quanto de dias longos. O fotoperíodo exerce pouca influência no florescimento de L. esculentum. Entretanto, algumas espécies silvestres só florescem em dias curtos.
Pouca luminosidade provoca um aumento da fase vegetativa, retardando o início do florescimento.
Umidade relativa
Em regiões de alta umidade relativa ocorre a formação de orvalho e as folhas se mantêm úmidas por longo período do dia, principalmente aquelas localizadas na parte inferior das plantas. Isso favorece o desenvolvimento de doenças, principalmente as causadas por fungos e bactérias (ver capítulo de doenças).
Por ocasião da escolha da área, devem-se evitar locais de baixadas e vales, onde geralmente é menor a circulação do ar e, portanto, maior o período de permanência do orvalho nas plantas, especialmente nas partes mais sombreadas.
Granizo
Dependendo da intensidade, o granizo pode danificar frutos, folhas e caules (Figura 2), causando enormes perdas ou promovendo proliferação de doenças. Áreas com alta probabilidade de ocorrência de granizo não devem ser utilizadas.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
s
Fig. 2- Danos nos frutos e na
planta causados por granizo.
Época de Plantio
O tomate para processamento industrial deve ser preferencialmente plantado em épocas ou em locais de pouca precipitação pluvial e baixa umidade relativa do ar.
No oeste do Estado de São Paulo, o plantio é recomendado de fevereiro a meados de junho. Plantios antecipados (janeiro), embora comumente realizados nessa região, podem ser prejudicados por excesso de chuvas que propiciam a ocorrência da mancha-bacteriana. Nesse caso, devem-se utilizar cultivares mais tolerantes a essa bacteriose e um maior espaçamento entre plantas. Plantios mais tardios (junho/julho) sujeitarão a lavoura a chuvas durante o período de colheita e a maiores infestações de traça-do-tomateiro, prejudicando a qualidade do produto.
Na Região Nordeste, no Alto, Médio e Submédio São Francisco, a época de plantio mais recomendada é também de março a meados de junho, quando ocorrem temperaturas mais amenas e menor precipitação pluvial. Plantios mais tardios ficam sujeitos a maiores danos pela traça-do-tomateiro. Na região de Pesqueira-PE, onde predominam os cultivos não-irrigados, a época de plantio mais recomendada é do início de março até o final de abril. Visando implementar um programa de manejo integrado de pragas para a região de plantio nos Estados de Pernambuco e da Bahia, o Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária estabeleceu, pela Portaria nº 53, de 27/02/1992, os períodos limites para o plantio de tomate naquela região e ainda condicionou a concessão de crédito apenas para os produtores que obedecerem ao cronograma de plantio e que destruírem os restos culturais imediatamente após a última colheita.
Na Região Centro-Oeste, os plantios podem ser iniciados na segunda quinzena de fevereiro, podendo estender-se até meados de junho. Em fevereiro, os plantios são dificultados pela alta incidência de chuvas no período. Utilizando-se o sistema de produção de mudas em ambiente protegido para posterior transplante, é possível antecipar o início dos plantios no campo. Entretanto, em anos chuvosos, o uso das máquinas de transplante de mudas fica prejudicado, dificultando a antecipação dos plantios.
Tabela 1. Temperaturas para os diferentes estádios de desenvolvimento do tomateiro.
Estádio de desenvolvimento
Temperatura (º C)
Mínima
Ótima
Máxima
Germinação
11
16 a 29
34
Crescimento vegetativo
18
21 a 24
32
Pegamento de frutos (noite)
10
14 a 17
20
Pegamento de frutos (dia)
18
19 a 24
30
Desenvolvimento da cor vermelha
10
20 a 24
30
Desenvolvimento da cor amarela
10
21 a 32
40



Solos
Escolha da área e preparo do solo
As propriedades químicas, físicas e biológicas dos solos devem ser consideradas antes da decisão de se efetuar os plantios, devendo-se evitar áreas que tenham possibilidade de encharcamento, com topografia muito irregular e que apresentem manchas ou bancos de areia, cascalho ou pedras. Quanto aos aspectos biológicos, é importante evitar áreas com presença de patógenos. Para isso, deve-se recorrer ao histórico dos plantios anteriores, alertando-se para a ocorrência de nematóides formadores de galhas, mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), murcha-de-estenfílio, murcha-de-fusário e murcha-bacteriana. Deve-se também evitar o plantio em áreas próximas às ocupadas com outros cultivos, onde possa ocorrer a reprodução de insetos, tais como mosca-branca, tripes e pulgões, prevenindo-se contra seus danos diretos ou indiretos (vetores de viroses).
O excesso de restos culturais ou de plantas voluntárias diminui a eficiência dos equipamentos utilizados no preparo do solo, resultando na necessidade de realizar repetidamente algumas operações, tendo como conseqüência o alto movimento de máquinas, elevação dos custos e solos irregularmente preparados. Uma das formas de reduzir o volume dos restos culturais consiste em passar uma grade aradora e aguardar o período de pelo menos quinze dias, para que ocorra a decomposição parcial do material. Outra opção é realizar uma roçagem e o enleiramento dos restos vegetais.
Quanto às propriedades físicas do solo, deve-se, sempre que possível, escolher áreas com solos leves, ou seja, com boa distribuição das frações granulométricas (areia, silte e argila), profundos e permeáveis.
Antes de se iniciar a operação de preparo do solo, deve-se verificar a presença ou não de camadas adensadas. A presença e a profundidade dessas camadas adensadas são detectadas por sondagens com penetrômetros ou pela abertura de trincheiras. Deve-se também coletar amostras de solo para análise química. A aplicação de calcário, se necessária, deve ser feita dois meses antes do plantio e no período em que ainda ocorram chuvas. Quando a dosagem de corretivo recomendada for superior a 2 t/ha, a calagem deve ser dividida em duas aplicações, sendo a primeira antes da aração, e a segunda, após a primeira gradagem. Quando o solo apresentar pH acima de 5,0, a correção é complementar e o corretivo pode ser aplicado de uma só vez e incorporado.
A salinidade, ou concentração de sais solúveis no solo, avaliada pela condutividade elétrica, deve merecer atenção especial, principalmente em regiões onde a água de irrigação apresenta alta concentração de sais. O solo é considerado salino quando apresenta condutividade elétrica superior a 4 ds.m-1. Irrigação adequada e boa drenagem evitam o acúmulo de sais.
Existem várias opções de preparo do solo, e a escolha depende da disponibilidade de equipamentos, da textura, do grau de compactação do solo e do sistema de plantio.
Em solos compactados, a primeira operação é a subsolagem ou aração profunda (superior a 30 cm). A subsolagem deve ser feita com baixa umidade do solo, para ter ação lateral de quebra da camada adensada. No entanto, com solo muito seco pode ocorrer a formação de grandes torrões, dificultando as demais operações de preparo de solo e o plantio. Em alguns casos, é necessário realizar uma irrigação da camada superficial antes da aração ou da subsolagem. Após a subsolagem, deve-se usar a grade aradora e completar o destorroamento com grade niveladora.
A compactação do solo é reduzida por meio do preparo mais profundo do solo, evitando-se, sempre que possível, apenas o uso da grade aradora. Caso a implantação da cultura seja feita por meio de mudas transplantadas, não há necessidade de destorroar excessivamente o terreno, evitando-se, desse modo, maior compactação do terreno. Com semeadura direta, é indispensável eliminar os torrões e os restos de vegetação, que dificultam a distribuição das sementes e a emergência das plântulas.
Atualmente, quase todas as áreas cultivadas com tomateiro destinado ao processamento industrial são plantadas com mudas produzidas em bandejas e transplantadas com auxílio de máquinas ou até mesmo manualmente, dispensando o uso de canteiros.
Quando se pretende utilizar a colheita mecanizada, além de selecionar áreas com topografia regular e de pouco declive, deve-se ter cuidado quanto à existência de pedras, tocos e outros objetos que possam danificar o equipamento.
Correção do solo
A utilização racional da calagem e de fertilizantes é de importância fundamental na tomaticultura, uma vez que esses insumos representam, em média, 20% a 25% do custo de produção.
A acidez elevada afeta a disponibilidade dos nutrientes contidos no solo ou adicionados através da adubação, influenciando a assimilação dos mesmos pelas plantas. Estima-se que a eficiência média na assimilação dos macronutrientes primários e secundários seja de 27% quando o pH é 4,5, e de 80% quando o pH é próximo de 6,0, o que torna a calagem uma prática essencial.
A necessidade de calcário, com base na análise do solo, pode ser determinada pelos seguintes métodos:
a) Método baseado nos teores de Ca + Mg trocáveis:
t/ha de calcário = [(2, 0 - (meq Ca + Mg)/dm3)] x 2
b) Método baseado nos teores de Al, Ca e Mg trocáveis (recomendado para solos com mais de 20% de argila):
t/ha de calcário = 2, 0 x meq de Al/dm3 + [3 - (meq de Ca + Mg/dm3)]
c) Método baseado nos teores de saturação de bases:
t/ha de calcário = T(V1 – V2)/100
Onde: T (soma dos íons trocáveis) = Ca + Mg + K + (H + Al) em meq/dm3 de solo; V2 = 70, que é a % de saturação de base recomendada para o tomateiro; V1 = saturação de bases existente no solo, calculada pela fórmula: v, = S x 100/T, em que S (soma de bases trocáveis) = Ca + Mg + K em meq/dm3 de solo.
A quantidade de calcário determinada com base na análise de solo deve ser corrigida de acordo com a eficiência ou poder relativo de neutralização total (PRNT) do material a ser utilizado. É importante observar a relação entre o preço do calcário e a sua qualidade (PRNT). Deve-se preferir o uso do calcário dolomítico, que fornece simultaneamente cálcio e magnésio.


Adubação
0 tomateiro é considerado, dentre as hortaliças, uma das espécies mais exigentes em adubação. Portanto, conhecer as exigências nutricionais, os principais sintomas de deficiências e o modo de corrigi-las é fundamental para o êxito da cultura.
A absorção de nutrientes pelo tomateiro é baixa até o aparecimento das primeiras flores. Daí em diante, a absorção aumenta e atinge o máximo na fase de pegamento e crescimento dos frutos (entre 40 e 70 dias após o plantio), voltando a decrescer durante a maturação dos frutos.
A quantidade de nutrientes extraída pelo tomateiro é relativamente pequena, mas a exigência de adubação é muito grande, pois a eficiência de absorção dos nutrientes pela planta é baixa. Para os fertilizantes fosfatados, por exemplo, a taxa de absorção é de aproximadamente 10%. O restante fica no solo, na forma de resíduo, podendo ser absorvido por plantas daninhas, ser transportado pela água ou ser retido por partículas do solo.
Em média, em cada tonelada de frutos colhidos, são encontrados: 3 kg de nitrogênio; 0,5 kg de fósforo; 5 kg de potássio; 0,8 kg de cálcio; 0,2 kg de magnésio e 0,7 kg de enxofre. Em relação aos micronutrientes, as quantidades são: 5 g de boro; 25 g de zinco; 10 g de cobre; 25 g de manganês e 25 g de ferro.
Pela análise foliar, pode-se conhecer o estado nutricional da planta. Os níveis mais adequados estão na Tabela 1. As amostras para análise são coletadas 50 dias após o plantio, retirando-se a quarta folha a partir do ápice das hastes. Pelo menos 20 a 30 plantas por hectare devem ser aleatoriamente amostradas.
O uso eficiente de fertilizantes exige uma diagnose correta de possíveis problemas de fertilidade do solo e nutrição da planta, antes e após as adubações. O conhecimento do histórico da área deve também ser considerado, pois os resíduos de adubações pesadas, principalmente de micronutrientes, podem atingir níveis tóxicos. Isoladamente, a análise de solo não é um instrumento eficaz para a definição de doses e épocas de aplicação de fertilizantes nitrogenados. Nesse aspecto, a experiência local deve ser a base do manejo.
A adubação orgânica é recomendada nas dosagens de 2 a 10 t/ha (dependendo da pureza) de esterco de galinha, aplicado no sulco de plantio, ou de 6 a 20 t/ha de esterco de gado, aplicado a lanço ou no sulco. Esta prática é pouco utilizada, uma vez que os plantios de tomate para industrialização são feitos em grandes áreas.
A adubação verde também é uma prática recomendável, especialmente em locais de solos intensamente cultivados, depauperados ou de baixa fertilidade natural. A prática melhora as condições físicas do solo e reduz a população de nematóides.
De modo geral, sugere-se a aplicação de 80 a 120 kg/ha de N, 300 a 450 kg/ha de P205 e 50 a 100 kg/ha de K20. Entretanto, ressalta-se que as doses devem ser ajustadas de acordo com o solo a ser fertilizado. A dose de N pode ser menor que 80 kg/ha se o solo for rico em matéria orgânica. Para os solos intensamente cultivados, a dose de fósforo pode ser reduzida.
Sugestões de adubação para as principais regiões produtoras
Estado de São Paulo
Nas principais regiões produtoras do Estado, é comum o uso da seguinte adubação: 500 kg/ha da formulação 4-30-10 em pré-plantio e uma mistura de 500 kg/ha de 4-30-10 com 250 kg/ha de sulfato de amônio, aplicada em cobertura e incorporada 30 a 35 dias após a emergência.
Região do submédio São Francisco
Em latossolos recém-desbravados, sugere-se o mesmo sistema de adubação para os solos do Estado de São Paulo. Em solos com exploração intensiva, a adubação com P e K deve ser feita com base na análise do solo
A adubação nitrogenada deve ser feita com 30 kg/ha de N no plantio e 60 kg/ha de N em cobertura.
Região dos Cerrados
Considerando os níveis de fertilidade obtidos pelo teor de P e K encontrados na análise do solo, recomenda-se a aplicação das seguintes quantidades desses elementos para a região de Brasília
A adubação nitrogenada é feita com 120 kg/ha de N, sendo que 40 a 60 kg/ha são aplicados no plantio, juntamente com fósforo e potássio, e o restante na forma de nitrocálcio, em cobertura, 25 a 30 dias após o plantio.
A adubação com micronutrientes deve ser feita com substâncias compostas e de lenta solubilidade, contendo três ou mais micronutrientes (FTE BR 12). Juntamente com a adubação de plantio, recomenda-se, em média, 80 kg/ha de FTE ou a aplicação de bórax (30 kg/ha) mais sulfato de zinco (30 kg/ha). A aplicação de adubos formulados contendo B e Zn é uma maneira mais prática de uniformizar sua distribuição. Solos que apresentem teores de B e Zn menores que 1,5 e 5,0 ppm, respectivamente, devem receber adubação com estes elementos.
Na região de cerrado de Patos de Minas-MG, recomenda-se a adubação de 500 a 700 kg/ha da fórmula 4-30-10, contendo B e Zn. A mesma adubação é repetida em cobertura, associada com a adubação nitrogenada, procurando-se elevar a dose total de nitrogênio para 100 a 150 kg/ha. Em solos mais pobres, deve-se utilizar 400 kg/ha de termofosfato magnesiano com micronutrientes (B, Zn, Mn, Cu, Mo), juntamente com o adubo formulado de N , P e K .
Tabela 1. Níveis adequados de nutrientes obtidos em análise foliar de tomateiro.
Nutriente
Teor (%)
Nutriente
Teor (ppm)
Nitrogênio
4,0 a 6,0
Boro
50 a 70
Fósforo
0,25 a 0,75
Zinco
60 a 70
Potássio
3,0 a 5,0
Cobre
10 a 20
Cálcio
1,5 a 3,0
Manganês
250 a 400
Magnésio
0,4 a 0,6
Ferro
400 a 600
Enxofre
0,4 a 1,2





Deficiências nutricionais
A falta ou insuficiência de nutrientes debilita e atrasa o desenvolvimento das plantas, que passam a apresentar sintomas de deficiência nutricional.
Os principais sintomas de deficiência nutricional, fatores associados e medidas de correção são relacionados a seguir.
Nitrogênio: A exigência do elemento é maior nos primeiros estádios de crescimento. Em sua falta ou insuficiência, o crescimento da planta é retardado e as folhas mais velhas tornam-se verde-amareladas (Figura 1). Se a falta do nutriente for prolongada, toda a planta apresentará esses sintomas. Em casos mais severos, ocorre redução do tamanho dos folíolos, e as nervuras principais apresentam uma coloração púrpura, contrastando com um verde-pálido das folhas. Os botões florais amarelecem e caem.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 1 - Clorose por deficiência de nitrogênio.
As condições que predispõem à deficiência são: insuficiência de fertilizante nitrogenado, baixo nível de matéria orgânica no solo, elevado nível de matéria orgânica não decomposta no solo, deficiência de molibdênio (Mo), compactação do solo, intensa lixiviação e seca prolongada. A correção faz-se pela aplicação de nitrogênio, preferencialmente na forma nítrica, em cobertura ou foliar.
Fósforo: A deficiência de fósforo é observada com freqüência em solos de baixa fertilidade e nos que possuem elevada taxa de adsorsão desse nutriente, como os solos de cerrados. A taxa de crescimento das plantas é reduzida desde os primeiros estádios de desenvolvimento (Figura 2). As folhas mais velhas adquirem coloração arroxeada, em razão do acúmulo do pigmento antocianina (Figura 3). Em estádios de desenvolvimento mais tardios, as folhas apresentam áreas roxo-amarronzadas que evoluem para necroses. Essas folhas caem prematuramente, e a planta retarda sua frutificação.


Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 2 - Menor crescimento de plantas
por causa da deficiência de fósforo.
Semeio fora da linha de adubação
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 3 - Folhas arroxeadas em razão
da deficiência de fósforo.
A absorção de fósforo pelo tomateiro é afetada principalmente pela concentração de fósforo na solução do solo. A acidez ou a alcalinidade do solo, o tipo e a quantidade de argila predominante, o teor de umidade, a compactação do solo, o modo de aplicação dos fertilizantes e as temperaturas baixas na fase de emergência das plantas também afetam a absorção desse nutriente. A correção do solo pode ser feita preventivamente com a aplicação de adubo fosfatado antes do plantio.
Potássio: É o nutriente mais extraído pelo tomateiro. A deficiência de potássio torna lento o crescimento das plantas; as folhas novas afilam e as velhas apresentam amarelecimento das bordas, tornando-se amarronzadas e necrosadas (Figura 4). O amarelecimento geralmente progride das bordas para o centro das folhas. Ocasionalmente verifica-se o aparecimento de áreas alaranjadas e brilhantes. A falta de firmeza dos frutos, em muitos casos, é também devida à deficiência de potássio.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 4 - Queima das bordas das
folhas, deficiência de potássio.
O teor de potássio no solo, a taxa de lixiviação, a calagem excessiva ou a presença de altos teores de cálcio, magnésio e amônia no solo afetam a disponibilidade de potássio para a planta. A correção pode ser feita com a adubação em cobertura de sulfato ou cloreto de potássio, seguida de irrigação.
Cálcio: O sintoma característico da deficiência de cálcio inicia com a flacidez dos tecidos da extremidade dos frutos, que evolui para uma necrose deprimida, seca e negra (Figura 5). O sintoma é conhecido como podridão estilar ou "fundo-preto". Em condições em que ocorrem períodos curtos de deficiência – principalmente quando ocorrem mudanças bruscas de condições climáticas –, observam-se tecidos necrosados no interior dos frutos, cujo sintoma é conhecido como coração preto (Figura 6). Eventualmente verificam-se, em condições de campo, deformações das folhas novas e morte dos pontos de crescimento.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 5 - Podridão estilar ou fundo-preto, causado por deficiência de cálcio.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 6 - Necrose interna do fruto ou
coração-preto, deficiência de cálcio.
Geralmente, qualquer fator que diminua o suprimento de cálcio, ou interfira em sua translocação para o fruto, pode provocar deficiência. Assim, fatores como irregularidade no fornecimento de água, altos níveis de salinidade, uso de cultivares sensíveis, altos teores de nitrogênio, enxofre, magnésio, potássio, cloro e sódio na solução do solo, pH baixo, utilização de altas doses de adubos potássicos e nitrogenados – principalmente as fórmulas amoniacais – e altas taxas de crescimento e de transpiração contribuem para o aparecimento do sintoma.
Previne-se a deficiência de cálcio com a aplicação adequada de corretivos e com a adoção de um manejo eficiente de irrigação, evitando que a planta sofra estresse hídrico, principalmente nas fases de florescimento e crescimento dos frutos. A correção da deficiência é feita com pulverização foliar de cloreto de cálcio a 0,6%, dirigida às inflorescências.
Magnésio: A deficiência de magnésio é bastante comum em plantações de tomate e caracteriza-se por uma descoloração das margens dos folíolos mais velhos, que progride em direção à área internerval, permanecendo verdes as nervuras (Figura 7). Quando a deficiência é mais severa, as áreas amarelas vão escurecendo, tornando-se posteriormente necrosadas. Sintomas causados por infecção de vírus podem ser confundidos com deficiência de magnésio.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 7 - Folíolos com descoloração da área internerval,
permanecendo verdes as nervuras, deficiência de magnésio.
Solos ácidos, arenosos, com alto índice de lixiviação e altos níveis de cálcio, potássio e amônio afetam a disponibilidade de magnésio. Previne-se a deficiência com a aplicação adequada de calcário dolomítico ou de sulfato de magnésio (30 kg/ha) no solo, antes do plantio. A correção pode ser feita com pulverização foliar de sulfato de magnésio a 1,5%. A aplicação foliar conjunta de uréia favorece a absorção de magnésio.
Enxofre: Os sintomas de deficiência de enxofre são semelhantes aos de nitrogênio, ou seja, as folhas apresentam coloração verde-amarelada. Entretanto, neste caso, as folhas novas são as primeiras a serem afetadas. As plantas deficientes geralmente apresentam o caule lenhoso, duro e de pequeno diâmetro.
As condições que promovem a deficiência de enxofre são as mesmas relatadas para o nitrogênio, acrescidas de excessivo uso de "adubos concentrados", normalmente sem enxofre. Não há necessidade de adubação específica para fornecimento de enxofre. Em casos especiais, a utilização de gesso agrícola, na dosagem de 800 kg/ha, aplicado antes do plantio, juntamente com a calagem, ou a aplicação de sulfato de potássio ou de magnésio, no plantio, previnem a deficiência.
Boro: Na deficiência de boro, as folhas novas do tomateiro tornam-se bronzeadas, ocorrendo, em seguida, morte das gemas e das folhas. O pecíolo torna-se quebradiço e a planta murcha nas horas mais quentes do dia, em razão dos danos provocados ao sistema radicular. Sintomas de clorose e deformação das folhas novas (Figura 8) são muitas vezes confundidos com o sintoma da virose "Topo-amarelo". Os frutos apresentam manchas necróticas de coloração marrom, principalmente perto do pedúnculo, e não desenvolvem totalmente a cor vermelha. As paredes do fruto tornam-se assimetricamente deprimidas e os lóculos se abrem (Figura 9).

Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 8 - Lóculos abertos, sintoma
de deficiência de boro
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 9 - Ponteiros necrosados,
deficiência de boro.
As condições que predispõem a deficiência de boro são: calagem excessiva, solos arenosos e elevado índice de precipitação pluviométrica. A prevenção da deficiência faz-se com a aplicação de bórax na adubação de plantio (30 kg/ha). A correção durante o cultivo pode ser feita com pulverização foliar de bórax a 0,25%.
Molibdênio: Os sintomas de deficiência de molibdênio expressam-se em condições de carência de nitrogênio, apresentando um amarelecimento das folhas mais velhas e possíveis necroses marginais com acúmulo de nitrato. Solos com pH abaixo de 5,0 predispõem a deficiência desse nutriente.
A correção se faz com a calagem e a aplicação de 1 a 2 kg/ha de molibdato de amônio no solo, ou com pulverização foliar a 0,3%. Não se deve fazer mais de uma aplicação de molibdato no solo, já que os níveis tóxicos são facilmente atingidos.
Zinco: Os sintomas de deficiência de zinco manifestam-se nas partes mais novas da planta, com o encurtamento dos entrenós, ligeira clorose das folhas, redução do tamanho e deformação das folhas (Figura 10). Excesso de calagem, elevado índice de lixiviação e alta concentração de fósforo no solo favorecem a deficiência. A prevenção é feita com a aplicação de sulfato de zinco, na dosagem de 30 kg/ha, junto com a adubação de plantio. A correção pode ser feita com pulverização foliar de sulfato de zinco, na dosagem de 15 g/L de água.






Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 10 - Folíolos pequenos, deficiência de zinco.



Cultivares
Os recursos genéticos do tomateiro têm sido exaustivamente explorados em todo o mundo. No mercado internacional são encontradas centenas de cultivares com diversas características. No Brasil, as cultivares de polinização aberta foram rapidamente substituídas por híbridos. Em 1998, informações obtidas nas indústrias processadoras indicaram que 45% da área plantada foi ocupada por cultivares híbridas; em 2002, a quase totalidade da área foi cultivada com híbridos F1.
Na escolha de uma cultivar, deve-se levar em consideração as seguintes características:
Ciclo
A maior parte das cultivares listadas nos catálogos das firmas de sementes possuem ciclo de 95 a 125 dias (Tabela 1). Entretanto, o período de cultivo é dependente das condições climáticas, da fertilidade do solo, da intensidade de irrigação, do ataque de pragas e da época de plantio. Plantios realizados de fevereiro a março ou de junho a julho resultam em redução do ciclo da cultura em até quinze dias. Em condições de temperaturas altas, o ciclo é geralmente acelerado, formando-se plantas de menor porte e com maturação mais concentrada de frutos. Alto teor de nitrogênio disponível para a planta resulta no prolongamento do ciclo, retardando a maturação dos frutos e promovendo a formação de novas brotações.
Sólidos solúveis
É uma das principais características da matéria-prima. Quanto maior o teor de sólidos solúveis (ou ºBrix), maior será o rendimento industrial e menor o gasto de energia no processo de concentração da polpa. Em termos práticos, para cada aumento de um grau Brix na matéria-prima, há um incremento de 20% no rendimento industrial. Obtém-se, também, a estimativa do rendimento de polpa, utilizando-se a fórmula abaixo:
P(t/ha de polpa)= [ (produção(t/ha) x 0,95) x ºBrix do suco] / 28
O teor de sólidos solúveis no fruto, além de ser uma característica genética da cultivar, é influenciado pela adubação, temperatura e irrigação. Os valores médios de Brix na matéria-prima recebida pelas indústrias no Brasil têm sido bastante baixos (4,5 ºBrix). Entretanto, existem cultivares que possuem maior potencial genético, apresentando, em determinadas condições, valores próximos de 6,0 ºBrix (Tabela 1).
Viscosidade aparente ou consistência
É um fator importante de qualidade dos produtos industrializados (sucos, catchups, molhos, sopas e pastas) e mede a resistência encontrada pelas moléculas ao se moverem no interior de um líquido. Produto com boa viscosidade tem aspecto pastoso, enquanto o de baixa viscosidade tem aspecto "aguado". Nos produtos derivados de tomate, mede-se, na verdade, a "viscosidade aparente" ou consistência. A consistência do produto processado depende da quantidade e extensão da degradação da pectina, da cultivar, do grau de maturação com que os frutos são colhidos e do processamento industrial.
Coloração
A cor é um parâmetro essencial para classificar o produto industrializado. O fruto deve apresentar cor vermelho-intensa e uniforme, externa e internamente. Tomates com boa coloração apresentam teores de licopeno (pigmento responsável pela coloração vermelha) na faixa de 5 a 8 mg/100 gramas de polpa. Algumas cultivares apresentam "ombro verde" por causa da maturação tardia da região superior do fruto. Os tecidos nessa região podem ficar endurecidos e amarelados. A cor e a uniformidade de maturação podem ser mais bem observadas fazendo-se cortes transversais na região do ombro e na base do fruto.
Cobertura foliar
As folhas protegem os frutos contra o excesso de radiação solar, que pode causar a escaldadura. Entretanto, o excesso de folhas dificulta a distribuição uniforme de agrotóxicos e mantém maior umidade sob as plantas, favorecendo o desenvolvimento de patógenos. Os frutos que crescem cobertos por uma densa massa foliar são mais sujeitos à escaldadura quando ocorre a desfolha, que é geralmente causada por pragas e patógenos. A escaldadura ocorre também nos frutos imaturos que permanecem nas plantas expostos diretamente ao sol após a primeira colheita.
Acidez
Além de influenciar no sabor, a acidez da polpa interfere no período de aquecimento necessário para a esterilização dos produtos. Em geral, é desejável um pH inferior a 4,5 para impedir a proliferação de microrganismos no produto final. Valores superiores requerem períodos mais longos de esterilização, ocasionando maior consumo de energia e maior custo de processamento. Outro parâmetro é a acidez total, que mede a quantidade de ácidos orgânicos e indica a adstringência do fruto. Como o pH, a acidez total influencia o sabor. Esse parâmetro é avaliado por meio de titulação com NaOH, sendo os resultados expressos em concentração de ácido cítrico. Frutos apresentando valores de ácido cítrico abaixo de 350 mg/100g de peso fresco requerem aumento no tempo e na temperatura de processamento, para evitar a proliferação de microrganismos nos produtos processados.
Firmeza
A firmeza do fruto confere resistência a danos durante o transporte, que comumente é feito a granel. Os frutos considerados moles são mais sujeitos a deformações e ao rompimento da epiderme, com liberação do suco celular, ocorrendo fermentação e deterioração. Além das características genéticas, a nutrição da planta, a disponibilidade de água no solo e o estádio de maturação afetam essa característica. Os frutos devem possuir casca espessa e firme, polpa compacta e sem espaços vazios.
Concentração de maturação
Com a utilização da colheita mecanizada, a concentração da maturação dos frutos tornou-se uma característica importante a ser considerada na escolha da cultivar. A concentração de maturação também é influenciada pelas condições climáticas, teor de umidade no solo e época de paralisação da irrigação.
Resistência a doenças
As cultivares devem apresentar tolerância ou resistência ao maior número de doenças possível, principalmente às de difícil controle, tais como: murcha-de-fusário, mancha-de-estenfílio, pinta-bacteriana, mancha-bacteriana, murcha-de-verticílio, nematóides, tospovírus, geminivírus (Tabela 1).
Retenção de pedúnculo
Em algumas cultivares, o pedúnculo dos frutos não apresenta a camada de abscisão conhecida como “joelho”, sendo, por isso, denominadas de jointless, ousem joelho”. Nessas cultivares, o pedúnculo permanece aderido à planta quando o fruto é destacado, facilitando a operação de colheita manual e evitando o trabalho de remoção dos pedúnculos na linha de processamento.
A intensidade da fixação do fruto à planta depende também da superfície de contato do pedúnculo com o fruto. Esse fator afeta o rendimento da colheita mecanizada, pois os frutos que se destacam facilmente caem durante a operação de corte da planta, enquanto que os frutos firmemente aderidos à planta são descartados juntamente com os resíduos do vegetal.
Formato e tamanho do fruto
Dependendo do tipo de produto processado a que se destina o tomate, existe certa preferência por determinados formatos de fruto. As cultivares com frutos do tipo periforme e oblongos são as preferidas para a produção de frutos pelados inteiros e também para a produção de tomate em cubos.
Tabela 1. Características de algumas das principais cultivares e híbridos de tomate para processamento industrial que estão sendo plantados e/ou testados no Brasil.
Cultivares / Híbridos
Dias para maturação
ICM*
Brix
Resistência a doenças
Origem
IPA-6
120 a 125
1
5,0 a 5,5
Fol-1 Fol-2 N
IPA
Viradoro
100 a 120
2
4,4 a 4,8
Ve-1 Fol-1 N St VC
Embrapa/ IPA
Ap533
115 a125
2
5,0 a 5,5
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst
Seminis
Heinz 9553
110 a 120
2
4,9 a 5,1
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N St
Heinz
Heinz 9665
120 a 125
1
4,9 a 5,1
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst St
Heinz
Heinz 9992
100 a 120
1
5,0 a 5,3
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst Cmm
Heinz
H 7155N
100 a 110
2
4,5 a 5,0
Ve-1 Fol-1 N
Heinz
Hypeel 108
120 a 125
2
5,0 a 5,4
Ve-1 Fol-1 Fol-1 N Pst
Seminis
Malinta
110 a 120
1
4,8 a 5,5
Ve-1 Fol-1
Sakata
Calroma
110 a 120
2
4,3 a 4,6
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst
United Genetics
RPT1570
100 A 115
2
5,0 a 5,5
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst
Rogers
Calmarzano
120 a 122
2
4,3 a 4,6
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst
United Genetics
(*) ICM = Índice de concentração de maturação de frutos (1 = alta concentração; 4 = baixa concentração; Ve-1 = resistência a Verticillium raça 1; Fol-1 = resistência a Fusarium raça 1; Fol-2= resistência a Fusarium raça 2; N = resistência a Nematóides; St = resistência a Stemphyllium spp.; Pst = resistência a Pinta-bacteriana (Pseudomonas syringae pv. tomato); Cmm = tolerância a cancro bacteriano (Clavibacter michiganense); VC = resistência ao vira-cabeça.
 Fonte: Compilado de Catálogos de Empresas de Sementes


Produção de mudas
A produção de mudas pode ser feita em bandejas de isopor e tem a vantagem de facilitar a semeadura e o manuseio das mesmas; permitir melhor controle sanitário e nutricional; facilitar o transporte para o local definitivo; e reduzir a necessidade de replantio.
Recomenda-se utilizar bandejas com 200 células. Entretanto, alguns viveiristas têm utilizado bandejas com 288 células, com tendência para se utilizar bandejas com até 400 células. Nesse caso, em função do pequeno volume de substrato disponível em cada célula, as mudas se formam com pequeno volume de raízes, aumentando o risco de ocorrência de deficiência nutricional. Recomendam-se, portanto, adubações complementares e regulares com macro e micronutrientes.
As mudas devem ser uniformes, evitando-se o uso daquelas muito pequenas, que ficam facilmente enterradas, e de mudas muito estioladas, que são facilmente danificadas durante o transplante com máquinas.
A estrutura de proteção (Figura 1) para a produção das mudas deve ser coberta com plástico apropriado e fechada lateralmente com tela de malha estreita, para impedir a entrada de insetos, principalmente os afídios. Em locais com temperatura elevada e baixa umidade relativa é recomendável a colocação de tela do tipo sombrite, com 60% de sombra, na parte interna da casa de vegetação, a uma altura de 2,5 m, para reduzir a evapotranspiração.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 1 - Telados para produção de mudas.
As bandejas devem ser colocadas sobre suportes para que fiquem a 30 cm do solo (Figura 2). O sistema mais comum e barato para construção dos suportes consiste em esticar fortemente dois ou três fios paralelos de arame de aço galvanizado, distanciados de 45 cm quando utilizar dois fios, ou 15 cm quando utilizar três fios, para sustentar cada fileira de bandejas. De dois em dois metros são colocados suportes para evitar o arqueamento dos fios (Figura 3 e Figura 4)




Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 2 - Bandejas com mudas e estrutura para suporte das bandejas
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 3 - Estrutura para suporte das bandejas.

Desenho: João Bosco C. Silva
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Fig. 4 - Detalhe esquemático para construção do suporte das bandejas.
Para enchimento das células das bandejas, utiliza-se um substrato composto por vermiculita expandida, casca de pinus, casca de arroz carbonizada e fertilizantes. Nas bandejas de 200 células, cada célula recebe de 10 a 15 g de substrato, o que equivale a cerca de 4,2 litros de substrato por bandeja. Esse substrato pode ser adquirido comercialmente ou produzido na propriedade, desde que se teste a proporção dos ingredientes, antes de se iniciar a produção de mudas em grande escala.
Após o enchimento das células, faz-se a compactação do substrato e a abertura dos furos com 1 cm de profundidade (um furo por célula). Coloca-se uma ou duas sementes por furo, recobrindo-as em seguida com substrato peneirado ou com vermiculita pura de granulometria média ou fina. Gastam-se aproximadamente 90 a 100 g de sementes para produzir mudas para um hectare. Para produção de mudas em grande escala, a semeadura nas bandejas pode ser feita por máquinas automáticas de precisão que têm rendimento de 120 a 300 bandejas por hora (Figura 5). Após a semeadura, as bandejas são umedecidas e armazenadas em pilhas, por 72 horas, em um galpão coberto. Durante esse período, as sementes iniciam o processo de germinação, em seguida as bandejas são transferidas para as casas de vegetação ou telados.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 5 - Máquina para semeadura em bandejas.
Independentemente do número de células na bandeja, é relativamente pequeno o volume de substrato contido em cada célula e a quantidade de água retida. À medida que as mudas se desenvolvem, a água disponível se esgota em períodos cada vez mais curtos, exigindo irrigações cada vez mais freqüentes.
Durante o crescimento das mudas, pode haver o esgotamento de nutrientes, ocasionando sintomas de deficiência, principalmente de nitrogênio. Para a correção da deficiência, faz-se a aplicação de uréia a 0,5% ou fosfato monoamônico a 0,5% pela água de irrigação ou por via foliar, juntamente com a pulverização de agrotóxicos. Dependendo da composição do substrato pode ser necessário aplicar outros nutrientes. Nesse caso, recomenda-se um fertilizante foliar formulado com micro e macronutrientes, seguindo a recomendação do fabricante. A aplicação de nutrientes e a irrigação na fase de produção de mudas deverão ser uniformes evitando-se, desse modo, que as mudas fiquem desuniformes, dificultando as operações de transplante e colheita.
Na semana que antecede ao transplante, deve-se proceder o "endurecimento" das mudas, reduzindo a quantidade de água e o fornecimento de nitrogênio. Essa técnica evita que as mudas fiquem muito vigorosas e tenras, facilitando o transplante mecanizado e melhorando o seu pegamento.
Quando são utilizadas bandejas de isopor, as mudas são transplantadas no mesmo estádio que aquelas produzidas em sementeiras (4 ou 5 folhas definitivas). Nessa fase, as mudas encontram-se perfeitamente enraizadas, dando bastante consistência ao torrão (Figura 6). Deve-se fazer uma irrigação no momento que antecede ao transplante. Geralmente as bandejas são mergulhadas em uma solução contendo fungicidas (Metalaxyl + Mancozeb) e inseticida (Imidacloprid), com a finalidade de proteger as mudas durante os primeiros dias após o transplante.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 6 - Muda no estádio ideal para transplante.
As bandejas e as caixas utilizadas no transporte de mudas devem ser lavadas e desinfestadas após cada utilização, submergindo-as em uma solução contendo 2% de hipoclorito de sódio (água sanitária) por aproximadamente um minuto.
O transporte das mudas dentro da propriedade é feito geralmente em carretas. Quando o viveiro encontra-se distante da área de plantio, utilizam-se para o transporte estruturas metálicas montadas na carroceria de caminhões (Figura 7), protegidas com plástico de uso agrícola, para evitar a desidratação rápida das mudas. Para o transporte a longa distância, são utilizados caminhões com carroceria do tipo baú.




Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 7 - Estrutura para transporte de mudas em caminhões.
As mudas transportadas para o local de plantio devem ser protegidas com sombrite (Figura 8) e irrigadas freqüentemente, para evitar o seu rápido dessecamento, enquanto se aguarda o transplante.
O transplante (Figura 9), deve ser realizado com o solo umedecido. Para isso deve ser feita a irrigação com antecedência.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 8 - Proteção das mudas no campo enquanto se aguarda o transplante.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 9 - Transplante mecanizado


Plantio
Detalhes sobre escolha da área e preparo do solo, veja o item solos.
Atualmente, quase todas as áreas cultivadas com tomateiro destinado ao processamento industrial são plantadas com mudas produzidas em bandejas e transplantadas com auxílio de máquinas ou até mesmo manualmente, dispensando-se o uso de canteiros.
Para esse sistema, utiliza-se primeiramente um equipamento distribuidor de fertilizante dotado de sulcadores, distribuídos com espaçamento correspondente ao do sistema de distribuição de mudas da transplantadeira mecânica. No ato da distribuição do fertilizante, promove-se, então, o sulcamento e a fertilização, aplicando-se o fertilizante imediatamente atrás do sulcador.
Na operação de transplante, o sistema de distribuição de mudas dispõe de um sulcador que é regulado para coincidir com a linha anteriormente fertilizada, visando promover a incorporação do fertilizante no solo e evitar o contato direto das raízes das mudas com o fertilizante.
Métodos de plantio
O sistema de transplante tem como vantagens: menor gasto de sementes; menor tempo de permanência da planta no campo; redução das despesas com irrigações e pulverizações; e redução dos níveis de infecção precoce por Geminivírus e Tospovírus (ver capítulo de doenças). Em razão do alto custo do transplante manual – que é muito trabalhoso e demorado, exigindo de oito a dez dias-homens/ha –, este sistema somente se viabilizou com a introdução das máquinas transplantadeiras (Figura 1). Entretanto, a produção de mudas tem de ser feita sob rigoroso controle sanitário para evitar que elas sejam foco de disseminação de pragas e doenças.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 1 - Transplante mecanizado de mudas.
A introdução do sistema de transplante de mudas viabilizou, ainda, a utilização de cultivares híbridas, cujas sementes têm custo muito superior ao das cultivares de polinização aberta. O modelo de transplantadeira atualmente comercializado no Brasil tem capacidade para transplantar cerca de 120 mil mudas/dia, correspondendo ao plantio de quatro hectares de lavoura, empregando mudas produzidas em bandejas.
No transplante, utilizam-se fileiras simples, distanciadas de 1,0 a 1,2 m, com cinco plantas por metro linear, o que corresponde a uma população variável de 42 mil a 50 mil plantas/ha. Atualmente, com a utilização de cultivares híbridas mais vigorosas, existe a tendência de se utilizar, na Região Centro-Oeste, populações de 30 mil a 35 mil plantas por hectare; porém, em algumas regiões, vêm sendo utilizadas menos de 30 mil plantas por hectare.
Com transplantadeira mecânica e fileira simples, o espaçamento é de 1,0 m entre linhas e três plantas por metro linear, resultando em uma população de 30 mil plantas/ha. Com fileiras duplas, o espaçamento mais utilizado é o de 1,2 m entre as fileiras duplas e 0,7 m entre as linhas de cada fileira dupla.
Plantios adensados dificultam os tratos culturais e propiciam o aumento da umidade na superfície do solo, o que favorece o ataque de fungos causadores de podridões.
Plantio direto na palha
Esse sistema consiste em efetuar o plantio das sementes ou o transplantio das mudas sem realizar o preparo do solo com aração e gradagem, mantendo a palha da cultura anterior (Figura 2). A presença da palha protege a terra contra o impacto da chuva ou da irrigação por aspersão, favorece o controle de plantas daninhas e cria um ambiente favorável ao bom desenvolvimento do sistema radicular do tomateiro.

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Fig. 2 - Cultura de tomate utilizando o
sistema de plantio direto na palha.
Recentemente, o transplantio de mudas de tomateiro direto na palha vem sendo avaliado e introduzido na Região Centro-Oeste. Esse sistema tem como principais vantagens a melhor conservação do solo e o menor uso de máquinas na lavoura.
Nas regiões onde o tomateiro é cultivado em solos de cerrado, existe a dificuldade de implantação de culturas para a produção de palha visando à cobertura do solo. Entre as alternativas de sucessão, pode-se usar o arroz ou o milho, visando à produção de grão, ou o milheto, apenas para a produção de palhada. Como o tomateiro é plantado no período de março a meados de junho, as espécies anteriormente mencionadas são boas alternativas.
O milheto é semeado aproximadamente 55 dias antes do transplantio, utilizando-se 20 kg de sementes por hectare. O semeio pode ser feito a lanço, incorporando as sementes com uma grade niveladora.
A aplicação do herbicida visando à dessecação é feita aproximadamente 45 dias após a germinação e 10 dias antes do transplantio. O tombamento da palha do milheto pode ser feito com grade leve fechada, rolo faca ou pneu deitado, antes ou após a dessecação.
A adubação para o tomateiro é feita na profundidade de 7 a 12 cm, para evitar que as raízes das mudas entrem em contato direto com o fertilizante. Essa operação é realizada com uma adubadeira adaptada com um disco de corte e um sulcador denominado "botinha", que atua como um pequeno subsolador que trabalha à profundidade de aproximadamente 20 cm. Imediatamente atrás do sulcador, é colocada a saída de fertilizante. O número de distribuidores de fertilizantes colocados na barra de ferramentas da adubadeira e a distância entre eles deve ser igual ao número de distribuidores de mudas e a distância entre eles, para que haja coincidência das linhas e não ocorra deficiência de nutrientes em função do desvio entre as linhas de adubação e de transplante.
O maior aproveitamento da produção em função da redução das perdas por podridões e a bonificação recebida pela alta qualidade da matéria-prima têm incentivado o uso dessa técnica.
Semeadura direta
No caso de plantio por semeadura direta em fileiras simples, deve-se fazer uma ou duas gradagens e, logo a seguir, as operações de encanteiramento, sulcagem, adubação e semeadura. Quando os solos são do tipo leve e bem drenados, pode-se dispensar o levantamento de canteiros, principalmente quando se dispõe de sulcadores bem adaptados para fazer uma boa operação de amontoa. Se o plantio for em fileiras duplas, utiliza-se o rotoencanteiradorEncanteirador dotado de enxada rotativa e, sobre os canteiros, é feita a semeadura com semeadeira-adubadeira. Esse processo dispensa outra gradagem.
A adaptação de um distribuidor de adubo entre o trator e o rotoencanteirador possibilita aplicação e incorporação do fertilizante na mesma operação. O rotoencanteirador exige grande potência do trator e o trabalho é realizado em marcha reduzida, resultando em baixo desempenho. Além do elevado consumo de energia, as enxadas rotativas pulverizam o solo, destruindo sua estrutura. Adaptando-se dois sulcadores laterais a uma distribuidora de adubos, faz-se simultaneamente a adubação, incorporação do adubo e levantamento dos canteiros. Em seguida, passa-se o rotoencanteirador, regulado para triturar apenas a camada superior do canteiro. Dessa forma, o encanteirador não pulveriza o solo, auxilia na incorporação e na melhoria da distribuição do adubo e exige menor potência do trator.

Irrigação

Da semeadura à emergência das plântulas, as irrigações devem ser leves e freqüentes, de modo a manter os primeiros 10 cm do solo sempre umedecidos. Nessa fase, o turno de rega deve ser de 1 a 2 dias, dependendo do tipo de solo e das condições climáticas. Em solos arenosos e/ou em regiões de temperatura elevada e de baixa umidade relativa do ar, o turno de rega deve ser diário. Irrigações freqüentes também são recomendadas por ocasião do transplante. Neste caso, deve-se irrigar preferencialmente pela manhã, quando a temperatura é mais amena e as plantas estão geralmente túrgidas.
Dependendo do tipo de solo e do clima da região, as irrigações devem ser paralisadas 20 a 30 dias antes do início da colheita, quando as plantas apresentarem cerca de 20% de frutos maduros. Essa medida visa concentrar a maturação de frutos e aumentar a concentração de sólidos solúveis. Entretanto, em termos de produção de frutos, maiores produtividades podem ser obtidas irrigando-se até a ocasião em que cerca de 50% dos frutos estiverem maduros.
Dentre os vários critérios existentes para o manejo da irrigação, nenhum pode ser considerado padrão nem indicado para todas as situações. Métodos clássicos que permitem um controle bastante criterioso da irrigação – como o do balanço hídrico e da tensão de água no solo –, baseiam-se no conhecimento das características fisico-hídricas do solo, das necessidades específicas da cultura e de fatores climáticos relacionados à evapotranspiração. Dependem ainda do uso de equipamentos para o monitoramento da umidade do solo (tensiômetros, blocos de resistência elétrica, etc.) ou de equipamentos para a estimativa da evapotranspiração (tanque Classe A, termômetros, higrômetros, etc.). Essas informações e equipamentos, além de não estarem, em geral, ao alcance do irrigante, exigem conhecimentos técnicos específicos para seu manuseio.
Um método aproximado e que dispensa o uso de equipamentos é o do turno de rega. A seguir é apresentada uma seqüência de passos que permitem a determinação da freqüência e da lâmina de água a ser aplicada por irrigação, em cada estádio de desenvolvimento do tomateiro. Simultaneamente, é apresentado um exemplo de sua utilização, considerando-se a seguinte situação:
° Solo: Latossolo Vermelho-Escuro, textura argilosa;
° Clima: temperatura de 20,5 °C, umidade relativa de 54% (média para o mês de julho no Planalto Central);
° Estádio: frutificação;
° Profundidade efetiva do sistema radicular: 40 cm;
° Eficiência de irrigação: 70 % (aspersão convencional).
Passo 1: Utilizando a Tabela 1, determinar a evapotranspiração de referência (ETo) em função de dados históricos de temperatura e média mensal da umidade relativa do ar, para os meses em que o tomateiro será cultivado. Esses dados podem ser obtidos no Serviço de Extensão Rural (Emater).
Pela Tabela 1, para a temperatura de 20,5 ºC e 54% de umidade relativa, tem-se que a ETo é de 6,1 mm/dia.
Passo 2: Determinar a evapotranspiração do tomate (ETc), para cada estádio de desenvolvimento, pela seguinte equação:
ETc = Kc. Eto
em que ETc é dado em mm/dia, e Kc é obtido na Tabela 2. Na fase de frutificação, Kc é igual a 0,85.
Assim:
ETc = 0,85 x 6,1 = 5,2 mm/dia
Passo 3: Determinar a disponibilidade real de água no solo (DRA), em função de sua textura, através da Tabela 3.
Para solo argiloso de cerrado, tem-se que DRA é de 0,8 mm/cm3.
Passo 4: Determinar o turno da rega (TR) para cada estádio da cultura, sendo:
x
onde TR é dado em dias, e a profundidade efetiva do sistema radicular (Z) – obtida na tabela 2 –, em cm. Para o presente exemplo e dados obtidos, tem-se que:
x
Passo 5: Determinar a lâmina de água real necessária por irrigação (LRN), pela seguinte expressão:
LRN = TR . Etc
em que LRN é dada em mm.
No exemplo em questão, tem-se que:
LRN = 6 x 5,2 = 31,2 mm
Passo 6: Corrigir o valor de LRN em função da eficiência do sistema de irrigação (Ei), de modo a obter a lâmina de água total necessária (LTN), fazendo:
x
onde LRN é dada em mm e Ei em % (Ex.: pivô-central: 80-90 %; aspersão convencional: 60% - 70%).
A lâmina de água a ser aplicada no estádio de frutificação será:
x
De modo geral, as irrigações na região do Cerrado são feitas por aspersão, utilizando-se o pivô-central. No Vale do São Francisco, usa-se a irrigação por sulco, que consiste na distribuição de água por meio de sulcos paralelos às fileiras de plantio. A água é geralmente conduzida por um canal principal, de onde é derivada para os sulcos, utilizando-se tubos plásticos denominados de sifões, com diâmetro de uma a duas polegadas. A distribuição da água pode ser feita também por tubos janelados, que possuem diversas aberturas reguláveis que permitem o controle da quantidade de água aplicada em cada sulco de irrigação.
O comprimento dos sulcos e sua declividade são determinados em função da textura do solo.
Os sulcos devem ter 15 a 20 cm de profundidade e 25 a 30 cm de largura. As maiores dimensões são utilizadas para solos de baixa velocidade de infiltração.
Tabela 1. Evapotranspiração de referência (ETo), em mm/dia, em função da temperatura e umidade relativa média mensal do ar.
Temperatura
(°C)
Umidade relativa (%)
40 a 50
50 a 60
60 a 70
70 a 80
80 a 90
10 a 15
4,6
3,8
3,0
2,1
1,3
15 a 20
5,9
4, 9
3,8
2,7
1,6
20 a 25
7,4
6,1
4,7
3,4
2,0
25 a 30
9,1
7,4
5,8
4,1
2,5
30 a 35
10,9
8,9
6,9
5,0
3,0



Tabela 2. Coeficiente de cultura (Kc), profundidade efetiva média do sistema radicular (Z) e problemas associados à irrigação inadequada nos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura do tomateiro.
Estádio de desenvolvimento(10)
Duração
(dias)
Kc
Z (2)
(cm)
Problemas associados à irrigação
Inicial
10-20
0,55
10
Irrigações deficitárias ou em excesso reduzem o 'estande'
Vegetativo
30
0,65
20 a 30
Irrigações abundantes favorecem o crescimento excessivo e a maior incidência de doenças
Frutificação
40
0,85
40
A falta de água reduz o peso e o número de frutos. O excesso favorece a maior incidência de doenças
Maturação
30
0,65
40
Irrigações neste estádio prejudicam a qualidade dos frutos e reduzem o Brix
(1) Inicial: do plantio até dois pares de folhas ou pegamento de mudas. Vegetativo: até o início do florescimento. Frutificação: até o início da maturação de frutos. Maturação: até a colheita. (2) Avaliar de preferência no próprio local de cultivo.

Tabela 3. Disponibilidade real média de água no solo para tomateiro, para diferentes tipos de solos.
Textura
Classe textural
(exemplos)
Disponibilidade real
(mm/cm3)
Grossa
Areia, areia franca
0,5
Média
Franco-arenoso
Franco, franco-siltoso
Franco-argilo-arenoso
0,8
Fina
Muito argiloso
Argila, argila-siltosa
Franco-argilo-siltoso
1,0
Obs.: Em geral, mesmo os solos de cerrado com textura fina apresentam disponibilidade real de cerca de 0,8 mm/cm3.

ERVAS DANINHAS


As áreas recém-desbravadas ou previamente exploradas com pastagens são pouco problemáticas em relação ao controle de plantas daninhas na tomaticultura. Em áreas intensamente cultivadas o controle é mais problemático devido a ocorrência e a proliferação de muitas espécies de plantas daninhas, que exercem alta pressão de competição com a cultura.
As plantas daninhas interferem diretamente no desenvolvimento do tomateiro, competindo por água, nutrientes, luz e liberando substâncias aleloquímicas, que afetam a germinação e o crescimento do tomateiro. Deve-se, por isso, evitar o plantio de tomate em áreas infestadas por espécies que possuam estas substâncias inibitórias, como a tiririca, o capim-maçambará, a grama-seda e o feijão-de-porco. Indiretamente, as plantas daninhas interferem como hospedeiras de um número grande de pragas e de patógenos que atacam o tomateiro. 
O tomateiro tem um desenvolvimento vegetativo lento nos primeiros 30 a 45 dias, ocorrendo nesse período maior interferência das plantas daninhas, principalmente em lavouras estabelecidas por semeadura direta. Após este período, e até o final do ciclo, as plantas daninhas não interferem pronunciadamente na produtividade. Entretanto, deve-se procurar manter a lavoura com menor infestação, para reduzir a população de hospedeiras de pragas e doenças e para não dificultar a colheita. Em lavouras formadas a partir de mudas, a competição inicial é menor, uma vez que as mudas são levadas a campo com 4 folhas definitivas.
O número de capinas e o uso de herbicidas dependem do grau de infestação e agressividade das plantas daninhas. 0 controle pode ser cultural, mecânico, químico ou integrado. A escolha e a eficiência de cada um desses métodos depende da natureza e interação das plantas daninhas, da época de execução do controle, das condições climáticas, do tipo de solo, dos tratos culturais, do programa de rotação de culturas, da disponibilidade de herbicidas e da disponibilidade de mão-de-obra e equipamentos. 
Primeiramente, devem-se identificar as espécies de plantas daninhas existentes na área e fazer o mapeamento anual de ocorrência, distribuição e predominância. O mapeamento é fundamental para a escolha dos herbicidas de pré-emergência (Figura 1 fase A). A população de plantas na área é dinâmica, podendo ocorrer mudanças de acordo com as práticas agrícolas usadas.
Quando ocorrer a reinfestação da área no período entre o preparo do solo e o plantio, as plantas daninhas podem ser eliminadas com uma gradagem leve ou com a aplicação combinada de herbicidas de ação de contato e ação residual de pré-emergência, após o plantio (Figura 1, fases C e D). Em áreas com baixa infestação, deve-se aplicar, preferencialmente, herbicidas de pós-emergência (Figura 1, fase F). 
Os herbicidas de diferentes grupos indicados para a cultura do tomateiro estão relacionados na Tabela 1 . A suscetibilidade das principais plantas daninhas aos herbicidas mencionados é apresentada na tabela 12.
Na aplicação de herbicidas o solo não deve conter torrões e deve apresentar teor de umidade próximo da capacidade de campo. Para adequar as doses do herbicida, deve-se conhecer os teores de argila e matéria orgânica do solo. Menores doses são recomendadas para solos com altos teores de areia e/ou baixo teor de matéria orgânica. Não aplicar herbicidas com ventos fortes, para evitar a deriva dos produtos. Uma aplicação eficiente e correta depende ainda da calibração do pulverizador e de cálculos de dosagem. Alguns herbicidas que dispensam a incorporação podem ser aplicados antes ou após o transplante das mudas. Após o transplante, o herbicida deve ser aplicado quando as mudas tiverem recuperado a turgescência. 
Deve-se destinar um conjunto pulverizador exclusivo para a aplicação de herbicidas, dotado de bicos do tipo leque. Caso o equipamento tenha sido usado para aplicar produtos a base de 2,4-D, deve ser rigorosamente lavado com detergente, pois o tomateiro e muito suscetível a esse herbicida.
Em geral, os herbicidas são mais eficientes para determinados tipos de plantas daninhas. Assim, o uso de combinações, sempre que possível, aumenta o espectro de ação. A combinação deve ser cuidadosamente planejada, para obter o máximo de controle e o mínimo de danos à cultura. Deve-se conhecer a suscetibilidade relativa das plantas daninhas e do tomateiro a cada um dos herbicidas (Tabela 2). Em geral, combina-se um herbicida que atue sobre gramíneas com outro que atue sobre plantas de folhas largas. 
O controle das plantas daninhas para ser eficaz deve ser permanente, através da integrarão de práticas culturais que reduzam a quantidade de sementes de plantas daninhas no solo, para reduzir a reinfestação.
A maria-pretinha é uma das plantas daninhas que predomina nas lavouras de tomate. Ela possui hábito de crescimento e fisiologia semelhantes aos do tomateiro, o que dificulta seu controle com herbicidas seletivos para solanáceas. Além disso, devido ao seu período de germinação mais longo, escapa do controle pelos herbicidas que tem ação residual mais curta. As plantas de maria-pretinha frutificam no final do ciclo do tomateiro e produzem grande quantidade de semente. A remoção através do arrancamento manual é sempre recomendável, para não aumentar a reinfestação e evitar a colheita de seus frutos juntamente com o tomate, evitando que o sabor amargo afete a qualidade do produto processado.


Tabela 1. Herbicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento – MAPA. (Agrofit).
Ação principal do produto nas plantas1
Produto 2
Dose (Kg ou l/ha)
Época ou modo de aplicação 3
Nome comum
Nome comercial
Ingrediente ativo
Formulação

 Aplicação isolada
Folhas largas
Flazasulfuron
Katana
(0,05 – 0,10)
0,2 – 0,7
PÓS

Metribuzin
Sencor 480 ou Lexone
(0,48)
1,0
PPI, PRÉ
Gramíneas
Clethodim
Select 240 CE
(0,8 – 0,11)
0,35 – 0,45
PÓS

Fluazitop-P butyl
Fusilade 125, 250 EW
(0,19-0,25)
1,5-2,0
PÓS

Napropamide
Devrinol 500PM
(2,0-3,0)
4,0-6,0
PPI

Quizalofop – P ethyl
Tarza 50 CE
(0,07 – 0,10)
1,5 – 2,0
PÓS

Trifluralin
Treflan ou similar
(0,58-1,15)
1,2-2,4
PPI
 Aplicação não seletiva (Manejo plantio direto)
Total, do tipo manejo plantio direto
Diquat 
Glyphosate

Paraquat
Reglone 
Roundup ou similar

Gramoxone
(0,3-0,4) 
(0,36-2,16)

(0,3-04)
1,5-2,0 
1,0-6,0

1,5-3,0
PP 
PP

PP
1 Alguns dos produtos têm boa ação em ambos os grupos de plantas. A especificidade de cada um deles encontra-se na Tabela 2.
2 Ler e seguir as instruções dos rótulos. A inclusão ou exclusão de um produto depende da validade de registro dele junto ao MAPA/ SDV/DIPROF.
3 PPI = pré-plantio incorporado ao solo entre 5 e 7 cm; PRÉ = pré-emergência; PÓS = pós-emergência; PP = pós-emergência das plantas daninhas entre o preparo do solo e o plantio ou após o plantio em pós-emergência das plantas daninhas e obrigatoriamente antes da emergência do tomateiro.





  
Tabela 2. Suscetibilidade e tolerância das principais plantas daninhas aos herbicidas registrados para a cultura do tomateiro.
 
Nome comum e científico das espécies
 
Herbicida (*)
 
1
 
2
 
3
 
4
 
5
 
6
 
7
 
Amendoim-bravo - Euphorbia heterophylla
 
T
 
-
 
T
 
T
 
T
 
-
 
-
 
Ançarinha-branca – Chenopodium album
 
S
 
M
 
S
 
T
 
T
 
-
 
-
 
Apaga-fogo – Alternanthera tenella
 
-
 
S
 
S
 
T
 
T
 
S
 
T

 
Azevém - Lolium multiflorum
 
S
 
S
 
T
 
S
 
T
 
S
 
T

 
Beldroega – Portulaca oleracea
 
M
 
S
 
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Botão-de-ouro – Galinsoga parviflora
 
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Capim-amargoso - Digitaria insularis
 
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Capim-arroz – Echinochloa crusgalli
 
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Capim-carrapicho - Cenchrus echinatus
 
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Capim-colchão - Digitaria sanguinalis
 
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Capim-coloninho – Echinochloa colonum
 
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Capim-colonião – Panicum maximum
 
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Capim-kikuyo – Pennisetum clandestinum
 
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Capim-marmelada – Brachiaria plantaginea
 
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Capim-maçambará - Sorghum halepense
 
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Capim-oferecido – Pennisetum setosum
 
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Capim-pé-de-galinha – Eleusine indica
 
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Capim-rabo-de-raposa – Setaria geniculata
 
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Caruru - Amaranthus hybridus var. paniculatus
 
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Carrapicho-de-carneiro – Acanthospermum hispidum
 
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Carrapicho-rasteiro – Acanthospermum australe
 
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Corda-de-viola – Ipomoea grandifolia
 
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Erva-de-santa-maria – Chenopodium ambrosioides
 
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Falsa-seralha – Emilia sonchifolia
 
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Fedegoso – Sena obtusifolia
 
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Grama-seda – Cynodon dactylon
 
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Guanxuma - Sida rhombifolia
 
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Joá-bravo – Solanum sisymbriifolium
 
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T
 
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Joá-de-capote – Nicandra physaloides
 
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Maria-pretinha – Solanum americanum
 
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Mentrasto – Ageratum conyzoides
 
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Mentruz – Lepidium virginicum
 
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Mostarda – Sinapis arvensis
 
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Nabiça – Raphanus raphanistrum
 
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Picão-preto – Bidens pilosa
 
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Poaia brancaRichardia brasiliensis
 
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Serralha – Sonchus oleraceus
 
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Tiririca-amarela – Cyperus esculentus
 
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Tiririca-roxa – Cyperus rotundus
 
T
 
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T
 
T
 
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Trapoeraba – Commelina virginica
 
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Trevo – Oxalis spp.
 
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T
 
T
 
T
 
T
 
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(*) 1 = trifluralin; 2 = napropamide ; 3 = metribuzin; 4 = fluazitop- P; 5 =Clethodim; 6 = Flazasulfuron; e 7 = Quizalofop – P – ethyl . 
(**) T= tolerante; S= suscetível; M= medianamente suscetível; - = informações não disponíveis. 






DOENÇAS E METODOS DE CONTROLE
 
Muitas doenças tem sido relatadas atacando o tomateiro, causando grande redução da produtividade e da qualidade do produto. O conhecimento da etiologia, da sintomatologia e dos métodos gerais de controle permite a identificação precoce e o tratamento preventivo das doenças. Para isso, recomendam-se vistorias freqüentes na lavoura, procurando identificar as anomalias como crescimento deficiente, murcha, manchas, mofos etc.
Agentes causadores de doenças:
Bactérias
Fungos
Vírus
Nematóides
Distúrbios fisiológicos
 
Doenças causadas por bactérias
  • Cancro-bacteriano (Clavibacter michiganensis subsp. Michiganensis).
 
É pouco freqüente em tomateiro rasteiro, comparativamente ao tomateiro envarado, certamente em função do menor manuseio. Os sintomas de infecção sistêmica são a murcha total ou parcial da plantas e descoloração vascular. A infecção localizada se caracteriza por queima das bordas dos folíolos, pequenos cancros cor de palha (Figura 1), facilmente observáveis nos pedúnculos, e manchas do tipo olho-de-perdiz nos frutos (Figura 2).
  • Mancha-bacteriana (Xanthomonas campestris pv. vesicatoria).
 
Esta doença é favorecida por temperaturas mais altas (20 a 30°C). Apresenta sintomas foliares bastante semelhantes aos da pinta-bacteriana (Figura 3). Nos frutos, porém, as lesões são maiores, mais claras e mais profundas que as da pinta-bacteriana (Figura 4). Também provoca queda de flores quando o ataque ocorre por ocasião do florescimento.
 
  • Pinta- bacteriana (Pseudomonas syringae pv. Tomato).
 
Também conhecida por mancha-bacteriana pequena ou pústula-bacteriana, é muito freqüente em condições de temperaturas amenas (18a 24°C) e alta umidade. Ataca toda a parte aérea da plantas. É primeiramente observada nas folhas baixeiras, na forma de pequenas manchas necróticas de coloração marrom, normalmente circundadas por um halo amarelo. Os sintomas são mais característicos nos frutos, com a formação de pontuações negras superficiais, que podem ser arrancadas com a unha (Figura 4). O ataque durante a floração pode provocar intensa queda de flores.
 
  • Murcha-bacteriana (Pseudomonas solanacearum).
 
Associada a solos muito encharcados e à alta temperatura, esta doença é mais problemática no verão e em regiões de clima mais quente. A bactéria pode permanecer por vários anos no solo. O sintoma principal é a murcha da planta (Figura 5), de cima para baixo, a partir do início da floração, permanecendo as folhas verdes. A parte inferior do caule se toma amarronzada e ocorre a exsudação de um pus bacteriano quando se faz o "teste-do-copo". O teste consiste em colocar um pedaço de caule da plantas suspeita em um copo com água. Em caso positivo, observa-se a exsudação de um pus bacteriano na água.
 
  • Talo-oco ou podridão mole dos frutos (Erwinia spp.).
 
Doenças causadas principalmente por Erwinia carotovora subsp. carotovora e por E. chrysanthemi. Esta última ocorre em locais com temperaturas mais elevadas. Essas bactérias são as responsáveis pelas podridões em tomate (Figura 6). A bactéria penetra através de ferimentos, daí a importância de controlar os insetos que provocam furos nos frutos. Requer temperatura e umidade elevadas para se tornar problema de importância econômica.
 
O controle das doenças bacterianas é feito por meio de práticas culturais como as citadas na Tabela 1, aliando-se, sempre que possível, a utilização de variedades resistentes.
   
Outros agentes causadores de doenças:
 
Fungos
Vírus
Nematóides
Distúrbios fisiológicos

Tabela 1. Principais medidas de controle de doenças bacterianas em tomateiro.
Recomendação
Doenças
Pinta bacteriana
Mancha bacteriana
Cancro bacteriana
Murcha bacteriana
Talo-oco podridão de frutos
 
1) Plantar sementes de boa qualidade e/ou tratar previamente as sementes
 
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2) Plantar cultivares resistentes
 
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3) Não plantar próximo a lavouras velhas de tomate
 
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+
 
+
 
4) Evitar excesso de nitrogênio (usar adubação equilibrada)
 
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5) Evitar ferimentos na plantas (mecânicos, insetos)
 
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6) Reduzir o volume de água e / ou melhorar a drenagem do terreno.
 
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7) Pulverizar com fungicidas cúpricos ou antibióticos
 
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8) Eliminar plantas doentes
 
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+
 
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+
 
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9) Fazer rotação de cultura
 
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+
 
+
 
++
 
+



O controle de insetos e ácaros do tomateiro não se restringe apenas ao controle químico ou biológico. Um manejo eficiente é obtido com a adoção das seguintes recomendações:
 
Adotar rotação de culturas.
 
Destruir os restos culturais imediatamente após a colheita.
 
Manter a lavoura livre de plantas daninhas e outras hospedeiras de insetos e ácaros.
 
Utilizar cultivares mais adaptadas à região.
 
Essas medidas requerem uma mudança de atitude dos produtores que, em conjunto e de forma organizada, devem:
 
Concentrar os plantios em cada microrregião no mais curto espaço de tempo.
 
Utilizar os insumos recomendados de maneira racional, coordenada e articulada, de modo que os problemas comuns à cultura sejam enfrentados por todos ao mesmo tempo.
 
Desinfestar sistematicamente os vasilhames e os meios de transporte, para reduzir as condições de disseminação das pragas entre regiões.
 
Fazer inspeções periódicas das áreas de produção, dando especial atenção às bordas dos campos e aos locais onde há maior incidência de plantas daninhas, pulverizando essas áreas.
 
Obedecer às recomendações de controle dos insetos e ácaros quanto ao produto, dosagem, horário e freqüência de pulverizações.
 
Principais Pragas do Tomateiro
Traça-do-tomateiro
Mosca branca
Ácaros
Larva minadora
Tripes
Pulgões
Lagarta-rosca
Broca grande
Broca pequena
Lagarta-militar
Burrinho
 

 
Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta)
 
Ocorre durante todo o ano, especialmente no período mais seco, quase desaparecendo em períodos chuvosos. Lavouras irrigadas por aspersão convencional ou por pivô central são menos danificadas do que as irrigadas por sulco. A irrigação por aspersão derruba os ovos, larvas e pupas, reduzindo o potencial de multiplicação do inseto.
 
Biologia
 
Os ovos são colocados nas folhas, hastes, flores e frutos. São elípticos, de cor branca, e se tornam amarelados ou marrons. As larvas eclodem três a cinco dias após a postura . São de cor branca ou verde. Após a eclosão, penetram imediatamente no parênquima foliar, nos frutos ou nos ápices das hastes, onde permanecem por oito a dez dias, quando se transformam em pupas. A fase de pupa dura de sete a dez dias e ocorre principalmente nas folhas ou no solo e, ocasionalmente, nas hastes e frutos. Os adultos  são pequenas mariposas de cor cinza, marrom ou prateada, medem aproximadamente 10 mm de comprimento e podem viver até uma semana. Acasalam-se imediatamente após a emergência, voam e ovipositam predominantemente ao amanhecer e ao entardecer.
 
Danos
 
Os danos são causados pelas larvas, que formam minas nas folhas e se alimentam no interior destas. Podem destruir completamente as folhas  do tomateiro e tornar imprestáveis os frutos , além de facilitar a contaminação por patógenos.
 
Controle cultural
 
As medidas mais eficientes de controle visam interromper o ciclo biológico do inseto, como a destruição e incorporação dos restos culturais.
 
Controle químico e seletividade de produtos
 
O controle químico é a prática mais utilizada por agricultores. As opções de inseticidas recomendados para o controle da praga estão listados na Tabela 1. As pulverizações devem ser iniciadas quando o inseto for constatado na área. No caso específico do Abamectin, sua mistura com óleo mineral na dosagem recomendada torna-o mais eficiente no controle de larvas. Considera-se bom o manejo que, ao final do ciclo, resulte em no máximo 10% de frutos danificados.
 


COLHEITA E TRANSPORTE

O período necessário para maturação dos frutos depende da cultivar, do clima da região, do estado nutricional e da quantidade de água disponível para as plantas. Plantas submetidas a estresses tendem a reduzir o ciclo. A maioria das cultivares plantadas no Brasil são colhidas com aproximadamente 110 a 120 dias após a germinação ou 90 a 100 dias do transplante
 

Colheita manual de tomate

 
A colheita manual é geralmente feita em duas etapas. A primeira, quando 70% a 80% de frutos estão maduros e a segunda, cerca de dez a quinze dias após a primeira colheita.
 
É possível realizar a colheita em uma única etapa, utilizando-se cultivares de maturação concentrada, desde que o período de maturação coincida com dias quentes e não ocorra excesso de fornecimento de nitrogênio. Pode-se também acelerar a maturação dos frutos reduzindo as irrigações após transcorridos aproximadamente 90 dias da germinação, e/ou quando cerca de 20% dos frutos encontram-se maduros. A decisão de fazer uma segunda colheita irá depender do preço do tomate e da quantidade de frutos a serem colhidos nessa etapa, levando-se sempre em conta que os custos da segunda colheita são maiores e que a qualidade do produto é inferior.
 
Se a lavoura estiver com maturação muito irregular, não se deve esperar o amadurecimento da maioria dos frutos, pois as pencas inferiores podem apodrecer. Nesse caso, faz-se a primeira colheita antes que se inicie o apodrecimento dos frutos das primeiras pencas. Na segunda colheita, parte dos frutos ainda está verde ou em fase de maturação, exigindo maior vigilância para que não se ultrapassem os limites mínimos de qualidade, principalmente quanto à presença de frutos com escaldadura, amarelados, verdes e podres.
 
Colheitas antecipadas para evitar o apodrecimento de frutos ou para destinar parte da produção para o mercado de fruto in natura têm o inconveniente de causar uma exposição dos frutos remanescentes à radiação solar direta, o que resulta em escaldadura dos mesmos, prejudicando a qualidade.
 
Quando se opta por executar a colheita em única etapa, cada colhedor deve trabalhar com duas caixas, para recolher separadamente os frutos imaturos, que devem ser mantidos à sombra por 5 a 10 dias e, depois, reclassificados.
 
A colheita deve ter início nos carreadores, procedendo-se simultaneamente o deslocamento das ramas dos carreadores para cima dos canteiros (penteamento), deixando livre o carreador para o transito de veículos e de pessoas.
 
Os operários devem ser distribuídos em grupos de cerca de 30 pessoas, comandados por um fiscal encarregado de contabilizar a produção, fazer o controle de qualidade, orientar os operários para não danificarem as plantas e controlar a distribuição da caixaria. As caixas usadas na colheita são do tipo Cruzeiro, com capacidade para 20 a 22kg.
 

Colheita mecanizada

 
Atualmente, a maior parte da colheita vem sendo feita com colheitadeira mecânica. Os equipamentos atualmente em uso no Brasil são automotrizes que cortam as plantas rente ao solo, sendo a parte aérea recolhida e os frutos destacados por meio de intensa vibração. Essas colhedeiras têm, em média, capacidade para colher cerca 15 toneladas por hora, o que corresponde a aproximadamente 3,0 ha/dia.
 
O uso de cultivares com porte determinado, com maturação concentrada e com frutos firmes contribui para o sucesso da colheita mecanizada. As cultivares mais indicadas para esse tipo de colheita devem apresentar maior capacidade de permanência em campo, folhagem sadia, frutos firmes e baixa percentagem de frutos podres ao atingirem o estádio de maturação.
 
Atenção deve ser dada para a escolha, limpeza da área e preparo do solo, que não pode conter pedras, tocos e outros objetos que possam danificar o equipamento, pois as lâminas de corte trabalham junto à superfície do solo.
 
A colheita mecanizada reduz a qualidade da produção, por causar mais danos aos frutos e resultar em maior acúmulo de impurezas junto ao produto colhido, quando comparado à colheita manual. Além disso, as colhedeiras necessitam de um bom serviço de assistência técnica e manutenção para perfeito funcionamento.
 
Do ponto de vista sanitário o uso da colheita mecanizada é vantajoso, pois diminui o trânsito de pessoal e de caixas nas lavouras, diminuindo a disseminação de pragas e doenças. A colheita mecanizada também favorece a programação da colheita, pois além de depender de um menor número de pessoas, não depende da disponibilidade de caixas de plástico para armazenamento e transporte da produção.
 

Transporte

 
O transporte do tomate nas principais regiões produtoras é feito a granel . O transporte a granel facilita a descarga nas fábricas, reduzindo o gasto com mão-de-obra, e os custos de aquisição, transporte e manuseio das caixas. Entretanto, o transporte a granel exige que a cultivar possua frutos menos sujeitos a danos mecânicos para minimizar perdas.
 
Apesar da maior parte da produção de tomate para as indústrias processadoras ser feito a granel, este meio de transporte resulta em perdas para o produtor e para as indústrias. A perda referente ao produtor é decorrente da drenagem do suco, geralmente feita antes da pesagem; e da indústria, é resultante da perda de suco de frutos amassados na água de descarga e nas piscinas.
 
Além da perda quantitativa o transporte a granel também reduz a qualidade da matéria prima, pois os frutos amassados são facilmente contaminados por fungos e bactérias.
 


Destruição dos restos da cultura

 
Imediatamente após a colheita deve-se providenciar a destruição dos restos culturais, por meio de aração, visando impedir a proliferação de pragas e doenças. Porém, antes dessa operação é necessário descompactar polo menos as faixas dos carreadores, usando subsoladores. Na indisponibilidade de equipamentos, enleirar e queimar os restos culturais.
 

Qualidade

 
O tomate destinado ao processamento deverá apresentar coloração vermelho-intenso, uniforme, sem pedúnculo, fisiologicamente desenvolvido, maduro, limpo, com textura da polpa firme e avermelhada, livre de danos mecânicos e fisiológicos e de pragas e doenças. No entanto, a presença de frutos com defeitos é tolerada dentro dos (limites estabelecidos através da portaria nº 278, de 30 de novembro de 1988, do Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento.
Além dos cuidados com a qualidade, na primeira colheita devem ser ainda observados os seguintes pontos: não colocar as caixas sobre as plantas, não revolver as plantas em demasia, não permitir que os operários transitem sobre os canteiros e se assentem sobre as plantas
Quando o transporte for feito a granel, o carregamento deve ter início quando existir uma quantidade de caixas cheias que permita completar a carga do caminhão. Essa operação deve ser feita o mais rapidamente possível, para que seja evitada compactação excessiva das camadas inferiores de frutos. O período entre o início do carregamento e a descarga na indústria deve ser o menor possível.
Ao lado da carroceria do caminhão são colocados suportes metálicos removíveis, que servem de sustentação para uma tábua de aproximadamente 60 cm de largura e 2 m de comprimento, onde ficam dois operários que recebem as caixas cheias e as derramam dentro da carroceria. É condenável a colocação de operários dentro da carroceria para esvaziar as caixas, devido aos danos por pisoteio.
Quando se realiza a colheita manual em duas etapas, na segunda colheita, parte dos frutos ainda estão verdes ou em fase de maturação, exigindo maior vigilância para que não se ultrapassem os limites mínimos de qualidade, principalmente quanto à presença de frutos com escaldadura, amarelados, verdes e podres.


PROCESSAMENTO


O sistema agroindustrial do tomate no País é caracterizado por uma cadeia agroalimentar formada por quatro segmentos funcionais, sendo a industrialização propriamente dita a que compreende a indústria de transformação primária e a indústria de transformação secundária que se integram e se complementam .
 

Transformação Primária Estrutura e Organização

 
O segmento de transformação primária, que consiste na obtenção de produtos intermediários destinados ao posterior processamento e/ou à fabricação de produtos formulados, não é padronizado, e o modelo adotado encontra-se em fase de transformação. Como parte dessas transformações, observa-se a relocação das indústrias processadoras tradicionais e a implementação de novas companhias junto às atuais fronteiras agrícolas que estão sendo abertas na Região do Cerrado, englobando Minas Gerais e Goiás.
 
A presença de pequenas empresas independentes no setor ainda não é dominante, mas as atualmente existentes têm se equipado com tecnologia moderna, visando otimizar o processo industrial, com o propósito de atender às demandas do mercado nacional e internacional.
 
A pouca qualidade da matéria-prima, a baixa produtividade agrícola e a má localização de algumas plantas industriais são os principais entraves para a melhoria do nível de desempenho do setor.
 
O Brasil apresenta algumas vantagens comparativas em relação à maioria dos países do Mercosul em termos de fatores edafoclimáticos e de estrutura de produção. Nos últimos dez anos vem ocorrendo grande evolução do segmento produtivo brasileiro, que vem abandonando um modelo com forte verticalização da produção, em detrimento de modelos em que ocorre a formação de complexos agroindustriais fornecedores de produtos semi-industrializados para as indústrias de alimentos formulados. Entretanto, o País apresenta ainda algumas desvantagens quando comparado com países como o Chile, principalmente com relação ao custo de produção.
 
Em termos de Mercosul, as atenções se voltam para a possibilidade de parcerias com o Chile, pois o Uruguai e o Paraguai não têm condições de operar, no presente momento, no segmento da cadeia produtiva do tomate. Na Argentina, o cultivo do tomate industrial não conseguiu, até o presente momento, atingir níveis de competitividade.
 
No segmento de transformação secundária (produtos acabados) vem ocorrendo grande diversificação de produtos derivados do tomate, procurando-se adequar as linhas de produtos às reais necessidades do público consumidor. Desse modo, a fabricação de produtos mais concentrados vem sendo gradativamente substituída pela de produtos menos concentrados e mais sofisticados em termos de ingredientes e de sabor, tais como sucos temperados e molhos condimentados, contendo tomate cubeteado ou triturado. Esses tipos de produtos visam atender a mercados com público mais exigente e com gosto mais diversificado.
 
O segmento de produtos acabados é complexo, pois além de atuar em área de grande competitividade em qualidade e preço, depende diretamente do desempenho do setor agrícola. Entretanto, sabe-se que o setor agrícola não tem condições de atender, em curto prazo, grandes demandas em termos de qualidade e de produtividade.
Fluxograma do Processo de produção de polpa concentrada



PRODUÇAO DE SEMENTES



A produção de sementes das cultivares mais plantadas no Brasil é feita pelas próprias companhias processadoras e por algumas instituições de pesquisa e companhias de sementes. Muitas vezes as sementes são produzidas por pessoal inabilitado e apresentam baixa qualidade. Por isso, a produção de sementes deve ser orientada por pessoal técnico especializado.
A produção de sementes exige os seguintes cuidados:
Origem da semente: Utilizar sementes básicas ou fiscalizadas provenientes de firmas idôneas, com qualidades genética, física, fisiológica e sanitária comprovadas;
Escolha da área: Preferir regiões com temperaturas amenas e de baixa umidade relativa do ar;
Isolamento: Observar a distância mínima de 20 m entre cultivares;
Espaçamento: Aumentar o espaçamento para 1,50 x 0,20 m, visando facilitar as inspeções de campo e a eliminação das plantas indesejáveis ("roguing");
Produção de Sementes Híbridas: Atualmente quase que a totalidade das cultivares de tomate destinadas à agroindústria é híbrida. Alguns procedimentos durante a produção de sementes híbridas são descritas a seguir:
  • Progenitores: Realizar a semeadura do progenitor masculino uma a duas semanas antes do progenitor feminino, garantindo assim o fornecimento pleno de pólen por ocasião da abertura das flores a serem polinizadas (progenitor feminino). Em geral, uma planta do progenitor masculino produz pólen suficiente para polinizar cinco a seis plantas do progenitor feminino;
  • Coleta de pólen: O pólem deve ser coletado de flores fechadas (estádio de botão), utilizando um vibrador, e acondicionado em micro-tubos Eppendorf. Caso haja necessidade de armazenamento do pólen por algumas semanas, os micro-tubos devem ser acondicionados em recipientes de alumínio contendo sílica gel e armazenados em refrigerador à 5°C;
  • Polinização: Flores ainda fechadas do progenitor feminino devem ser previamente emasculadas, retirando com cuidado, e com auxílio de pinça, as anteras. As mesmas são polinizadas manualmente e após, são etiquetadas ou recebem um corte nas sépalas para identificação dos cruzamentos e posterior colheita dos frutos polinizados.
Inspeções de campo: Realizar o maior número de vezes possível, e no mínimo três: 1) no estádio de crescimento vegetativo; 2) no início do florescimento e 3) no período de maturação dos frutos. Observar as características da planta, hábito de crescimento, características de flores e frutos, eliminando-se as plantas atípicas;
"Roguing": Eliminar as plantas com sintomas de doenças transmissíveis por semente e eliminar plantas atípicas (fora do padrão da cultivar). No caso de híbridos, eliminar os frutos não provenientes do cruzamento que estiverem no progenitor feminino.
Colheita: Colher somente frutos bem formados, completamente maduros, sem defeitos graves e sem sintomas de doenças. No caso de híbridos, colher somente os frutos provenientes do cruzamento.
Extração de sementes: Geralmente realizada por equipamentos específicos, que trituram os frutos e separam as sementes da polpa. A Embrapa Hortaliças dispõe de um modelo próprio de extrator, à disposição dos interessados;
Fermentação: Colocar as sementes e o líquido placentário em vasilhames de plástico ou de madeira, por um período de 24 a 48 horas, dependendo da temperatura. A remoção da mucilagem também pode ser feita pela adição de ácido clorídrico comercial a 36%, diluído em água (1:2), utilizando a proporção de 30 ml da solução para 400ml de suco de tomate, durante 30 minutos.
Lavagem: Após a fermentação natural ou tratamento químico, lavar as sementes em água corrente;
Secagem: Secar as sementes em estufas de circulação forçada de ar, à temperatura de 32 °C no início da secagem e à 42 °C no final da secagem, até atingirem a umidade de 6%, adequada para acondicionamento em embalagens impermeáveis;
Beneficiamento: Passar as sementes por máquinas de ar e peneira ou sopradores, eliminando assim impurezas, como restos de película e placentas. É interessante retirar os tricomas, que é a pilosidade que envolve o tegumento. Para isto, pode ser utilizado o "desaristador" comumente utilizado para sementes de cenoura;
Tratamento das sementes: Em condições experimentais, a mistura Iprodione + Thiram (Rovrim) e Metalaxyl (Apron), na dosagem de 200g i.a/100 kg de sementes, tem dado um bom controle do tombamento, sem causar fitotoxidez às sementes.
Avaliação da qualidade das sementes: Cada lote de semente deve ser amostrado e submetido aos testes de germinação e pureza exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. Os testes de emergência das plântulas em campo, velocidade de emergência ou o teste de envelhecimento acelerado podem avaliar o vigor das sementes. Neste último, recomenda-se o período de 72 horas em uma temperatura de 42°C. O teste de sanidade avalia a incidência de microorganismos associados às sementes.
Produtividade: A produtividade ou relação fruto/semente varia de 0,2% a 1,0%, ou seja, para cada tonelada de fruto obtém-se 2 a 10 kg de sementes, dependendo da cultivar. Resultados obtidos no CNPH indicam produtividades variando de 60 a 70 kg/ha (IPA 5, IPA 6) a 200-280 kg/ha (Calmec, Rossol).



Coeficientes técnicos


Ítem
Unidade*
Semeadura direta
Plantio por mudas
1. Insumos
Sementes
kg
2,0
0,2
Mudas
mil
-
30,0
Calcário
t
4,0
4,0
Fórmula 4-30-16
t
1,5
1,5
Nitrocálcio
kg
250,0
250,0
FTE BR-12
kg
80,6
80,6
Yoorin master
kg
400,0
400,0
Inseticida de solo
kg
30,0
30,0
Inseticidas
L
7,0
7,0
Óleo mineral
L
4,0
4,0
Fungicida
Kg
25,0
25,0
Espalhantes adesivo
L
5,0
5,0
Herbicidas
L/kg
3,0
3,0
2. Mecanização
Limpeza da Área
K/m
1,0
1,0
Gradagem pesada
H/m
2,0
2,0
Aração
H/m
3,0
3,0
Gradagem leve
H/m
2,0
2,0
Aplicação de calcário
H/m
2,0
2,0
Encanteiramento adubação
H/m
2,0
2,0
Plantio / Transplante
H/m
3,0
2,0
Colheita mecanizada
H/m
4,0
4,0
Controle fitossanitário
H/m
13,0
10,0
Transportes diversos
H/m
13,0
20,0
3. Mão-de-obra
Semeadura
D/h
2,0
-
Plantio/transplante – manual
D/h
-
14,0
Desbaste
D/h
10,0
-
Irrigação
D/h
20,0
20,0
Pulverização
D/n
15,0
12,0
Capina
D/h
5,0
5,0
Adubação de cobertura
D/h
4,0
4,0
Colheita manual
D/h
60,0
60,0
4. Energia/ Irrigação
Kwa
2500,0
2500,0
* h/m = horas de serviço de máquina





GLOSSARIO

A
Abortamento de flores – queda das flores sem formação de frutos, causada por falta de polinização ou por temperatura elevada.
Adsorção – capacidade do solo em fixar íons, de forma que o nutriente se torna pouco disponível para a planta.
Agrotóxico – defensivo agrícola; substância utilizada na agricultura com a finalidade de controlar insetos, ácaros, fungos, bactérias e ervas daninhas.
Anomalia – irregularidade, anormalidade.
Aspersão – aplicação de água ou outro líquido, em forma de pequenas gotas aplicadas simultaneamente em várias direções.
 

B
Bandejas de isopor – estruturas retangulares de poliestireno expandido (isopor), contendo furos piramidais onde são colocados substrato para produção de mudas.
Brix (graus Brix) – medida de teor de açúcares solúveis, obtida por meio de refratômetro.
 

C
Cálcio – elemento mineral essencial para o crescimento dos vegetais.
Carreador – trilha dentro da lavoura, por onde passam as máquinas para pulverização e colheita.
Cerrado – vegetação típica da região do planalto central do Brasil.
Clorose – deficiência de clorofila no tecido foliar, que se torna amarelado.
Cobertura foliar – índice de cobertura do solo pelas folhas da planta cultivada.
Consistômetro – Equipamento para medir consistência de polpa.
Controle biológico – utilização de organismos vivos para controlar organismos indesejáveis.
Controle químico – utilização de produtos químicos para o controle de organismos indesejáveis.
Coração preto – necrose interna no fruto, geralmente relacionada com deficiência de cálcio.
 
D
Desbaste – eliminação de plantas excedentes, visando uniformizar o espaço a ser ocupado por cada planta.
Deficiência nutricional – insuficiência de absorção de nutrientes.
 
E
Empulpamentoformação de pulpa, que é uma das fases do crescimento de insetos.
Encanteirador – equipamento dotado de enxada rotativa, utilizado para fazer o destorroamento e o levantamento do canteiro.
Ervas daninhas – plantas indesejáveis que crescem em um área cultivada.
Escaldadura – queimadura do fruto por excesso de temperatura, geralmente causada pela exposição excessiva ao sol.
Escleródios – estrutura de reprodução do fungo Sclerotinia, se forma dentro do caule da planta atacada e tem formato de fezes de rato.
Esclerotínia ou podridão-de-esclerotínia – doença também conhecida como mofo branco, causada pelo fungo Sclerotinia.
Estande – número de plantas por unidade de área.
Evapotranspiração – quantidade de água que se perde por evaporação, mais a água que passa pelos processos fisiológicos da planta.
F
Fertirrigação – utilização da água de irrigação como veículo para aplicação de fertilizantes.
Fotoperíodo – efeito do número de horas com luz, sobre o florescimento das plantas.
Fundo preto – mancha necrótica situada na extremidade do fruto, geralmente relacionada à deficiência na absorção de cálcio e à irregularidade no suprimento de água para a planta.
 
G
Geminivírus – doença causada por vírus do grupo Tospovirus.
Gotejamento – distribuição localizada de água de irrigação, por meio de gotejadores.
 
H
Herbicidas – produtos químicos utilizados no controle de ervas daninhas.
Híbridos – sementes produzida por meio de cruzamentos direcionados.
I
Inseticidas – produtos destinados ao controle de pragas "insetos".
Insumos – conjunto de material utilizado na produção. Exemplo: fertilizante, mudas, embalagens, combustível.
 
J
Jointless (sem joelho)- ausência da camada de abcisão no pedúnculo do fruto, o que favorece a retenção do pedúnculo na planta, destacando-se o fruto sem o mesmo.
 
L
Lâmina de água - quantidade de água aplicada por unidade de área, expressa em altura da lâmina. Um milímetro de lâmina é igual a um litro por metro quadrado.
Larva – uma das fases de crescimento de insetos.
Lixiviação – movimento de minerais no perfil (camadas) do solo, provocado pela infiltração de água.
Lóculo aberto- rachadura geralmente longitudinal profunda no fruto, relacionada à deficiência do nutriente Boro.
 
M
Manejo – conjunto de práticas que devem ser implementada simultaneamente, visando atingir o máximo de resultado. Exemplo: manejo de pragas, manejo cultural.
Maria-pretinha – uma das principais plantas daninhas encontradas em lavouras de tomate, devido às dificuldades no seu controle.
Molibdênio – elemento mineral exigido em pequena quantidade, mas essencial para o crescimento dos vegetais.
Murcha – redução na turgescência das plantas, que pode ser causada por ataque de patógenos que dificultam a circulação da seiva, por excesso de transpiração ou por falta de água no solo.
 
N
NaOH – Hidróxido de sódio.
Necrose – morte com ressecamento do tecido do vegetal.
 
Nematóides – organismos filamentosos que atacam geralmente as raízes das plantas.
 
Ninfa – Fase secundária do desenvolvimento de insetos.
 
O
Ombro-amarelo – distúrbio fisiológico relacionado com excesso de temperatura. O tecido localizado na proximidade do pedúnculo torna-se amarelado e com polpa endurecida.
 
P
Pedúnculo – pequena haste que suporta uma flor ou um fruto.
Pegamento: a) de fruto ou de flor – quando ocorre a formação do fruto, ou seja, o não abortamento da flor, b) da muda – quando a planta transplantada retoma o crescimento no local definitivo.
Pinta-preta – mancha foliar causada pelo fungo alternária.
Pivô central – equipamento de distribuição de água de irrigação.
Plantas daninhas – veja ervas daninhas.
Podridão apical – veja fundo preto.
Polpa – parte carnosa dos frutos.
Polpa concentrada – polpa triturada e parcialmente desidratada.
Pós-colheita – período que vai da colheita ao processamento.
Precipitação – volume ou lâmina de água de chuva ou de água de irrigação.
Pulverização - aplicação de líquidos em pequenas gotas.
Pulpa – uma das fase de crescimento de insetos.
 

 
R
Rachadura – rompimento da casca (periderme) do fruto, que pode ser no sentido radial ou longitudinal.
Requeima – denominação dada à doença causada pelo fungo Phytophthora infestans.
Resistência varietal - é a reação de defesa de uma planta, resultante da soma dos fatores que tendem a diminuir a agressividade de uma praga ou doença; esta resistência é transmitida aos descendentes.
Rotação de cultura – alteração da espécie a ser cultivada no ciclo seguinte ao da lavoura atual.
 
S
Semeadura ou semeio – distribuição das sementes.
Subsolagem – operação que visa movimentar camadas profundas do solo, para quebrar camadas compactadas.
T
Talo-oco – podridão no caule, geralmente causada pelo ataque de bactéria Erwinia.
Topo-amarelo – sintoma de doença causada por vírus.
Transplantadeira – equipamento utilizado para realizar o transplante de mudas.
Transplante – transferência de um planta (ex. muda) para o local definitivo.
Tratamento de sementes – aplicação de produtos que vise proteger a semente do ataque de pragas e patógenos ou melhorar sua capacidade de produzir uma planta normal.
Trichogramma – inseto utilizado no controle biológico de pragas.
 
U
Umidade relativa – quantidade de vapor de água contido no ar, medido em porcentagem em relação ao máximo de vapor que aquele ambiente pode conter (saturação).
 
V
Vermiculita – mineral submetido ao tratamento térmico para se expandir, se tornando útil no condicionamento de substrato para promover a drenagem e arejamento.
Vira-cabeça – sintoma de doença causada por vírus.
 
X
Xanthomonas – bactéria que causa manchas em folhas, flores e frutos.
 
Z
Zinco – mineral nutriente essencial para o crescimento das plantas.